Pelas Bandas do Rio: a poesia rock da banda Canto Cego

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Canto Cego (alta) - Por paulo barros

Não faltam exemplos de bandas de rock n roll que misturam guitarras pesadas e letras poéticas. É por essa linha que o grupo Canto Cego, com raízes na região da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro, pretende escrever sua trajetória artística.

A banda, formada em 2010 e atualmente composta por Roberta Dittz nos vocais, Rodrigo Medeiros na guitarra, Magrão no baixo e Ruth Rosa na bateria, está preparando o primeiro disco. Novidade que anima não só os fãs, mas também os integrantes:

“Essa é nossa notícia mais empolgante. Estávamos para lançar um EP com cinco músicas, mas depois de muita conversa estamos entrando em estúdio de novo para gravar mais cinco canções e aí sim completar um CD. Vamos ter um tempinho de espera até tudo acontecer, mas vai ser um sonho poder lançar um primeiro CD com músicas antigas e inéditas. Antes disso vamos lançar um single” destaca a vocalista Roberta Dittz.

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Muito se fala sobre a falta de grandes letristas na atual música nacional. Roberta, que escreve as letras da banda, diz que esse processo de criação de poesia com rock acontece de forma natural.

“Eu [Roberta] sempre fui muito envolvida com teatro, mais do que com música. E quando vim morar no Rio comecei a frequentar muito o circuito de saraus pela cidade. Corujão da Poesia, CEP 20.000, Ponte de Versos, Arte em Andamento. Frequentando e conhecendo poetas comecei a escrever e dizer as poesias que fazia nos saraus. Daí quando surgiu a possibilidade de ter uma banda, não tinha como não propor aquele universo no qual eu estava completamente inserida. Achei maneiro que a banda nunca se opôs a isso, mesmo sendo pessoas que não tinha intimidade alguma com a poesia. Aos poucos, a gente foi construindo essa identidade que se sobressai muito mais na performance ao vivo”.

Canto Cego circo voador

Se as letras ficam nas mãos de Roberta Dittz, os arranjos são extremamente coletivos. A banda conta que começam fazendo bases e aos poucos, com ideias de todos, a parte instrumental das músicas vai surgindo.

A banda Canto Cego tem raízes na Maré, uma região composta por áreas que não recebem tanta atenção dos governos e acabam sofrendo duras consequências por conta disso. Isso influencia no processo criativo do grupo. E muito.

“A Maré é nossa grande influência, digamos nossa bússola. A partir dessa visão de mundo a gente tenta sempre retratar os conflitos urbanos, as contradições da cidade. É muito forte para gente esse respeito com o espaço. Esse olhar em torno para a partir daí criar a música. Geralmente compomos à medida que vamos respirando a cidade a rotina, as polêmicas sociais, a própria violência, e claro o amor, que apesar de muitos estragos, ainda persiste” frisa Roberta.

Apesar do reconhecimento positivo da crítica musical, os integrantes do grupo ainda não vivem só de música. Magrão é tatuador, Rodrigo trabalha com produção cultural, Ruth é motion designer e Roberta trabalha com edição de vídeos.

Com mais de seis mil curtidas no Facebook e fãs atentos, a banda Canto Cego já é exemplo para novos grupos. Contudo, quem influencia também tem influências e as principais da Canto são Jimi Hendrix, Queens of the Stone Age, Elis Regina, Artic Monkeys, Silverchair, Lenine, Pearl Jam. Nas letras, Arnaldo Antunes, Ferreira Gullar, Fernando Pessoa e Manoel de Barros dão o tom.

canto cego em montreux

Nesses cinco anos de Canto Cego, os resultados vêm acontecendo: “A gente participou e ganhou alguns festivais que foram muito importantes para o crescimento da banda, como o Webfestivalda que fomos finalistas em 2012, o Nova Música Brasileira (2012) que fomos vencedores e o Planeta Rock (SP) em 2014. Mas sem dúvidas nosso maior feito foi ter tocado no Festival de Jazz de Montreux em julho deste ano. Esse festival é um dos mais antigos do mundo, a gente teve pela primeira vez contato com uma produção gigante e tocamos para um público internacional, além da pequena turnê que passamos pela Suíça, fazendo alguns shows menores por cidades como Basel e Genebra. Uma experiência única e que nos despertou muitas expectativas para o que vem por aí” destaca Roberta.

Roberta pontuou que as letras poéticas em português não foram empecilho para o grupo no exterior. Segundo ela, o público europeu é atento à música de qualquer forma. No momento, quem não poderá ficar muito atento à banda ao vivo são os fãs, pois a Canto Cego está em período de trégua de apresentações. Entretanto, eles dão um recado:

“Não vai durar muito, mas por enquanto estamos apenas nos preparativos e sem datas a vista. Mas é só ficar ligado nas nossas redes sociais que vamos avisar assim que tivermos datas”.

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