Todas as populações têm suas formas específicas de viver, no Brasil, um país com dimensões continentais, não poderia ser diferente, Nós cariocas, incomodamos muita gente com nossos hábitos peculiares.
Enquanto Noel Rosa, cria de Vila Isabel, grande observador do nosso povo, toca aqui na vitrola, vou lembrando de nossas coisas, de coisas nossas.
O uso constante de chinelos de dedo, em inúmeras ocasiões e locais, já foi abordado em uma crônica anterior. Quem não mora no Rio de Janeiro não consegue entender bem isso. Azar o deles.
Nosso famoso “bora marcar” (que em breve vai ser tema de uma dessas crônicas cariocas) é outro enigma para o resto do universo. Ninguém compreende que essa frase pode ter muitos sentidos. Eles são literais demais.
Nós, cariocas, temos uma relação exclusiva com o horário. Estamos sempre meia hora adiantados ou atrasados. Isso na visão de quem não é daqui. No geral, nosso relógio de sol está sempre correto.
Na alimentação também somos mal compreendidos. Quem já viu comer pizza sem ketchup? Se liga aí, paulistada, não venham aguar nosso caldo, nosso molho.
Alguns casos, nem são tão bons. Nós, cariocas, temos uma tendência ao descumprimento, ou, no mínimo, à adaptação de certas regras. Vai ver é influência cultural do carnaval e do futebol. O jeitinho carioca é o pai do jeitinho brasileiro. O uso errado de escadas rolantes é só um exemplo.
Há quem não goste, mas nossa informalidade deveria ser patrimônio mundial. As pessoas não deveriam levar a vida tão a sério, ela já é complicada e difícil o suficiente, uma zoada de leve ajuda a melhorar as coisas. Isso passa pelas praias e bares cheios durante a semana, pelos palavrões e pelo sorriso no rosto mesmo com tantos problemas. Não confundir isso com alienação, pois isso sim é coisa ruim.
São muitos os hábitos cariocas que incomodam pessoas que não moram no Rio de Janeiro. Vocês devem estar se lembrando de diversos agora. Creio que ficar escrevendo crônicas sobre nós mesmos seja um deles.
[…] marquei na última crônica, vou cumprir. Sem essa de deixar para depois. O nosso “bora marcar”, que para muita gente não […]