Pelas Bandas do Rio: a divertida modernidade da Banda Biltre

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Pelas Bandas do Rio: a divertida modernidade da Banda Biltre

Uma banda que não tem baterista (mescla bases programadas com baixo, guitarra e metais), que comercializou o primeiro EP em um pendrive que tem o formato de uma banana – Bananodrive – e que tem como carro de som uma bicicleta, a Bananobike. Tudo isso e outras coisas ajudam a definir a Biltre.

Formada em 2012, a banda Biltre, integrada por Arthur Ferreira, Dioclau Serrano, Diogo Furieri e Vicente Coelho (que se revezam entre os instrumentos e arranjos vocais) é um caso antigo. Como eles dizem: “a Biltre é um reencontro”.

A gente teve várias bandas de colégio, de moleque, que duraram alguns anos. De 2000 a 2005 tínhamos o Caraminholas (eu, Sica, Arthur, Pablo, Diogo e Tomás) e aí acabou que o Tomás e o Diogo criaram o El Efecto com mais uma galera amiga. Enquanto isso, o Dioclau começava a inventar o LaranjaDub, que o Diogo também fez parte. Tinha o Uirá (atual baterista do Cícero) que tocou com o El Efecto e o LaranjaDub… Rolava uma interseção de bandas nessa galera. Daí Arthur e eu estávamos fazendo música por e-mail… tipo cada um manda uma parte e aí se constrói o Frankstein. Na maioria das vezes a criatura anda, fala e canta… ‘Cobra Coral’, ‘Chinês’, ‘Umamadona’ são canções desta época. Daí o Dioclau tinha um estúdio e quando o LaranjaDub se dispersou, ele, Paraense de Marabá, entrou na nossa onda. E aí ainda tinha o Pablo que era do Caraminholas e voltou para o palco brevemente com a gente… agora ele está atrás do balcão com um crachá escrito diretor da gig… [risos]” diz Vicente Coelho.

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De acordo com a própria banda, o som da Biltre é “meio black, o groove é black, é Miami bass, funk carioca. Pop mesmo, mas tentando trazer junto todas as influências (como Beatles, Radiohead, Daft Punk, Kraftwerk, Mutantes, entre outros)”. Além do Bananodrive (que contém o EP de sete músicas), lançado em 2012, o grupo também tem um álbum, o Bananobikenologia, que saiu no mesmo ano em formato digital e em 2015 em formato físico.

O conceito [do CD Bananobikenologia] é uma apropriação, ou releitura, de um tropicalismo digital, de Carmem Miranda até Andy Warhol. ‘Somos todos macacos na república da banana’ (Black Alien). O disco traz canções autorais, com letras despretensiosas, quase crônicas, cheias de autoironia e sarcasmo que se somam a ritmos dançantes e batidas eletrônicas e a versão carioca de ‘Piranha’ de Alípio Martins. O repertório ao vivo conta ainda com a balada em tons tropicais ‘Cartaz’, de Fagner e ‘Não vá se perder por aí’, versão do clássico dos Mutantes em tecnobrega” informa um comunicado oficial da banda.

Eles comentam que essa forma original de comercializar música é uma tentativa de superar dificuldades de mercado e prometem ainda mais novidades:

A gente quer pensar na frente, ninguém compra CD mais. O Bananodrive surgiu para lançarmos nosso primeiro EP com sete faixas em um formato diferente, o pendrive, que motivasse as pessoas a querer um produto físico nosso e gerar receita pra tocar o projeto. Mas é um formato caro e complicado de fazer. Importávamos da China… imagina com o dólar agora. Mas também temos download grátis, que funciona como uma forma de divulgar pro fã que acabou de conhecer. O nosso primeiro álbum completo está em CD e contém as faixas do EP remixadas mais outras músicas novas. A gente entende, o CD é quase como um cartão de visita… na real só vendemos mesmo nos shows, e tem saída porque se transforma numa forma de dar uma moral para a banda, um presente ou algo para um fã. Estamos planejando um Bananodrive 2.0, feito por aqui mesmo de forma mais artesanal e diferenciada, com conteúdo atualizado em alta qualidade, clipes novos e conteúdo exclusivo” conta Arthur Ferreira.

Pelas Bandas do Rio: a divertida modernidade da Banda Biltre

Outro ponto que merece destaque na trajetória da Banda Biltre é a Bananobike. Uma Engenhoca formada por uma bicicleta equipada com uma aparelhagem de som e uma bateria que fornece energia para os equipamentos permitindo a realização de shows de rua. Os integrantes da banda a criaram pensando na realização de shows com baixo custo, na liberdade de não precisar de um palco tradicional e de pontos de energia convencionais e na importância de transportes alternativos em uma metrópole moderna. Assim, atualmente os moradores do Rio de Janeiro são frequentemente surpreendidos por shows da banda em locais públicos como praia, parques e praças. Algo tão inusitado já rendeu boas histórias:

Teve uma vez que uma mulher bêbada parou a Bananobike no meio da rua, começou a tirar a roupa, a gente não entendeu nada, aí o Dioclau falou: ‘Vamos embora que isso vai dar treta, cara’… estávamos voltando do Rap da Cruzada, um evento de rap lindo que a gente fazia na Pequena Cruzada São Sebastião, com o Mc Tchelinho do Heavy Baile. Teve uma vez que o Vicente usou a Bananobike para vender cerveja e teve que desenrolar com um Coronel da Guarda Municipal. A Guarda estava querendo levar o isopor, e todo mundo falando ‘deixa o menino aí, Coronel, ele é do bloco’. O Vicente falou que não estava vendendo, mas estava com os dois bolsos abarrotados de um bolo de dinheiro. E teve também uma vez que o Dioclau viu o Vicente (novamente usando a Bananobike para vender cerveja) fazendo uma promoção que ninguém comprava. Ele perguntou para o Dioclau se ele havia entendido o motivo de não estar vendendo. A promoção era: uma cerva por três reais e três por dez… O Dioclau concluiu que o Vicente estava bêbado” lembra Arthur.

Pelas Bandas do Rio: a divertida modernidade da Banda Biltre

Além de histórias engraçadas, a Bananobike também rende muitos shows e visibilidade para a Biltre: “A Bananobike nasceu exatamente com a proposta de possibilitar um show verdadeiramente independente, barato e flexível. Existem poucos palcos de pequeno e médio porte no Rio. Em 2011 a rua ainda não estava bombada, e conforme fomos criando nossos eventos alternativos, a Bananobike começou a ser notada. A Bike é um sistema de som móvel carregado por um triciclo adaptado. E é com ela que o Biltre consegue tocar em qualquer canto do mundo. Claro que hoje a gente observa o Rio de Janeiro fervendo de cultura na rua… é como se as manifestações tivessem encontrado eco cultural, saca? As ruas estão cada vez mais cheias de pessoas se divertindo e buscando cultura. Seria a crise? A falta de opções de cultura? Agora, como é que se remunera uma apresentação do Biltre na rua com a Bananobike? O carioca precisa começar a valorizar a passada de chapéu, ou alguém tem que bancar a gente, tipo prefeitura ou coisa parecida. Estamos fazendo vários editais e projetinhos para parceria com lojas e empresas possíveis. Você tem que pedalar, tocar e fazer planilha… é o processo completo, saca? Mas como é que a gente paga o leite dos menino e o aluguel da zona sul do Rio? Essa equação não se resolve” reflete Vicente Coelho.

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Há quem defenda que certas dificuldades se superam com criatividade. Se isso estiver certo, a banda Biltre pode ficar tranquila, pois todos os abacaxis serão descascados.

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