Aborto gera protestos e tumulto em sessão da Câmara do Rio sobre PL de Rogério Amorim

Sessão da Câmara do Rio sobre projeto que obriga cartaz antiaborto em hospitais tem protestos, provocações e termina sem quórum; texto segue em tramitação.

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Foto: Renan Olaz/CMRJ

A discussão sobre o aborto voltou a inflamar os debates na Câmara Municipal do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (8), durante a primeira análise do Projeto de Lei 2486/2023, de autoria do vereador Dr. Rogério Amorim (PL). A proposta prevê a obrigatoriedade de afixação de cartazes com mensagens contrárias ao aborto em hospitais e unidades de saúde municipais.

A sessão foi marcada por confrontos entre parlamentares e movimentos sociais. Nas galerias, manifestantes da Frente Estadual contra a Criminalização das Mulheres, Marcha Mundial das Mulheres, Levante Feminista e da ONG Minha Criança Trans entoaram palavras de ordem como “Legaliza o corpo nosso” e “PL do estuprador”, enquanto exibiam cartazes contra a medida. Um pequeno grupo pró-vida também esteve presente, tentando se manifestar diante do cenário ruidoso.

Representando o movimento pró-vida de Niterói, Ana Cláudia defendeu a proposta. “O projeto oferece informação que salva vidas e revela a violência oculta do aborto clandestino”, declarou.

Entre os defensores do texto, o vereador Rafael Satiê (PL) teve atuação destacada ao rebater duramente os protestos: “Vocês podem vaiar, espernear, não me constrangem com isso não. Tá tudo bem. Ser interrompido por idiotas é o preço que eu pago”, disse, provocando gritos de “machista” e “fascista” por parte do público.

Satiê ainda afirmou que “a favela é conservadora” e criticou a esquerda por tentar, segundo ele, “sequestrar a pauta da periferia”. Ele mencionou sua origem no Jacarezinho e no Complexo do Lins como exemplos. “Eu sou orgulho para minha mãe, que não abortou nenhum dos cinco filhos”, completou. Ao fim, deixou a tribuna sob vaias, fazendo coração com as mãos para os manifestantes.

Também do PL, o vereador Fernando Armelau ironizou os opositores do projeto com uma fábula e questionou: “Querem cartilha de gênero nas escolas, mas não querem um aviso simples sobre os riscos do aborto”.

Autor do projeto, Dr. Rogério Amorim (PL) defendeu a medida com o slogan “Sim à vida, contra a morte. Nós defendemos as mulheres”.

Do lado contrário, a vereadora Thais Ferreira (PSOL) criticou o conteúdo do cartaz. “Esse cartaz é ofensivo e desinforma. A saúde pública não é lugar para imposições ideológicas”, afirmou, solicitando verificação de quórum. A checagem levou ao encerramento da sessão por falta de parlamentares em plenário.

O vereador Satiê ainda provocou a colega ao dizer: “Respeita a ciência, vereadora. XX e XY”, após ser interrompido.

A votação foi adiada, mas o projeto segue em tramitação e deve voltar à pauta na próxima semana. Enquanto isso, o plenário segue dividido, sob os ecos de “PL do estuprador” e “pela vida das mulheres e das crianças”.

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3 COMENTÁRIOS

  1. O RJ um caos e os caras discutindo cartaz e pautas morais pra fazer corte e postar na Internet para o séquito de seguidores engajar.

    Uma decadência sem fim. Temos que repensar essa democracia liberal financeira. O povo tem que ser protagonista no Estado. As necessidades coletivas têm que vir em primeiro lugar.

  2. Essas energumenas bestas estão com tempo de sobra para propor leis idiotas…
    Outra proposta foi para que 4 de setembro seja dia da Boneca reborn…

    Enquanto isso a violência escoa pelos cantos, em parte na depredação de bens públicos do município em praças e ruas, furtos se cabos deixando semáforos sem funcionar, e o executivo se mostra ineficiente em proteger o patrimônio municipal, por meio de sua guarda, ou vigilância privada contratada nos hospitais que por vezes tem bens desviados, tudo isso, não é fiscalizado pelo legislativo (a quem compete fiscalização).
    Rio de Janeiro… É Brasil

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