Carioca da Semana: Pedro Paulo Bastos, do "O passeador tijucano"

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Administrador público formado pela UNIRIO, com especialização em Política e Planejamento Urbano, e atualmente curso mestrado em Planejamento Urbano e Regional no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ), Pedro Paulo Bastos ocupa o cargo de pesquisador assistente no Observatório das Metrópoles, um instituto de pesquisa com sede na UFRJ e dedicado a estudar questões sociais das metrópoles brasileiras.

O Passeador Tijucano

Pedro Paulo gosta tanto de analisar a cidade e suas ruas que até suas atividades extras estão ligadas a essa prática. Atualmente, ele coordena a página o “O passeador tijucano” e anteriormente, Pedro administrava outro projeto similar.

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Antes de escrever ‘O passeador tijucano’, criei em 2009 o blog ‘As Ruas do Rio’, que, após certa repercussão positiva, virou uma espécie de apêndice do site da revista Veja Rio, em 2011. O ‘As Ruas do Rio’ surgiu a partir do interesse em contribuir com a memória visual da cidade, mas fugindo das paisagens estereotipadas e turísticas da zona sul ou do Centro. A ideia era adentrar ruas residenciais ou comerciais de diferentes bairros fotografando-as para a posteridade e aliando essas excursões com crônicas descritivas. Hoje esse projeto está paralisado, em primeiro lugar, por falta de tempo em ‘ir a campo’, mas também porque foram seis anos me dedicando a ele. No momento, estou refletindo a respeito de um novo formato e/ou plataforma para o ‘As Ruas do Rio’ de modo com que eu possa encerrar tal ciclo. É um trabalho que, modéstia à parte, ficou bem legal pela qualidade, mas também pela quantidade de ruas catalogadas, que foram fotografadas de ponta a ponta: cerca de 100, ao todo” conta.

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Toda essa vontade de observar, admirar e estudar as ruas do Rio de Janeiro surgiu de forma inusitada, revela Pedro:

Por algumas questões, comecei a andar e pegar ônibus sozinho com pouca idade, quando tinha 10, 11 anos de idade. Então tinha que me virar de algum jeito. Sempre tive um senso de curiosidade bastante aguçado, o que me estimulava a olhar mapas, estudar itinerários de ônibus, essas coisas. Na medida em que eu cruzava a cidade de ônibus, olhava atento às paisagens e percebia as diferenças arquitetônicas entre bairros, as disparidades socioeconômicas, o perfil de serviços etc. É claro que, inicialmente, eram todas impressões infantis que foram amadurecendo ao longo dos anos conforme eu fazia novas caminhadas, novas leituras, novos amigos morando em lugares “longe” de mim. Fiquei encantado com essas percepções e acabei canalizando esse interesse em projetos pessoais e na minha atual formação profissional

Rua Conde do Bonfim, por Pedro Paulo Bastos

“O passeador tijucano” surgiu, primeiramente, no final de 2011, mas na época não teve continuidade. Três anos mais tarde, em 2014, quando Pedro ficou com o tempo apertado para tocar o “As Ruas do Rio”, regressou ao “passeador”: “Surgiu da necessidade de continuar discutindo e trabalhando com o Rio de Janeiro, mas numa escala menor, de vizinhança. ‘O passeador tijucano’ dá menos trabalho que o ‘As Ruas do Rio’, então consigo conciliá-lo nesta fase de pouco tempo para hobbies. Frise-se, também, é claro, que ‘O passeador tijucano’ tem grande apelo afetivo por tratar do bairro onde moro, a Tijuca. Todo tijucano tem um lado acentuadamente bairrista, o que faz do ‘O passeador’ um projeto, portanto, bastante sentimental – digamos assim. O diferencial, entretanto, é que, no ‘O passeador’, trabalho com pesquisa de fato em muito do que publico. Hoje em dia sou acadêmico, então acaba sendo um ligeiro reflexo da minha própria profissão” pontua Pedro.

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Muito se reclama da locomoção na cidade do Rio de Janeiro. Pedro Paulo Bastos, que estuda de perto esse assunto, fala sobre a questão:

O Rio enfrenta problemas gravíssimos de locomoção. Muito embora, recentemente, tenhamos avançado bastante na difusão de novos modais, como o BRT, na ‘expansão’ do metrô para a Barra e na instalação dos futuros VLTs do Centro, falta uma discussão mais qualitativa sobre esses avanços e projetos. Em primeiro lugar, há uma evidente priorização em otimizar custos e maximizar lucros, o que impacta consideravelmente a prestação de serviço e o atendimento ao interesse social. A insatisfação com o traçado do metrô, por exemplo, eu arriscaria dizer que é unânime; não há projetos de linhas transversais nem mesmo linhas que cruzem a montanha. Um passageiro que sai da zona norte tem que percorrer todas as estações do Centro até chegar à zona sul – e vice-versa. As limitações do Bilhete Único, que não permite integração gratuita entre modais, também é um aspecto negativo para uma grande metrópole como o Rio. O ponto mais grave, em minha opinião, é a integração precária da cidade com a sua periferia e região metropolitana, sobretudo com a Baixada Fluminense. Os projetos de melhoria em mobilidade urbana se circunscrevem aos limites municipais, quando, na verdade, existe uma malha urbana muito extensa para “além” dos nossos limites que depende diretamente do Rio. Reclama-se muito do tráfego pesado e do excesso de ônibus na zona sul, embora eu acredite que os problemas de deslocamento na periferia sejam mais graves e mais urgentes de integração e melhorias” opina.

Pedro Pualo Bastos - Instituo Moreira Sales

Olhando para o caminho que vem à frente, Pedro pensa no futuro pessoal a profissional: “No momento, estou imerso no meu curso de mestrado e com o trabalho, mas, como comentei, estou desenvolvendo um novo formato de veiculação para o “As Ruas do Rio”. Possivelmente consistirá na reorganização de todo o material acumulado nesses seis anos de trabalho, com página individual e sistema de compartilhamento. Ainda estou idealizando” encerra.

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1 COMENTÁRIO

  1. Gostaria de fazer uma crítica ao trabalho de Pedro Paulo Bastos na crônica da Veja Rio a respeito da rua Almirante Tamandaré. É preciso sofisticar o olhar porque a rua descrita teve alguns de seus prédios de inspiração art déco fotografados e o comentário não deu conta de ressaltar isso. Aliás, a rua começa com art déco para o lado da Praia e termina com o mesmo estilo na esquina com a rua do Catete. O prédio nº 50 é de estilo modernista e tem mosaicos de um carioca nascido nos anos 1920 que fez trabalhos em alguns prédios no RJ e depois foi trabalhar em SP e MG como professor de artes. Tendo inclusive colaborado com Portinari. Por fim, existe sim uma casa, contrariamente ao que diz PPB: o bar que o autor fotografou lateralmente é o único sobrado da rua.

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