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Violencia Rio de Janeiro

José Mariano Beltrame é secretário de segurança do Rio de Janeiro desde 2007. São quase nove anos em que ele repete o mesmo mantra: polícia é importante, mas não vai resolver a segurança do Rio de Janeiro.

Neste sábado, dia 25, morreu Gisele Palhares Gouvêa, médica, baleada após tentativa de assalto na Linha Vermelha. Mais uma morte. Mais uma família desfeita. Mais um enterro. Mais um. Mais uma. Mais um. Mais uma. Daí vem a opinião pública doida por uma bala de prata pra resolver a questão:

Ah, mais se tivesse mais policiamento...”.

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Qualquer pessoa que circula pelo Rio sabe que é humanamente impossível ter um carro de polícia em cada esquina, ainda mais numa cidade de geografia acidentada e traçado tão irregular. Não dá, nem vai dar nunca. O próprio José Mariano Beltrame repete isso sempre!

Mas se não tivesse tanto bandido na rua...”

O Brasil tem quase 700 mil presos! Um de cada 200 brasileiros em idade adulta, aproximadamente, está atrás das grades. O quarto maior número do mundo, atrás apenas dos EUA, da China e tentando ultrapassar a Rússia. Em 25 anos, esse número cresceu mais de 7 vezes! No mesmo período, a taxa de homicídios também aumentou – 124%. Ou seja, a correlação “aumento de prisões x diminuição de violência” simplesmente não existiu.

Aaaaaah, mas então você acha que não precisa ter polícia na rua??

Claro que precisa!

Aaaaaah, mas vai dizer que não tem que prender bandido??

Tem sim, claro!

Então…

Então, que nada disso vai resolver o problema da segurança pública, como não vem resolvendo há 25 anos.

Mas eu pago meus impostos, sou um ‘cidadão de bem’ e até votei no cara que prometia mais segurança! O que eu tenho a ver com isso tudo?

Você tem tudo a ver com isso! A cidade é sua, as virtudes dela te pertencem e dão orgulho e os problemas também são sua responsabilidade. Enquanto acharmos que a culpa da violência é “deles” (seja dos bandidos, dos políticos, dos bandidos-políticos, dos políticos-bandidos, etc.) e que nosso papel se resume a não sermos atingidos pelas consequências, seguiremos nesse faroeste da Guanabara.

Na minha humilde opinião, a chave para diminuir a violência está na prevenção. E é aí que você entra! A você, como cidadão, cabe buscar os canais para saber como atuar preventivamente. E existem muitos! Você pode se envolver com projetos sociais, buscar iniciativas governamentais, protestar, organizar movimentos, ir para rua e criar iniciativas em prol de quem passa necessidade, conversar com seu vereador ou seu deputado para saber o que eles fazem nessa área… Enfim, os caminhos são incontáveis!

A médica assassinada sábado na Linha Vermelha é mais uma, mas não pode ser apenas uma a mais. Cada vida que se vai – e só hoje se foram mais quatro, segundo as estatísticas – é um menino que gostava de soltar pipa, uma mãe de família, um idoso que finalmente havia conseguido se aposentar, um jovem perto de ser o primeiro da família se formar… e por aí vai.

É importante entendermos que temos, sim, responsabilidade nisso. A repressão é parte da solução, mas sozinha não vai resolver. Como responsáveis, temos o dever de buscar soluções e de agirmos! Você pode arrumar argumentos incríveis que justifiquem a inércia. Construir muros psicológicos, barreiras reais, blindar o carro ou até mudar de cidade. Mas terá sempre uma parte exposta, e algum dia o faroeste da Guanabara pode invadir sua praia!

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Marcos é carioca e formado em Jornalismo pela PUC-Rio. Trabalhou com empreendedorismo desde a faculdade, coordena a ONG PECEP e trabalha no Instituto Phi. No tempo livre, gosta de ler e praticar esportes. Seus livros preferidos são “A revolução dos bichos”, “Amor nos tempos do cólera” e “O banqueiro dos pobres”.
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