ACERJ, Botafogo e Comissão dos Direitos Humanos da Alerj se posicionam sobre o caso do PM aposentado que atirou em jornalista

Na madrugada desta segunda, Igor Melo de Carvalho saía na garupa de um mototáxi da casa de samba Batuq, na Penha, onde trabalha nos finais de semana, e foi baleado pelas costas por Carlos Alberto de Jesus

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Igor, o jornalista baleado — Foto: Reprodução/Redes sociais

A Associação Cronistas Esportivos Rio Janeiro (ACERJ), o Botafogo de Futebol e Regatas e a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (CDDHC) deram declarações a respeito dos disparos efetuados pelo policial militar aposentado, Carlos Alberto de Jesus (61 anos), no jornalista, estudante de publicidade e garçom da casa de samba Batuq, Igor Melo de Carvalho, de 32 anos,. As notas foram em tom de repúdio ao ocorrido e desejaram pronta recuperação para Igor, além de cobrarem justiça. No final da matéria, os textos na íntegra.

Na madrugada de segunda-feira (24/02), no Viaduto João XXIII, na Penha, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, Igor Melo de Carvalho foi baleado pelas costas. Os disparos foram feitos por Carlos Alberto de Jesus, PM aposentado. Carlos Alberto alegou que estava perseguindo supostos criminosos que haviam roubado o celular de sua esposa. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o Igor, que é jornalista em um canal que cobre o Botafogo, estudante de publicidade na faculdade Celso Lisboa (onde também trabalha) e faz extras como garçom na casa de samba Batuq nos finais de semana, subiu na garupa da moto saindo do local.

Após ser atingido, Igor Melo rastejou para fora da pista até a entrada de uma casa. De lá, ligou para o dono da Batuq pedindo socorro. Assim que chegaram, socorreram o rapaz de imediato até o hospital. Ele contou no caminho que acreditava ter sido vítima de uma tentativa de homicídio ou de latrocínio (roubo seguido de morte). Segundo a direção do Hospital Getúlio Vargas, o estado de saúde de Igor é considerado grave.

Mototaxista está preso

Thiago, o motoqueiro que levava Igor para casa, que fica em Turiaçu, na Zona Norte do Rio, após os disparos, foi preso e levado para a Cadeia de Custódia de Benfica, onde permaneceu durante toda a segunda-feira. A audiência de custódia está marcada para está terça, mas sem horário definido. A família do mototaxista disse que o PM afirmou na delegacia que Thiago disparou contra ele.

Contudo, o PM da reserva disse que não encontrou o celular da mulher e nem a arma que ele alegou estar com Igor e Thiago.

PM aposentado que atirou alega ter visto arma com Igor

O policial da reserva que atirou no jornalista Igor Melo afirmou em depoimento na 22a DP (Penha) ter visto uma arma na mão de Igor, que estava na garupa de uma moto.

Segundo Carlos Alberto, motoristas de outros veículos que estavam no local teriam dito que o motociclista e Igor estariam fazendo um arrastão. Imagens de câmeras de segurança, no entanto, mostram o momento em que Igor subiu na garupa da moto na porta do bar onde trabalha.

O PM da reserva disse ainda que não encontrou o celular da mulher e nem a arma que supostamente estaria com Igor.

O que diz a polícia

Em nota, a Polícia Militar informou que agentes foram à Avenida Lobo Júnior, na Penha, para verificar uma ocorrência de invasão a domicílio.

No local, os agentes constataram que dois suspeitos, que trafegavam em uma motocicleta, foram alvos de disparos de arma de fogo efetuados por ocupantes de um veículo desconhecido. Um deles foi atingido e socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas.

O caso foi registrado na 22ª DP (Penha). O policial que atirou se apresentou como autor dos tiros e a esposa reconheceu o piloto da moto como um dos envolvidos no roubo do celular dela.

A Polícia Civil não disse por que Igor está internado sob custódia, uma vez que a mulher do PM reconheceu apenas o condutor da moto.

Associação Cronistas Esportivos Rio Janeiro se posicionou

A ACERJ vem a público manifestar seu total repúdio contra a ação do Policial Militar da reserva, que, baseado em relato inconsistente, disparou contra uma moto de aplicativo na qual encontrava-se como passageiro o nosso associado Igor Melo, estudante de Comunicação, trabalhador+

casado e pai de família. Uma ação brutal, inconsequente, e que mais uma vez desvela o grave racismo estrutural que acomete a nossa sociedade. Igor passou por uma cirurgia, perdeu um rim, mas felizmente vem demonstrando melhora na sua recuperação.

A ACERJ externa votos de pronto restabelecimento para o Igor, presta solidariedade aos seus parentes, amigos e pede justiça!

Botafogo também publicou uma declaração sobre

O Botafogo deseja força e uma pronta recuperação ao torcedor, estudante e trabalhador Igor Melo, que encontra-se hospitalizado após ser baleado enquanto deixava o trabalho e retornava para casa. O Clube cobra justiça e elucidação dos fatos!

Igor participou de inúmeros atendimentos à imprensa realizados pelo Clube e atuou sempre com profissionalismo e respeito com atletas, funcionários e colegas de profissão.

Estamos juntos em pensamento positivos!

CDDHC acompanha caso de jornalista baleado

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (CDDHC) acompanha de perto o caso do jornalista esportivo Igor Melo de Carvalho, baleado na madrugada desta segunda-feira (24) após ser confundido com um assaltante na Penha, Zona Norte do Rio. A Comissão já presta atendimento à namorada de Igor e tomará providências para garantir que o caso seja investigado com transparência e justiça.

A deputada estadual Dani Monteiro repudia com veemência mais um episódio de violência policial desmedida e racismo estrutural, que coloca em risco a vida de jovens negros nos subúrbios do Rio de Janeiro.

“É uma vergonha que um trabalhador negro, voltando para casa, seja brutalmente atacado com um tiro nas costas por quem deveria proteger a população. Esse caso escancara o racismo que permeia nossas instituições e demonstra o despreparo de agentes que fazem da cor da pele um critério de suspeição e execução. Quantas vezes mais vamos ter episódios de atirar primeiro e perguntar depois?”, questiona Dani, titular da CDDHC.

A CDDHC irá ainda hoje ao hospital onde Igor está custodiado para verificar sua condição e exigir que todos os seus direitos sejam garantidos. A Comissão também cobrará esclarecimentos polícias, especialmente da Militar, exigindo explicações sobre a conduta do policial aposentado responsável pelo disparo.

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