Ônibus: Problema não é o preço, é o contrato

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Bus of The Undead por Ed Schipul

Desde a época da licitação das linhas de ônibus municipais do Rio de Janeiro venho chamando atenção para os problemas criados por aquele mecanismo que deveria ditar o relacionamento formal entre o governo e as empresas de ônibus. O preço, que virou estopim para a onda de protestos ao redor do Brasil, é apenas consequência de um contrato mal desenhado. E salvo engano não me lembro de passeatas na Cinelândia ou qualquer outro lugar para forçar a prefeitura a rever os termos do contrato.

É verdade que alguns políticos de oposição, alguns blogueiros e alguns especialistas chamaram atenção para o fato na época. Mas o tema passou longe de virar uma comoção pública no Facebook (por exemplo). Afinal de contas, provavelmente havia temas mais “importantes” para serem tratados, o caso Bruno ou Romário candidato a Deputado Federal, provavelmente.

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O resultado foi o que não poderia deixar de ser. A licitação transcorreu de forma tranquila par as empresas incumbentes. Empresas internacionais se retiraram da disputa afirmando especificamente que o prazo para apresentação de proposta era tão curto que inviabilizou a concorrência, ou que os termos favoreciam descaradamente as empresas cariocas que já operavam linhas de ônibus na cidade.

Vivemos agora as consequências do descaso do passado. E claro, vamos colocar a culpa exclusivamente no Governo (Eduardo Paes e cia.) já que era responsabilidade deles. Lavamos nossas mãos quanto a isso e agora vamos indignados às ruas contra o aumento de 25 centavos. E apesar de muitos falarem que não é só por esses ou aqueles centavos, entre os protestos de Junho/Julho de 2013 e Janeiro de 2014 quanto a sociedade Carioca se preocupou em discutir a causa do problema.

O aumento está ratificado em contrato. E este contrato que precisa ser questionado. Não somente quem é ou não é o operador, mas as clausulas especificas de remuneração das empresas envolvidas. Por que não remunerar as empresa por qualidade em vez de quantidade? Por que não estabelecer novas clausulas que façam com que seja interessante as empresas de ônibus proverem serviços de qualidade aos clientes? E o mesmo vale para os contratos de concessão do Metrô, Trem, Rodovias, Ponte, etc.

Enquanto a comoção pública não abordar esses temas iremos continuar tratando dos sintomas de um sistema doente, em vez de investigar e corrigir as causas que levam a estas situações.

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