Copa do mundo: o espelho do que não queremos ver

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Copa das Copas

Copa, Copa, Copa. Fique tranquilo. Não é mais um texto no estilo contra x a favor. Já tem debate apaixonado demais sobre o assunto. A ideia é dar outro ponto de vista. Nada mais.

Quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa, em 2007, quase todo mundo foi a favor. Hoje, tá fashion ser contra. Pouca gente se posiciona favoravelmente de forma clara.

Acho que a insatisfação geral não é com a Copa nem com a FIFA. Estes são alvos da raiva, não a causa. A raiz da ira é mais interna, mais sutil, mais presente. O Brasil tá puto é com ele mesmo. A FIFA é o boi de piranha, o bode expiatório perfeito pra um país com mania nacionalista. E a Copa do Mundo é apenas o espelho que nos obriga a olharmos para nossa cara.

A Copa nos expõe o que queremos esquecer. Somos corruptos pra caramba. Somos ruins de prazo. Perdemos oportunidades. Somos imediatistas. Nossa infraestrutura é bizarra. Somos pessimistas. Repare: escrevi tudo na primeira pessoa do plural. Não é o PT. Não é a Dilma. Não é o Lula. Somos nós.

Isso tudo era paisagem. Estávamos anestesiados. Vivíamos alheios. Mas ai veio a Copa, aquela marvada, e deixou tudo na cara. Ou alguém não sabia da corrupção, da ineficiência, dos prazos perdidos, do imediatismo, da infraestrutura bizarra, do pessimismo? Suborno de policial, perda de prazos, deixar tudo pra última hora, penar pra andar nas estradas, falar mal do governo, seja ele qual for. Isso é novidade pra alguém? Claro que não. Esse é o dia-a-dia que NÓS construímos. E fingíamos que não víamos. Até que Ela chegou…

A Copa do Mundo é nosso espelho – e estamos detestando olhar para nossa cara. Mas a culpa não é do espelho. Tampouco de quem nos deu ele. Gritar contra a Copa ou contra a FIFA é uma incrível distração para não olharmos pra dentro. Para não vermos que nossa prática diária cria uma sociedade desvirtuada, salpicada de problemáticas primárias que nos recusamos a ver. Brasil, essa é sua cara!

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Marcos é carioca e formado em Jornalismo pela PUC-Rio. Trabalhou com empreendedorismo desde a faculdade, coordena a ONG PECEP e trabalha no Instituto Phi. No tempo livre, gosta de ler e praticar esportes. Seus livros preferidos são “A revolução dos bichos”, “Amor nos tempos do cólera” e “O banqueiro dos pobres”.

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