Uma estátua foi colocada no centro do Largo de São Francisco da Prainha, no bairro da Saúde, a poucos metros da Pedra do Sal e do Cais do Valongo – pontos do Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana – para homenagear Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que faleceu há três anos.
Mercedes nasceu em 1921 em Campos dos Goytacazes (RJ) e veio ainda jovem com a mãe costureira morar na cidade do Rio de Janeiro. Trabalhava como bilheteira de cinema quando descobriu a arte da dança.
“Ela frequentou a Escola de Dança da bailarina Eros Volússia, que investigava danças populares para criação de balé erudito brasileiro. Aluna de Yuco Lindberg, ingressou na Escola de Ballet do Theatro Municipal e, aprovada por concurso, passou a integrar o corpo de baile oficial. Estudos mostram que enfrentou muito preconceito por ser negra, deixando de ser selecionada por diversos diretores para compor elenco de espetáculos”, informa o portal do Museu Afro Brasil.
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A bailarina militou pelo reconhecimento e integração de atores e dançarinos negros no teatro brasileiro com o “Teatro Experimental do Negro”, fundado por Abdias do Nascimento, ao lado de artistas como Ruth de Souza, Haroldo Costa e Santa Rosa.
Mercedes Baptista ganhou, de Katherine Dunham, antropóloga matriarca da dança negra norte-americana, uma bolsa para estudar em sua companhia nos Estados Unidos. Em 1953, quando voltou, Mercedes criou o próprio grupo em parceria com o pesquisador Edson Carneiro, o Ballet Folclórico Mercedes Batista, com proposta de dança ligada à cultura afro-brasileira. Com esse projeto, viajou o mundo todo.
A artista introduziu, ainda, sua dança nos desfiles de escola de samba. No Salgueiro, foi coreógrafa da Comissão de Frente, mudando a concepção dos desfiles, que passaram a adotar alas coreografadas.
A influência de Mercedes levou à criação da disciplina Dança Afro-Brasileira na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.