Bairros como Copacabana, Ipanema e Leblon invadidos pelo mar; relatório da ONU mostra risco para o Rio

A capital do estado pode enfrentar uma elevação do nível do mar entre 12 cm e 21 cm até 2050

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Água cobre a Avenida Vieira Souto em ressaca brabíssima na orla de Ipanema

Divulgado nesta terça-feira, 27/08, um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) revela preocupações sobre o aumento do nível do mar em todo o mundo, incluindo o estado do Rio de Janeiro. A capital pode enfrentar uma elevação do nível do mar entre 12 cm e 21 cm até 2050.

Inúmeros bairros do litoral da capital do estado podem ser afetados por isso.

Com a elevação do mar vários problemas podem alcançar estes municípios, principalmente quando falamos das ruas e lotes residenciais e comerciais próximos a costa. O primeiro problema visível será o recuo do mar para dentro dos lotes lindeiros à praia. Com isto muitos lotes perderão o seu uso, pois estarão dentro da faixa de areia ou mesmo invadidos pelas águas do mar. Os lotes próximos que não forem invadidos pelo mar perderam o valor de mercado, pois estarão sempre ameaçados pelo avanço do mar. Imagine bairros como o Leblon, Ipanema e Copacabana, por exemplo, com os lotes mais próximos da água inutilizados devido aumento do nível do mar. Além disso vias de trânsito rápido como Avenida Atlântica não terão mais condições de escoar o tráfego na cidade“, disse o professor de arquitetura do Ibmec-RJ, Roberto Lucas Júnior.

Do ponto de vista do urbanismo, Roberto Lucas Júnior explica que “se referindo a arquitetura e o funcionamento urbano da cidade o primeiro aspecto negativo, como dito anteriormente, é a inutilização dos lotes próximos ao mar. Além disso as vias também ficarão inutilizadas, assim como toda Infraestrutura enterrada, pois devido a esse aumento do nível do mar, as galerias de esgoto estarão inundadas o que significa dizer que este esgoto irá retornar à superfície, trazendo doenças e contaminação para dentro das casas das pessoas. Além disso não será possível fazer a drenagem de chuvas até galerias que levem essas águas pluviais ao mar devido ao nível que o mar alcançará, o que trará inundações também para as áreas afastadas do mar. Falando sobre energia elétrica, toda infraestrutura enterrada também será perdida, pois as galerias com cabos e transformadores ficarão debaixo da água, além de trazer perigo a rede aérea devido aos constantes alagamentos. Por fim, todo terreno alagado perderá sua capacidade de abrigar novas edificações, o que significará perda de valor e prejuízo nas áreas com o valor do terreno mais caro da cidade“.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem do DIÁRIO DO RIO, o que pode ser feito para reduzir esses danos é adaptar os municípios às mudanças climáticas.

As cidades devem ter a capacidade de conter essas águas, absorver as águas pluviais, ao mesmo tempo que direcioná-la ao mar. Devem ser construídos jardins filtrantes, áreas para retenção e captação do excesso de água, reflorestamento da mata ciliar, garantia de áreas mais permeáveis no solo sem que haja um grande adensamento de edificações e a utilização de pavimentos drenantes. Hoje, as cidades devem se desenvolver para além de garantir o bem-estar e segurança da população, mas também se adaptar às mudanças climáticas e com isso resistir aos impactos negativos que podem ocorrer“, frisou Roberto Lucas Júnior.

Intitulado “Surging Seas in a Warming World: The Latest Science on Present-Day Impacts and Future Projections of Sea-Level Rise”, o documento divulgado pela ONU analisa o aumento dos oceanos, destacando a ameaça para regiões costeiras em todo o mundo. As estimativas para o Brasil foram feitas considerando um cenário de aquecimento global de 3°C até o final do século, um parâmetro que excede as metas estabelecidas no Acordo de Paris, mas que reflete as preocupações atuais sobre a eficácia dessas metas.

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