Abrindo a primeira noite dos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, a Unidos de Padre Miguel voltou à elite do Carnaval com um posicionamento claro: a valorização da cultura afro-brasileira. Depois de 52 anos longe do Grupo Especial, a agremiação da Zona Oeste não hesitou em reafirmar sua identidade antes de entrar na Avenida:
“Não temos vergonha de ter um enredo afro. A Vila Vintém é macumbeira.”
A frase veio, para muitos componentes, como uma resposta à recente declaração do carnavalesco Paulo Barros, da Unidos de Vila Isabel, que criticou a predominância de enredos com temáticas africanas no Carnaval de 2025.
“A maioria dos enredos desse ano são afros, tudo já foi visto e revisto, e eu posso te garantir que 90% de quem está assistindo o desfile não vai entender nada”, disse Barros, gerando forte repercussão no meio carnavalesco.
A resistência de Iyá Nassô e a homenagem à Casa Branca
Neste ano, a escola da Vila Vintém levou para a Sapucaí o enredo “Egbé Iyá Nassô”, que celebra os 200 anos da Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil. O desfile contou a história de Iyá Nassô, uma princesa africana escravizada que, ao lado de suas irmãs de axé, enfrentou a repressão imperial para garantir a liberdade religiosa e proteger sua comunidade.
A narrativa exalta o protagonismo feminino na história do Candomblé e reforça os laços da escola com a Vila Vintém, descrita pelos carnavalescos como uma “pequena África” dentro do Rio de Janeiro.