De onde vêm as dores de Maria!

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Heart por Nova031

As relações amorosas não são politicamente corretas. Isso está colocado para todos os níveis socioeconômicos. De alguma maneira, o que mantem um casal tem relação direta o desejo que os uniu. Este desejo é determinado pela história subjetiva de cada um, isto é, a vida edípica das crianças que teriam sido.

Para explicar de modo simples, cada um de nós está comprometido com cenas marcadas, profundamente, no nosso inconsciente. Essas cenas que não temos lembranças retornam em representações da vida adulta. O problema é que estamos fixados à situações das quais não temos compreensão, justo porque elas estão referidas a momentos da nossa infância, onde as teríamos sofrido passivamente. Quer dizer que elas restam incompreensíveis e fortemente fixadas, obrigando-nos a fazê-las retornar, na tentativa de compreendê-las. Talvez, por isso, seja tão frequente sujeitos intelectualmente bem informados no entanto, incapazes de lidar e ou reagir a cenas de violência.

Muitos são os fatores que contribuem para que uma relação seja respeitosa,  civilizada, com respeito mútuo entre os implicados. Brigas, mal-entendidos, desavenças, barracos, tudo habita isso que faz parte da vida cotidiana dos casais em todas as classes sociais. Tem-se um pouco de tudo e, as vezes, excessos. Os humanos estão fadados à insensatez, sempre a beira de um ataque de nervos.

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O encontro amoroso é uma penumbra que se deixa rasgar pela insolência fortuita de um gozo sexual que não é simpático às regras estabelecidas pela vida pública. Em todo caso, isso é angustiante para um casal, pois é o que produz uma magistral erosão nas inocências não nascidas que acompanha cada um de nós. É daí que brotam os desejos insensatos, insubmissos a toda e qualquer norma preestabelecida. No entanto, isso produz, uma verdadeira catástrofe de onde emanam sinais evidentes de uma subversão da ordem moral: “Meu Deus, estou casada com um monstro, e nem mesmo eu sabia!”. “Mas estou casado com uma louca, como nunca enxerguei isso?”

Seja como for, toda relação amorosa é aquela que carrega consigo o melhor e o pior. Qual a justa medida do amor entre duas pessoas, quais os reais limites de algumas emoções, por vezes desvairadas?

Numa relação a dois, o amor é tinto de impurezas. Ele é celeiro de uma verdade particular, algo íntimo habitado de emoções rebeldes, de sentimentos distorcidos, de caprichos insensatos, de quebras dos parâmetros da lei. Vidas, muitas vezes doentes, paixões cruéis, amores desgraçados. Muitos casais vivem como se estivesse numa arena onde um bate e o outro, apanha. Violências temperadas de tolerância. Por quê?

O discurso público nos oferece critérios do que deve ser uma relação civilizada, suportável, mas ele não tem como garantir os meios para cumpri-la, porque não é certo que ele seja incluído na cena privada de cada um: o privado do casal é sempre invadido pela cena privada, inconsciente, de cada um. Há um distúrbio na relação entre o público e o privado, a despeito das boas intenções de cada um. Algumas pessoas mantém uma relação pacífica com a lei outras, vivem conflitos arrasadores com a lei. O público não funda o privado mas, a recíproca, é verdadeira: o privado funda o público. Os meios para que se cumpram as leis advém do erotismo entre um homem e uma mulher, daquilo que funda a relação entre os pais de uma criança. Isso que esta desconhece e que, no entanto, se reflete e a fixa na cena infantil e familiar. É daí que advém o enigma de certos comportamentos na vida adulta, de sujeitos conflitados com aquilo que acham politicamente correto e aquilo que são impelidos a fazer; seja vítima ou algoz, todos estão vitimados por aquilo que desconhecem no que fazem.
O que se espera de um casal é que faça prevalecer o bom uso da palavra. Isso equivale dizer que o sexo deve se realizar, tanto em sua vertente real quanto politica, desprovido de pudor e meios termos. Isso se chama respeito entre homem e mulher!

Mas nem sempre é possível. Duas pessoas se conhecem, tornam-se íntimas, os sentimentos ficam à flor da pele, invasões de domicílio. Na intimidade, não existe lobo sem cordeiro denunciando, que não existe um sem o outro, amor e ódio convivem muito bem. Tudo são reedições do desconhecido da vida inconsciente, que vivem sem fronteiras. São vidas amargas, nossos amores desgraçados, o drama de cada dia. Basta olhar as relações cotidianas entre as pessoas, sejam casais, irmãos, amigos, colegas, etc.. É isso aí!

Veja no próximo domingo “As Dores de Maria”. Um emocionante relato sobre os sofrimentos de uma mulher, torturada por mais de seis anos, e que deu nome à Lei Maria da Penha.

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