Com o propósito da transformação através do estímulo à leitura, a Bienal do Livro Rio, um dos principais eventos literários do País, está doando aos moradores dos complexos do Alemão e da Penha, ambos na Zona Norte da capital fluminense, cerca de 15,5 mil livros.
A Bienal atendeu a um pedido feito por Rene Silva, morador do Alemão e fundador do jornal comunitário ”A Voz das Comunidades”, que provocou seus seguidores nas redes sociais a realizar uma ”invasão literária” para marcar os 10 anos de ocupação da polícia e a falta de mudanças na região. A iniciativa de Rene mobilizou a organização da Bienal e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), que envolveram 22 editoras e autores nesta causa. Os livros serão entregues no Complexo neste sábado (28/11), ao próprio Rene, que vai distribuí-los entre bibliotecas comunitárias da região.
Vale ressaltar que Rene lançou a meta de chegar a 10 mil livros na semana passada, e tinha dúvidas se era uma quantidade ousada. Em 3 dias, porém, a Bienal conseguiu reunir 15,5 mil exemplares.
”Na verdade, essa ação solidária é uma forma de protesto, pois há 10 anos o governo só entrou com a polícia. Não temos o que confraternizar neste marco da ocupação. Por isso, a iniciativa da invasão literária é mais pelo desserviço de promessas de mudança social não cumpridas ao longo desses anos todos”, diz Rene.
Para a diretora da Bienal, Tatiana Zaccaro, a adesão do SNEL e das editoras à atitude solidária foi entusiasta e imediata, inclusive com um cuidado na escolha do conteúdo direcionado a diferentes faixas etárias.
”A Bienal do Livro Rio acredita no direito à leitura e literatura como um meio para a construção da cidadania e de um país melhor. Em tempos difíceis como estes de pandemia, esta ação chega em boa hora trazendo esperança de um futuro melhor para estas comunidades. Que estes livros contribuam para a construção de novas e belas histórias de aprendizagem”, afirma Tatiana.