Crítica teatral: Nefelibato

Luiz Machado encarna com força e maestria um homem visceral. Um louco? Quem sabe? Ou alguém que não se submete? Alguém que escolhe andar no mundo da lua, pois a realidade pode ser mortal?

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Foto Lenise Pinheiro

De médico e de louco, todos nós temos um pouco. Enlouquecer, como vê o senso comum, é uma forma de fugir, ir para outro planeta, criar novas identidades, “sartar fora”, cantar pra subir, dar bom dia a cachorro. Muito se brinca. Seria cômico se não fosse sério. Em “Nefelibato”, monólogo de Regiana Antonini com  Luiz Machado, que celebra 20 anos de carreira, não existe nem o elogio à loucura e muito menos a ironia com os loucos — retrata, com muita poesia, o que acontece com as pessoas quando perdem o chão.

Com direção de Fernando Philbert e supervisão de Amir Haddad, o monólogo é um diálogo com os próprios devaneios, sonhos, percalços, desesperos, angústias e alegrias do personagem Anderson, inspirado em uma pessoa real, empresário bem-sucedido, que perde tudo com o Plano Collor. Morre sua avó, sua principal âncora; seus negócios acabam por falir e perde a mulher amada. É no caminho da evasão, que Anderson resiste. E vive.

“Quis tratar do instinto de sobrevivência que o ser humano tem e que ele esquece que tem”, salienta  Fernando Philbert, diretor, antes de chamar a atenção para um certo grau de consciência que o personagem tem de sua condição: “Para não se matar ou matar alguém, ele vai para a rua. Viver na rua é o caminho que ele encontrou para continuar vivo”. Anderson é alguém que vive situações-limite – um equilibrista no fio tênue entre lucidez e loucura, vida e poesia.”

Uma casa feita de lixo, roupa em andrajos, a típica barba podem parecer que se trata de um louco/comum/mendigo com que nos deparamos diariamente e nos são invisíveis. No entanto, Luiz Machado encarna com força e maestria um homem visceral. Um louco? Quem sabe? Ou alguém que não se submete?  Alguém que escolhe andar no mundo da lua, pois a realidade pode ser mortal?

Serviço:
Nefelibato – Exibições virtuais
Homem oscila entre a lucidez e a loucura após perder tudo e ser obrigado a viver nas ruas
Temporada: 14, 21 e 28 de julho, às 19h, de forma online e presencial (máximo de 40 pessoas).
Teatro Petra Gold: Rua Conde Bernadotte, 26 Leblon.
Ingressos presenciais: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).
Ingressos online: a partir de R$ 20.
Onde comprar e assistir:  www.sympla.com.br/eventos?s=nefelibato&tab=eventos

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Nota
Direção
Texto
Cenário, figurino, iluminação
Atuação
Jornalista, publicitária, professora universitária de Comunicação, Doutora em Literatura, Bacharel em Direito, gestora cultural e de marcas. Mãe do João e do Chico, avó da Rosa e do Nuno. Com os olhos e os ouvidos sempre ligados no mundo e um nariz arrebitado que não abaixa por nada.
critica-teatral-nefelibatoLuiz Machado encarna com força e maestria um homem visceral. Um louco? Quem sabe? Ou alguém que não se submete? Alguém que escolhe andar no mundo da lua, pois a realidade pode ser mortal?

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