Crítica: Trainspotting 2: uma viagem nostálgica

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Não sou da geração que se identificou de pronto com Trainspotting, afinal, à época do lançamento do filme eu tinha seis anos de idade. Pelo contrário, lembro-me de sinceros espasmos de angústia quando o assisti anos depois. Mesmo tendo lido ‘Eu, Christiane F. 13 anos, drogada e prostiuída’(e visto o filme), acompanhado a história do movimento punk e, de certa forma, ter me familiarizado com o universo macabro da heroína e cocaína nos anos 80 e 90 através de livros, filmes e da música, é difícil sair ileso desse universo, mesmo que a sua participação tenha sido de forma indireta.

Em T2 somos reapresentados aos mesmos personagens do primeiro filme, Ranton (McGregor), Simon (Lee Miller), Spud (Bremner) e Begbie (Carlyle), 20 anos depois. Claro que a história giraria em torno do que a vida fez com o destino de cada um dos destemidos e irreverentes adolescentes e a perspectiva acaba não sendo nada boa. Simon leva a vida como chantagista em parceria com a namorada enquanto Spud ainda é totalmente dependente da heroína e Begbie envelhece na prisão. Ranton retorna a cidade depois de 20 anos sem dar notícias aparentemente sendo o mais bem sucedido de todos, porém aos poucos se descobre que não é bem assim. Mal visto por todos os amigos, exceto por Spud bom coração, por ter roubado a grana (como vimos em Trainspotting 1), ele precisa agora reconquistar o melhor amigo Simon e dar um novo rumo pra sua vida.

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O retorno de Ranton pra cidade faz o grupo perceber que ainda partilham do mesmo sentimento de incapacidade de levar uma vida “normal” e a mesma velha angústia de não saber lidar com os problemas atuais. Se antes a válvula de escape e o grito de liberdade vinham da heroína, pra onde correr hoje? Se antes a apatia, o conformismo e a anestesia para uma vida sem sentido vinha através do consumismo e do padrão de vida ideal (“escolha um trabalho, escolha uma carreira, escolha uma família, escolha uma máquina de lavar, carros, aparelhos eletrônicos, escolha uma boa saúde…”) hoje esse vazio, que não deixa de existir, é canalizado através da internet e do mundo globalizado (“escolha estar conectado, escolha Facebook, Instagram, Snapchat…”).

Embora a continuação seja um presente para a geração Trainspotting, a narrativa é demasiadamente nostálgica e não sai do lugar. À exceção do personagem Spud, não são reveladas grandes surpresas e o trunfo do filme é o mesmo do primeiro: a dinâmica psicodélica de Danny Boyle. Forçaram tanto a barra em saudar e relembrar o passado em diversas tomadas com referências ao primeiro filme que nos leva a pensar que eles não acreditaram na capacidade do público de lembrar o que viu.

Trainspotting 2
Diretor: Danny Boyle
Elenco: Ewan McGregor; Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Kelly Macdonald, Robert Carlyle
Duração: 117 min
Classificação: 16 anos

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Carioca, apaixonada por cinema, gastronomia, viagens, livros e sua família. Troca qualquer balada por uma sessão de cinema e adora o gênero drama, pois assim consegue se esquecer dos seus próprios. Se emociona em todas as aberturas dos filmes (até os do Adam Sandler. Mentira!) Administra a página @oquefazernorio no Instagram e Youtube e a página @ondecomernorio com dicas gastronômicas da Cidade Maravilhosa!
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