Museu do Amanhã – cidade de ontem?

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Mar de lixo no Museu do Amanhã

No último domingo resolvi visitar com minha namorada a nova Praça Mauá e o Museu do Amanhã. Já imaginávamos que seria impossível entrar no museu, compreensível por toda mídia que ele recebeu, mas esperava um agradável passeio de verão. Belo engano.

A saga para parar a moto

Decidimos ir de moto e começamos a sentir o sabor da cidade maravilhosa já nas imediações da praça. A (aparentemente) única rua de acesso para veículos estava inacabada. Era só terra e pedra, nada de asfalto. Fomos seguindo com a moto, no melhor estilo “Rali dos sertões”, até um estacionamento privado, (aparentemente) a única alternativa de para-la direito.

Ao tentarmos entrar descobrimos que motos não eram permitidas no estacionamento. Como não havia ninguém para orientar sobre uma alternativa razoável, resolvemos seguir o rali pela rua inacabada até a Praça e lá paramos a moto em qualquer canto. Estacionamos o veículo na calçada e seguimos o passeio.

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A saga para comer

Museu do Amanhã lotado

Ao constatarmos, sem muita surpresa, que a entrada no Museu do Amanhã mais parecia a do Maraca nos bons tempos, nos dedicamos a buscar algo para comer. Avistamos umas barraquinhas que vendiam acarajé e entramos na fila. De pé no sol de quase janeiro, notamos que a tia baiana demorava uns 5 minutos pra fazer cada quitute – que era vendido pelo preço “promocional” de R$ 15. Considerando a quantidade de pessoas na nossa frente, o sol e a velocidade da produção, buscamos uns food trucks perdidos no canto da praça.

Dos cinco food trucks três deles não tinham comunicação visual direita. Era difícil saber o que vendiam e mesmo se vendiam alguma coisa. Os dois que tinham uma proposta visível estavam, claro, lotados. Era rezar para ser atendido, depois rezar para conseguir um  banquinho de plástico e por fim rezar para o humilde sanduíche chegar. Ficamos nos perguntando porque não haviam ali 10, 15, 20 food trucks, já que espaço e público não eram problemas. Para evitar stress, resolvemos ir no café do térreo do Museu de Artes do Rio, o MAR.

Chegamos no Cristóvão Café e Bistrô já com expectativa baixa: queríamos apenas um bom sanduíche e ar-condicionado. Batemos na trave. O ar estava ótimo, mas o sanduíche que pedimos veio sem a prometida maionese e com uma carne horrível. Para completar, a batata-frita que seria acompanhamento estava em falta – o que só foi avisado dez minutos depois de acabarmos o sanduíche. Pelo menos o dono nos isentou de pagar a conta.

Para finalizar o “incrível” programa, ainda tivemos uma pequena saga no MAR: ao procurar o restaurante do terraço do museu, seguindo orientação errada do segurança, entramos no prédio errado e ficamos um tempo perdidos. Por alguma razão a rampa que liga os edifícios estava fechada e depois de muito procurar achamos no térreo um elevador que nos levou ao terraço, onde pudemos finalmente ver a vista (a única parte boa do passeio).

Conclusão…

Sai de lá com um pouco de vergonha da cidade. A Praça ficou muito bonita, assim como o Museu do Amanhã, e a vista é incrível. Mas que tipo de experiência proporcionamos aos visitantes? Porque a rua de acesso estava inacabada? Porque não tinha onde colocar moto? Porque não haviam inúmeras opções de comida de rua? Porque o Cristóvão Café e Bistrô não se preparou para um dia em que obviamente teria muito movimento?

As perguntas são muitas. A impressão que fico é que a cidade é naturalmente tão linda e tão amada que não se esforça para proporcionar uma boa experiência para quem a visita. Quase um “Quer me aproveitar? Então se vira!”. Parece que fazemos tudo pela metade.

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Marcos é carioca e formado em Jornalismo pela PUC-Rio. Trabalhou com empreendedorismo desde a faculdade, coordena a ONG PECEP e trabalha no Instituto Phi. No tempo livre, gosta de ler e praticar esportes. Seus livros preferidos são “A revolução dos bichos”, “Amor nos tempos do cólera” e “O banqueiro dos pobres”.
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