A história se repete com o impeachment

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Depois de 24 anos o Brasil repete a História e vota o impeachment de um Presidente da República. Na época, durante o primeiro governo democraticamente eleito após os tenebrosos anos da ditadura militar, diziam que o impedimento de Fernando Collor era o amadurecimento das instituições e da democracia brasileira.

Cabe lembrar que o impeachment é um recurso previsto em lei, como ferramenta do sistema de freios e contrapesos e importante para a independência entre os três poderes.

Infelizmente, setores governistas, como era de se esperar, esqueceram o discurso dos últimos anos, quando diziam que a democracia estava fortalecida, dando liberdade às investigações contra a corrupção (desde que peguem apenas a oposição, claro), por exemplo. Com isso, bradam aos quatro ventos que a possibilidade de saída de Dilma Rousseff é um “golpe de Estado”, querendo comparar um processo claramente constitucional e com aval do Supremo Tribunal Federal, com os absurdos tanques nas ruas de 1964. No mínimo, uma falta de respeito com as vítimas dos anos de chumbo.

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Outro argumento utilizado pelo PT e seus apoiadores consiste na “articulação golpista” do Vice Presidente Michel Temer. Ancorados em uma necessidade pragmática de ter o maior partido do Brasil em sua chapa presidencial, é claro que há quem não goste de Temer – nada mais normal. Entretanto, o PT não sofre articulações golpistas da oposição, querendo “revanches” ou “3º turno” como pregam de maneira errada e mentirosa, apenas para confundir e enganar o cidadão brasileiro.

O erro do PT vem desde o primeiro momento em que esperavam construir um partido hegemônico, sem a necessidade de diálogos com aliados e, muito menos, com a oposição. Agarrados em seu próprio ego e soberba, os petistas jogaram para fora de campo o seu partido de chapa e confiaram em seus próprios nomes a condução (desastrosa) do país. A partir daí a economia perdeu o rumo, os conflitos com o Congresso Nacional foram cada vez mais frequentes e beligerantes. A falta de habilidade política da Presidente da República era cada vez mais notória – justificada por nunca ter sido eleita, sequer, síndica de prédio.

Se Dilma fosse, de fato, honesta, saberia a má companhia que tem. Já diz o antigo ditado “diga-me com quem andas e te direi quem és” e nisso já temos dois ex presidentes e dois ex tesoureiros do PT presos, como consequência da Operação Lava Jato, além do marqueteiro de suas campanhas.

Acuada pelo Congresso, pelo Judiciário – que suspende as nomeações de seus ministros –, pela economia e pela sociedade, Dilma agoniza em seus últimos dias antes da possível suspensão de seu mandato. Sem saber o que fazer, entra em contradição ao dizer que quer fazer um pacto de governo e, logo depois, publicando sua declaração mais belicosa até o momento, onde diz que o atual processo é golpe e que irá resistir.

Sem sombra de dúvidas, a política nacional está apodrecida, precisando renovar suas estruturas e seus quadros. Exemplo disso é a permanência de Eduardo Cunha e Renan Calheiros a frente da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente. Mas enquanto a letra da lei permitir a presença de ambos, o processo se faz de maneira legítima, legal e moral. Fora isso, qualquer tentativa de deposição de ambos, que esteja em desacordo com a legislação – como querem os governistas – é um claro golpe.

Ao fim e ao cabo, Dilma está condenada por si mesma – cavou sua cova e de seu partido. Sem nunca ter dado o braço a torcer, poderia ter arranjado soluções e ter saído da crise como uma das maiores estadistas da História. Podia ter pedido desfiliação de seu partido quando estouraram as principais denúncias de corrupção contra o PT, poderia ter enxugado a máquina pública, poderia ter realizado reformas na economia, poderia ter composto um ministério ético e decente e, principalmente, ter dialogado com o Congresso Nacional. Depois disso tudo, transmitiria confiança à sociedade, de maneira que pudesse governar sem maiores obstáculos. Mas o rabo preso com a corrupção não a permitiu e hoje encontra-se sem saída: ou renuncia, ou será tirada pelos parlamentares democraticamente eleitos pelo voto popular. Em seu lugar irá assumir um Vice Presidente igualmente eleito democraticamente pelo voto popular e em total acordo com a Constituição brasileira.

O Brasil não irá renascer das cinzas, tal como pregam alguns – muito menos com o Congresso mais conservador das últimas décadas. Entretanto, apenas o fato de termos um novo governo, já é um alívio para a economia e a transmissão de um sinal de confiança que poderá ajudar a colocar nossos rumos nos trilhos novamente. Se reformas que atinjam a população precisarem ser feitas, serão por culpa do (des) governo do PT que nos permitiu chegar aonde chegamos.

Pelo menos o brasileiro aprendeu que o voto é sua ferramenta democrática e política mais importante e que pressionar seus parlamentares pode surtir efeito quando a sociedade atua em conjunto. Podemos não sair como a fênix, mas com certeza acordamos com um aprendizado político inigualável.

E mais uma vez a História se repete e dessa vez é o PT que sai perdendo e joga sua histórica trajetória em defesa da ética e da democracia no lixo.

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