Construída no início do século passado, a casa que pertenceu ao pintor e muralista Cândido Portinari (1903-1962), está em ruínas. De caráter histórico e memorial inigualável, a residência ocupa um terreno com topografia irregular de 2.000 metros quadrados, na Rua Cosme Velho, 343, no aprazível bairro do Cosme Velho, na Zona Sul carioca.
Portinari, um dos maiores pintores sul americanos, residiu no imóvel entre 1943 e 1950, período no qual foi construído um ateliê-galpão projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), atrás da casa. O espaço foi especialmente pensado para a pintura do painel “Tiradentes” cuja conclusão se deu em 1949. Com 18 metros de cumprimento, a obra não podia ser produzida dentro da casa de Cândido Portinari.
Nas últimas duas décadas, a histórica residência sofreu a ação do tempo e as intempéries do abandono patrimonial. Nas imagens captadas pela Veja Rio é possível ver o abando do centenário imóvel, cheio de mato e sujeira. Portas e janelas quebradas, destelhado e com infiltrações. Em parte da residência, o teto está escorado com estruturas metálicas para não desabar, algo que já aconteceu em outro cômodo cujo chão foi tomado por entulho e lixo. Na parte externa da casa, os tijolos das paredes estão à mostra, já que o reboco foi ao chão. O ateliê projetado por Niemayer também não está em melhores condições, enfim, uma verdadeira lástima memorial e arquitetônica.
A Rua Cosme Velho, há pouco tempo, contava com uma edificação da mesma época, em condições até piores. O imóvel, que fica na entrada para o Cristo Redentor, foi revitalizado.
Apesar de bastante deteriorada, a casa de Portinari está à venda por R$ 2 milhões pela Sérgio Castro Imóveis. Um retrofit em toda a instalação, inclusive no ateliê de Niemeyer não seria uma missão das mais difíceis. O passado do imóvel pede mais consideração e respeito à memória carioca.
