Aumento na sensação de insegurança no Rio de Janeiro

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UPP

Você se sente mais seguro hoje do que um ou dois anos atrás? Eu, pelo menos, não. E não faltam motivos, é só ler os jornais e os casos de balas perdidas, o fracasso das UPPs e por ai vai.

Mas, convenhamos, quando a política de segurança do Estado se limita a colocar uns caixotes de metal em algumas comunidades, diminuir o patrulhamentos das ruas, é o que podemos esperar. As UPPs são iniciativas excelentes, mas tornaram-se políticas de segurança e não é, nem podem ser. O número de policiais é limitado, e usar a maior parte do efetivo para policiar favelas, em especial da Zona Sul, é deixar todo o resto do Rio de Janeiro largado para os bandidos.

Digo até mais, eu já fui contrário a legalização das drogas, mas é justo com a população que na luta contra o tráfico praticamente se libere o assaltos a pessoas, residências e lojas? Aposto que você conhece ao menos uma pessoa que foi assaltada nos últimos meses e, provavelmente, a polícia não fez nada. E como faria? Eles tem de subir morro, colocar sua vida em risco, apenas para uma luta infrutífera.

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Se for para lutar que seja contra o tráfico de armas, é este que assuta e mata o cidadão do Rio de Janeiro. A droga só mata quem decide usá-la.

Hoje Cesar Maia falou sobre a sensação de insegurança em seu ex-blog e qual poderia ser a solução para ela. Mesmo que você não goste do ex-prefeito sugiro a leitura:

POR QUE CRESCE A SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA NO RIO DE JANEIRO!

Cesar Maia

1. A sensação de insegurança da população é proporcional aos roubos (subtração de coisa alheia, mediante grave ameaça ou violência). A criminalidade é medida internacionalmente pelos homicídios dolosos ocorridos. Suas altas taxas e, em especial, os casos de latrocínio (roubo seguido de morte) levam a insegurança pessoal ser ampliada pelos riscos desses casos extremos. Mas são fatos, em geral, externos às pessoas.

2. Mas a razão primária de sensação de insegurança das pessoas e das famílias são os roubos. Os manuais de segurança nas ruas indicam os riscos em função de porte de dinheiro, de joias, de celulares… Sugerem reduzir a ostentação e até usar documentos autenticados e não originais. Orienta-se sobre os locais e horas de maior risco para as pessoas. Medidas de segurança nas residenciais e lojas. Nenhum manual sugere o uso de coletes à prova de balas para se sair às ruas. Esses manuais não contêm os riscos de homicídios dolosos.

3. A percepção de insegurança, além dos níveis efetivos de insegurança, afeta a política de segurança pública com exigências, por parte das pessoas, que levam os governos a realocar recursos humanos e materiais inutilmente. Todos se lembram da epidemia de cabines da PM que contaminou o Rio nos anos 80 e 90 e que só imobilizava os policiais, fragilizando o policiamento ostensivo.

4. Depois vieram outras iniciativas que também tinham como objetivo iludir as pessoas sobre a existência de policiamento: polígonos de segurança com carros e barracas fixados em alguns locais de maior tráfego, mudanças das cores, redesenho de nomes nos carros da polícia, luzes e sirenes, torres de observação…, e por aí vai.

5. Entre 2006 (último ano do governo anterior) e 2014 (último ano do atual governo), o número de roubos mensais registrados no Rio de Janeiro cresceram 28%. Um ciclo de fracassos. Os governos do Rio e de S. Paulo alardeiam a redução dos homicídios dolosos. Na verdade, uma curva declinante que começa ainda nos anos 90 resultante da mudança do roteiro e dos corredores de remessa de cocaína para a Europa. Antes eram os portos e aeroportos internacionais de S. Paulo, Rio, Espirito Santo e Recife. Aí estavam as altas taxas de homicídios dolosos pela vinculação direta e indireta com o tráfico de drogas.

6. Mas estes corredores na ponta de recepção foram transferidos para a África Ocidental e grande parte dos homicídios dolosos foi para o Nordeste (pela proximidade com Guiné…) e a facilidade de transportar a cocaína em avionetas ou barcos de tamanho médio e traineiras.  Hoje as maiores taxas de homicídios dolosos estão nas capitais do Nordeste e não mais em S.Paulo e no Rio. As manchetes produzidas pelas secretarias de segurança do Rio e de S.Paulo, focalizadas nos homicídios, na verdade não espelhavam e não espelham o quadro epidêmico de insegurança pública.

7. A prioridade básica tem que ser em relação aos ROUBOS. É assim inclusive em tantos países de baixa violência. No Rio, o policiamento ostensivo foi desintegrado nos últimos anos. As UPPs não deixam de ser policiamento ostensivo localizado. Mas seu planejamento deve ser de tal maneira que não esvazie o policiamento ostensivo geral por falta de efetivos.  Recentemente o secretário de segurança do Rio afirmou que a PM-UPP não participará mais dos confrontos. Se ocorrerem chamará efetivos tipo choque. Um sinal facilitador para o tráfico de drogas, desde que não confrontem e não gerem tiroteios. Uma tática no mínimo arriscada e discutível, já que esses ocorrem exatamente pela existência do tráfico de drogas no varejo e disputas de controle de pontos.

8. A retirada total da PM do Trânsito tem sido outro erro quando se sabe que essa presença tira a mobilidade do crime, permitindo o bloqueio em tempo real dos corredores ou áreas onde for necessário. Nos países em que o uso das motocicletas é generalizado, como Itália e Brasil, o crime organizado se beneficia disso e ganha mobilidade por dentro dos engarrafamentos que bloqueiam as viaturas policiais.

9. É urgente que o policiamento ostensivo volte às ruas do Rio. A falta de efetivos não é justificativa. Modelos de patrulhamento em grandes cidades em países ricos, em bairros mais violentos, certamente ajudarão. Ou mesmo aqui perto no Chile com os Carabineros. A convergência de funções primárias entre polícias civil e militar relativas ao início do processo de investigação, a presença preventiva de Guardas Municipais, etc., podem ajudar. Visitar os sistemas de patrulhamento remoto de Chicago e Londres é urgente para entender por que aqui as câmeras nas ruas não têm função preventiva ou ativa. Bem, isso tudo é urgente!

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