Quem ainda não viu no Museu de Arte do Rio – MAR a exposição, A cor do Brasil, que traça a trajetória da arte brasileira desde o período colonial até o século XXI, tem de correr, ela acaba neste domingo, 15/1 A mostra teve o maior número de visitantes em 2016 – somente em agosto foram mais de 60 mil, impulsionados pela presença das obras “Abaporu” e “Antropofagia”, de Tarsila do Amaral. A Cor do Brasil reúne mais de 300 peças, vindas da Argentina, do México e de outras 12 instituições espalhadas pelo Brasil, que cederam parte de seus acervos para a montagem da mais completa antologia da cor já apresentada na cidade do Rio de Janeiro.
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O percurso é formado por obras-primas que vão de Frans Post – um dos mais importantes artistas neerlandeses, que no século XVII participou de expedição pelo nordeste do Brasil – a Tarsilado Amaral, considerada a primeira dama do modernismo nacional e autora de Abaporu (1928) e Antropofagia (1929), pinturas mundialmente conhecidas que retornam à cidade pela primeira vez desde o começo do século XX. O público também tem a oportunidade de apreciar o elogio da beleza nas cores de Eliseu Visconti e Beatriz Milhazes.
A exposição é dividida em três galerias. A primeira delas, intitulada A transformação da luz e do ambiente ecológico em cor, é dedicada à visão sintética da paisagem. Retratos, paisagens e naturezas mortas cedem espaço para uma seleção do melhor do impressionismo no Brasil, enquanto a base filosófica da mudança de conceito pode ser compreendida a partir do desafio lançado por Graça Aranha, que incentivou os artistas na transformação de luz em cor e do ambiente ecológico brasileiro em sensações plásticas. No mesmo ambiente, a cronologia segue para mostrar a modernidade introduzida por Anita Malfatti, Guignard, Goeldi, Portinari, Ismael Ney, Lasar Segall,Antonio Gomide e Flavio de Carvalho, entre outros. A segunda sala, Modernidade e Autonomia da arte, é formada por diversos núcleos significativos.
O grupo formado por Henrique Bernardelli, Bruno Lechowski, José Pancetti, Milton Dacosta, Quirino Campofiorito e Joaquim Tenreiro retrata a emancipação do regionalismo em prol da vontade de pintar. No mesmo espaço, há ainda núcleos formados pelos concretistas de são Paulo – Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux, Geraldo De Barros, Hermelindo Fiaminghi, Luis Sacilootto e Judith Laund; os neoconcretos – Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Aluisio Carvão, Decio Vieira, Willys de Castro, Barsotti e Osmar Dillon; os gestuais – Bandeira, Shiró, Tomie Ohtake, Mabe e Iberê Camargo; assim como parte da cena da cor no Rio formada por Eduardo Sued, Manfredo Souzaneto e Gonçalo Ivo.
Na terceira e última sala, Opinião, Tropicália, Geração 80 e Cor do Século XXI, o foco se torna Cor do Rio, a partir de movimentos ocorridos na cidade: as mostras Opinião e Tropicália, a Sala Experimental do MAM e Geração 80. Para retratar a extensão do tema da cor no Brasil nas últimas seis décadas, é feita uma reunião das obras de Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Carlos Vergara, Roberto Magalhães, Rubens Gerchmann, Wanda Pimentel, Tunga, Anna Bella Geiger, Katie van Scherpenberg e José Maria Dias da Cruz, professores da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Alcançando o século XXI, é realizada uma revisão da ideia do “nacional”, que tem na bandeira seu maior ícone. A exposição retoma as implicações e projetos políticos da cor na atualidade, indagando se existiria uma cor afro-brasileira na arte.
Destaques da mostra, por Paulo Herkenhoff
Tarsila do Amaral – A tela Abaporu é emblemática do modernismo da Antropofagia, revela a cultura que absorve todas as contribuições em linguagem própria. De Buenos Aires veio o famoso Abaporu (1928), obra chave da modernidade brasileira, além de Antropofagia (1929), de igual significado;
Grimm e Castagneto. Dois fundadores da arte brasileira são apresentados por paisagens que demonstram a sabedoria da cor;
Eliseu Visconti. A excelência do sábio pintor com cores cantantes;
Anita Malfatti. Como compreender o impacto da obra de Malfatti no modernismo. Seu núcleo tornará visível suas audácias na forma e na cor;
Três pintores estão representados por suas obras magnas: Antonio Gomide com o Retrato de VeraAzevedo (final da déc. 1920); o Autorretrato (1927), de Ismael Nery, no qual ele se representa entre o Pão-de-açúcar e a Torre Eiffel; e o dramático e monumental Navio de Emigrantes (1939) de Lasar Segall.
Volpi. O grande artista da cor brasileira é apresentado por um conjunto delicado de telas dos anos 50 e 60, a maioria nunca exposta no Rio.