25 de Abril Sempre! A Revolução dos Cravos e os 51 Anos da Liberdade em Portugal

No amanhecer de 25 de abril de 1974, Portugal iniciou sua jornada democrática com a Revolução dos Cravos, celebrada em 2025 com festas e homenagens.

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Foto: Henrique José Teixeira Matos

No amanhecer de 25 de abril de 1974, Portugal floresceu. Após mais de 40 anos de ditadura, o país testemunhou uma virada histórica: militares marcharam pelas ruas de Lisboa não para reprimir, mas para libertar. Não se ouviam tiros — ouvia-se música. Não se viam tanques em combate — viam-se cravos vermelhos enfeitando as fardas e os fuzis.

Esse dia ficou conhecido como a Revolução dos Cravos, um dos episódios mais singulares da história contemporânea. O movimento foi conduzido por oficiais do Movimento das Forças Armadas (MFA), descontentes com o regime autoritário e com as longas guerras coloniais em África. Mas foi o povo, sobretudo o povo, que deu cor e sentido à revolução.

Diz a história que foi uma jovem chamada Celeste Caeiro quem, ao oferecer os cravos que levava consigo, acabou iniciando o gesto simbólico que daria nome ao 25 de Abril. Trabalhava num restaurante em Lisboa que fechou naquele dia por causa da movimentação dos militares. Com os cravos que seriam usados na comemoração de aniversário do local, Celeste saiu às ruas e começou a distribuí-los aos soldados, que passaram a colocá-los nos canos das armas. Em instantes, o gesto se espalhou.

Às 00h20 daquela madrugada, tocava no rádio “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso — música proibida pelo regime — sinal de que o movimento estava em marcha. Horas depois, Marcelo Caetano, que havia sucedido o ditador António de Oliveira Salazar, no poder de 1932 até 1968, renderia-se no Quartel do Carmo.

Salazar foi afastado do governo após sofrer um acidente vascular cerebral em 1968, causado por uma queda da cadeira em que se sentava no Palácio de São Bento. Mesmo afastado, nunca foi oficialmente informado da sua substituição e passou os últimos anos acreditando que ainda era o chefe do governo. Faleceu em 1970, encerrando assim sua trajetória pessoal no poder, mas o regime autoritário que ele instituiu seguiria até ser derrubado pela Revolução dos Cravos, em 1974.

A manutenção simbólica de Salazar no poder, mesmo após seu afastamento por um derrame, revela o quanto os regimes autoritários se sustentam em farsas — e o quão ridículos podem ser tanto os ditadores quanto aqueles que os louvam cegamente, mesmo quando já estão politicamente mortos.

Marcelo Caetano governou de 1968 até 1974, tentando dar uma aparência de abertura ao regime, mas sem mudanças estruturais reais. Manteve o cerne autoritário do Estado Novo, com censura, repressão e as impopulares guerras coloniais em África, que continuavam a consumir recursos e vidas. Com sua rendição, abria-se o caminho para o fim definitivo da ditadura e o início da democracia portuguesa.

O mais surpreendente foi a ausência de violência generalizada: a população tomou as ruas, juntando-se aos militares, e cravos — símbolo da paz e da primavera — foram distribuídos por floristas, sendo colocados nos fuzis e nos tanques. Assim nasceu o nome e o ícone da revolução.

A Revolução dos Cravos foi o marco de uma verdadeira refundação democrática: permitiu o fim da censura, das prisões políticas, do exílio forçado e das guerras coloniais. Em pouco tempo, Portugal caminharia para uma nova Constituição, eleições livres e a integração ao bloco europeu. O país renascia.

Neste 25 de abril de 2025, comemoram-se 51 anos desse dia inesquecível, celebrado em todo o território português com festas populares, discursos, exposições, marchas e, claro, muitos cravos vermelhos. Não é apenas uma data nacional: é um símbolo universal de que a liberdade, quando guiada pelo povo e pelas ideias, pode triunfar até mesmo sobre as ditaduras mais duradouras.

A Revolução dos Cravos ensina que não há primavera sem coragem, e que nenhuma opressão resiste por muito tempo ao desejo coletivo de liberdade. Portugal, com flores e canções, mostrou ao mundo que revoluções podem ter alma, cor e poesia. E é por isso que, mais de meio século depois, ainda se grita em uníssono:

25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!

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