Vamos salvar o Parque Poeta Manuel Bandeira!

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Parque Manoel Bandeira na Ilha do Governador

No início deste mês de agosto, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro surpreendeu parte dos moradores da Praia da Olaria, no Cocotá, ao ocupar, por meio de estacas de madeira e container, uma parte do Parque Poeta Manuel Bandeira, localizado no bairro. Chamou a atenção de todos uma imensa placa indicativa com os seguintes dizeres: “Clínica da Família. A Prefeitura está construindo aqui a Clínica da Família do seu bairro”. Era dada a largada de uma corrida contra o tempo pela preservação do espaço ambiental sustentada por um embate de opiniões e interesses.

A demarcação da área para início das obras contrariou, na prática, a lógica perseguida – e tão alardeada – pela prefeitura local de estabelecer o diálogo e a participação cívica nas decisões e intervenções públicas. Sem que nenhum morador fosse comunicado previamente, e que sequer pudesse opinar a respeito, o município foi avançando com sua ideia, e na contramão de seus interesses, a população tratou de se organizar, promovendo panfletagens sobre o assunto e recolhendo assinaturas do público contrário à ideia para um abaixo-assinado cujo intuito é submeter ao conhecimento do prefeito Eduardo Paes. Nessas ações, cabe ressaltar que o pleito do grupo é exclusivamente pela revisão da escolha do local destinado a abrigar a nova unidade de saúde e não uma crítica intransigente à chegada do projeto ao bairro. Todos querem a nova Clínica da Família – e de preferência no Cocotá -, mas não dentro do parque.

O que tem causado imensa indignação é a maneira como representantes da prefeitura do Rio tem conduzido esse caso. Robert D. Putnam (1996), quando se debruça sobre a experiência da Itália moderna, nos ensina que os sistemas de participação cívica representam uma intensa interação horizontal. “Quanto mais desenvolvidos forem esses sistemas numa comunidade, maior será a probabilidade de que seus cidadãos sejam capazes de cooperar em benefício mútuo” (PUTNAM, p. 183). Ao que parecia, essa tendência estava sendo aplicada pelo município aqui na Ilha do Governador, porém, por este exemplo da nova clínica, verifica-se que se tratava apenas de um sistema genérico ao citado por Putnam (ou amador). Na verdade, ao contrário, exercita-se um sistema vertical que por mais ramificado que seja é incapaz de sustentar a confiança e a cooperação sociais. Isso se explica, segundo o autor (e vale pra nossa experiência), porque os fluxos de informação verticais costumam ser menos confiáveis que os fluxos horizontais. Na relação vertical, caracterizada pela dependência e não pela reciprocidade, é mais provável haver oportunismo, seja por parte do patrono (exploração), seja por parte do cliente (omissão). Nesse sentido, a análise de Putnam fica aqui para reflexão.

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Eu me somei a este grupo de moradores que reivindica a preservação do Parque Poeta Manuel Bandeira como área de recreação e interação entre o indivíduo e o ambiente natural. Essa área fez parte da minha infância, quando ali morei com meu pai e brinquei diversas vezes, jogando bola ou andando de bicicleta no Aterro (onde hoje situa-se o Fórum do Cocotá), antes mesmo da grande revitalização urbana promovida pelo Programa Rio-Cidade Cacuia-Cocotá, em 2004, pelo então prefeito Cesar Maia, o que ampliou os equipamentos de lazer e esportes, como as quadras poliesportivas e de tênis, o campo society, as pistas de skate e os anfiteatros. E justamente no trecho que engloba um anfiteatro e os únicos brinquedos das crianças (gangorras, escorregas etc.) que a prefeitura projeta às instalações da Clínica da Família.

Espero, sinceramente, que as autoridades municipais se sensibilizem com o apelo dos mais de dois mil moradores que já assinaram, em apenas dois dias, o abaixo-assinado pela preservação do parque com sua finalidade de recreação, e que não insista nesta ideia que viria a descaracterizar por completo sua função principal. Acredito que é possível a execução desse projeto com planejamento e paciência, pois, como diz o ditado popular, “a pressa é inimiga da perfeição”.

Assine a petição online.

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Nascido e criado na Ilha do Governador, a família está lá desde o final do século XIX. Seu bisavô foi André Gomes Bonel, popularmente conhecido como “Seu André”, proprietário da primeira farmácia da da Ilha, no Zumbi. Com 28 anos, Allan possui graduação em Sociologia pela Universidade Candido Mendes (UCAM – RJ) e Pós-graduação em Política e Planejamento Urbano, pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR – UFRJ).
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1 COMENTÁRIO

  1. Estou montando um time de futebol com crianças entre 10 e 13 anos e gostaria de saber como reservar o campo socity para adquirir um horário para treiná-los.

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