Categorias: Geral

A Volta Olímpica de Golfe e Rugby

Compartilhar

As Olimpíadas do Rio de Janeiro, entre outros aspectos, serão marcadas pelo retorno de dois esportes ao quadro de competições: Golfe e Rugby. Esse regresso pode estar construindo uma era de maior popularidade para essas modalidades esportivas.

(function(w,q){w[q]=w[q]||[];w[q].push(["_mgc.load"])})(window,"_mgq");

Mais de um século separa o Golfe de uma edição de Jogos Olímpicos. O esporte foi retirado da competição em 1904. O Rugby fez parte de uma Olimpíada pela última vez em Paris, no ano 1924. As modalidades foram excluídas da condição de olímpicas por serem, na época, esportes pouco populares. Agora, elas voltaram ao circuito com moral.

Na votação realizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), no dia 9 de outubro de 2009, a fim de definir se os esportes voltariam aos Jogos, o Golfe obteve 63 votos a favor, 27 contra e duas abstenções. Como precisava da maioria simples, a modalidade esportiva teve seu regresso assegurado. O Rugby, que na Rio-2016 será jogado em uma versão com sete jogadores, voltou ao cenário com uma reação ainda mais simbólica: 81 votos a favor e oito contra, além de apenas uma abstenção.

O Golfe no Rio 2016

De acordo com Paulo Cezar Pacheco, presidente da Confederação Brasileira de Golfe (CBG), a presença do Golfe nos Jogos Olímpicos do Rio é fundamental para que o esporte se fortaleça no Brasil – o que ele garante que já vem acontecendo:

A volta do Golfe aos Jogos Olímpicos é um marco no esporte e o fato de isso acontecer justamente no Rio de Janeiro é um grande presente que o Golfe brasileiro recebeu. Teremos como grande legado o Campo Olímpico, primeiro campo público brasileiro de grandeza internacional, que poderá abrir as portas para outros eventos de grande importância mundial. Com parcerias com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), via lei Agnelo/Piva e do Ministério do Esporte, estruturamos de forma muito profissional o alto rendimento e a base do Golfe nacional nos últimos anos, nos preparando para a Rio-2016 e para Tóquio-2020. Criamos também projetos como o “Golfe para a Vida” que já capacitou mais de 260 professores de educação física para ensinar os fundamentos da modalidade a mais de 50 mil crianças em várias cidades brasileiras, dentro das suas escolas” diz Paulo Cesar.

Após algumas polêmicas – como a questão da preservarão ambiental e uma investigação sobre ganhos ilícitos da prefeitura com a obra – o campo de Golfe Olímpico ficou pronto e já foi testado por alguns atletas.

A importância histórica da volta do Golfe aos Jogos Olímpicos é indiscutível. Dentro dessa esfera maior que é o esporte como um todo, estão os atletas, que sabem do peso desse acontecimento. Lucas Lee, golfista brasileiro com chances reais de disputar a Rio-2016 através do ranking mundial.

Esse retorno está dando uma visibilidade sem precedentes para o esporte. Na minha última passagem pelo Brasil, por exemplo, fui entrevistado pelo Globo Esporte e pelo Jornal da Globo, algo impensável alguns anos atrás. Imagino que a cobertura que a mídia dará ao Golfe durante os Jogos Olímpicos atrairá muito a atenção dos brasileiros, já que os melhores golfistas do mundo estarão no Rio de Janeiro” conta Lucas.

O Rugby no Rio 2016

O Rugby nos Jogos do Rio será disputado no Estádio de Deodoro, que ficará no complexo esportivo que está sendo erguido no bairro da zona oeste da cidade.

A opinião de Fernando Portugal, jogador da seleção masculina de Rugby Sevens, assemelha-se a de Lucas Lee. Fernando comenta a grande missão dos brasileiros: “Estamos vivendo um momento mágico do Rugby e do esporte brasileiro. Disputar os Jogos Olímpicos é o maior sonho de qualquer atleta. Temos uma responsabilidade enorme jogando em casa, contra os melhores do mundo” conta o jogador.

Títulos, conquistas e visibilidade internacional também ajudam e muito a popularizar uma modalidade esportiva.

As Tupis, como são chamadas as meninas da Seleção Brasileira Feminina de Rugby Sevens, ganharam uma medalha de bronze inédita nos Jogos Pan-americanos de 2015. De quebra, garantiram uma vaga nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Fomos para Toronto com o objetivo de conquistar uma medalha e alcançamos nossa meta com esse bronze – a vaga olímpica. Foi um torneio muito duro, diante de adversárias fortes. Foi também a estreia do Rugby feminino no Pan, então colocamos nosso nome na história da competição com a conquista e isso ajuda muito o esporte”, afirmou Paulinha Ishibashi, capitã da equipe.

Brasil vem realizando ações para popularizar o golfe

Historicamente, Golfe e Rugby não são esportes praticados nas camadas economicamente mais carentes das populações dos países pelo mundo. Entretanto, no Brasil, algumas ações vêm sendo realizadas para sermos mais uma exceção à regra.

Em 2005, foi criado, através da Associação Golfe Público de Japeri, o primeiro campo público do Brasil, que foi construído a partir de patrocínios e doações: O Japeri Golfe Clube tem nove buracos, possui ainda um Driving Range (área de prática) e a Associação disponibiliza aluguel de equipamentos. O espaço também é sede de uma escolinha de Golfe, que atende a mais de 100 crianças com idades entre sete e 17 anos, moradoras de Japeri.

No campo já brotaram muitos talentos do esporte. Um deles é Cristian Barcelos, segundo colocado no ranking estadual adulto, na categoria masculina scratch. Uma das promessas do esporte nacional. Cristian, que hoje tem vinte anos, quando ainda era um adolescente oriundo de um dos munícipios mais pobres do estado do Rio de Janeiro (Japeri), foi premiado com uma semana de treinamento na David Leadbetter Golf Academy, uma das melhores clínicas de Golfe do mundo, que fica no estado norte-americano da Flórida. Por lá, o garoto passou por treinamentos e palestras sobre preparo psicológico durante partidas e competições. Ele lembra o acontecido: “Foi uma das viagens mais legais da minha vida. Além de melhorar no Golfe, aprendi muitas outras coisas” recordou o garoto.

Rugby na areia pela democratização do esporte

Outro grão nessa imensidão que visa à democratização dos dois esportes no Brasil é a disputa dos campeonatos de Rugby na areia. Nada mais agregador que as praias do Rio de Janeiro. E é na orla carioca que são realizadas as partidas do Campeonato Fluminense, que tem séries A e B, além de competições também no feminino.

Os admiradores desse esporte terão um “ponto fixo” para assistir e praticar Rugby no Rio de Janeiro. No dia 24/6/2015, a Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) e a World Rugby (Federação Internacional) inauguram o primeiro campo de Rugby fixo em uma praia do Brasil. A estrutura com as duas traves em formato de “H”, tradicional da modalidade, ficam na praia de Copacabana, entre o número 1.130 da Av. Atlântica e a Avenida Princesa Isabel.

Com o campo de Rugby em Copacabana queremos disseminar e popularizar a modalidade na cidade-sede dos Jogos Olímpicos. Ter um campo na praia ajudará a que as pessoas fiquem mais próximas ao Rugby no seu dia a dia e possam facilmente começar a se animar a praticá-lo. Sabemos que nos jogos o torneio de Rugby irá atrair muitos torcedores brasileiros e estrangeiros. Com o campo na praia mais famosa do país, vamos também buscar o engajamento desse público” afirma Agustin Danza, CEO da CBRu.

Nunca o Golfe foi tão conhecido pelo brasileiro. Hoje ele é um esporte possível de ser praticado por toda a sociedade” garantiu Paulo Cezar Pacheco, presidente da Confederação Brasileira de Golfe.

Que assim seja. Que as opiniões de Agustin Danza e de Paulo Cezar sejam cada vez mais repetidas por aí. Esse é um jogo que todos ganham.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Felipe Lucena

Felipe Lucena é jornalista, roteirista, redator, escritor, cronista. Filho de nordestinos, nasceu e foi criado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em Curicica. Sempre foi (e pretende continuar sendo) um assíduo frequentador das mais diversas regiões da cidade do Rio de Janeiro.

Recentes