O Rio perdeu o Bonde

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Símbolo do charme de Santa Teresa, contra tudo e contra todos, o bonde sobreviveu. Sua simbiose com os Arcos da Lapa, fez com que um tornasse o outro indispensável, salvando aquele pedaço da história da cidade de um destino que levou embora o resto dos trilhos do bonde e do aqueduto carioca, que deram origem à cada peça do conjunto atual.

E agora, um novo capítulo se escreve, e com R$ 20,00 em letras garrafais. Um valor que o Governo do Estado alega ser para manutenção de um sistema caro, mas que pode quebrar o turismo e comércio de uma região que já trabalha com dificuldade o seu enorme potencial para a economia criativa, principalmente nos pilares cultura e turismo.

Mesmo que os moradores de Santa Teresa sejam poupados dessa tarifa absurda, um valor excessivo inibe o engajamento do restante da população carioca nas atividades artísticas e culturais que são a alma deste bairro boêmio da região central da cidade. Corre o risco de esvaziar os hostels e hotéis, que acabaram de ficar caros, não pelas tarifas de hospedagem, mas pelo custo extra de quarenta Reais em cada passeio que o visitante for fazer pela cidade.

Enquanto em diversos lugares do mundo a preocupação é com a integração de áreas distantes às áreas centrais da cidade, para que essas áreas possam explorar suas próprias vocações econômicas e se desenvolverem, o bonde carioca parece ir na contra-mão, e infelizmente ladeira abaixo.

Não podemos negar que o turismo é importante para cidade, talvez seja nossa principal vocação, mas a cidade não pode ser só para turistas. Diversas experiências mostram que não adianta criar um cenário falso, o visitante quer o charme carioca, assim como nós buscamos a originalidade de cada lugar.

Por isso, a solução, não deve ser recuperar esse custo de manutenção na passagem para um bairro que já oferece problemas de acesso, mas trabalhar o produto de forma criativa e inteligente. É preciso que o Governo comece a pensar de verdade no bonde, mas não só como um meio de transporte, mas como uma marca comercial, pensar em um bonde para turistas, mas que explore comercialmente muito mais que o trajeto, ofertando experiências, pacotes de museus e casas de cultura no bairro, que apoie um calendário de eventos que instigue o público a subir cada vez mais.

Seus famosos vagões amarelos, não são apenas um meio de transporte, nem um bem-público ou um símbolo do Rio de Janeiro. O Bonde de Santa Teresa é a artéria que dá vida ao bairro, e para isso precisa ser cuidada para nutrir as unidades produtivas locais com toda rede turística, cultural, artística e gastronômica, entre outros muitos setores que materializam na paisagem uma série de empresas especializadas, mão-de-obra qualificada e dê relevância territorial para a pujante economia criativa de Santa Teresa.

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Diretor de Criação da MESA Comunicação e professor da ESPM - RJ. É graduado em Publicidade e Propaganda, Pós-Graduado em Marketing Digital e Mestrando em Gestão da Economia Criativa. É também apaixonado pelos seus filhos Théo e Sophia e pelo Rio de Janeiro.
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