Adolescentes e jovens criam soluções para enfrentar situações de violência cotidianas vividas no Rio de Janeiro

Com participantes da Maré e Pavuna, as soluções foram construídas no projeto Chama na Solução, realizado pelo UNICEF em parceria técnica com CEDAPS

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Entre março e maio deste ano, o projeto ‘Chama na Solução 2022’ reuniu 50 jovens moradores de comunidades do Rio de Janeiro, organizados em grupos, em sua maioria, da Maré e Pavuna, com o objetivo de criarem soluções para prevenir e enfrentar violências cotidianas que afetam suas vidas e o seu território. Realizado pelo UNICEF em parceria com a ONG Cedaps (Centro de Promoção da Saúde), o ‘Chama na Solução’   finaliza agora com cinco propostas de ação desenvolvidas pelos jovens: pesquisa comunitária, podcast, websérie, roda de conversa e batalha de slam – apresentadas no sábado, 4 de junho, a partir das 13h30, na Arena Cultural Jovelina Pérola Negra (Praça Ênio, s/nº – Pavuna).

A temática é central para as juventudes, especificamente em territórios vulneráveis. Além disso, nos últimos dois anos, por conta da pandemia, a percepção desse grupo sobre violência se alterou. “Os jovens ficaram mais reclusos – o que não significa que estiveram menos expostos à violência”, explica Hugo Sabino, assistente de projetos no Cedaps.

“Adolescentes e jovens vivenciam múltiplas violências que afetam duramente seu cotidiano nas periferias e favelas do Rio e precisam participar da construção de soluções para a prevenção e enfrentamento dessas violações. O projeto nos confirmou que eles querem informações sobre os diferentes tipos de violência, de como prevenir novos casos e como acessar canais de denúncia e ajuda, quando necessário”, completa Joana Fountoura, oficial de cidadania e participação de adolescentes do UNICEF no Rio de Janeiro.

De acordo com Juliano Pereira, assessor pedagógico no Cedaps, “o tempo de pandemia permitiu que os jovens olhassem para o seu território de forma mais qualificada – mais para dentro de suas casas e para a forma como vivem. Com isso, os jovens começaram a perceber comportamentos de violência que estavam ali, no seu cotidiano, muitas vezes naturalizados, como, por exemplo, a falta de saneamento básico ou mesmo a saúde mental do jovem periférico”. Ele explica que essa conclusão é parte de uma pesquisa comunitária realizada no segundo semestre de 2021, com mais de 400 adolescentes e jovens moradores de comunidades do Rio, que fazem parte da Rede Jovens Construtores.

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Construção de soluções – A metodologia do projeto ‘Chama na Solução’ parte da proposta de construção compartilhada de conhecimento. Nesse sentido, em cada encontro realizado, os jovens traziam demandas e ideias para o enfrentamento das violências nos seus territórios, considerando suas percepções e vivências – isso inclui também a violência racial, policial ou contra pessoas LGBTQIA+. As cinco soluções desenvolvidas no ‘Chama na Solução’ receberam um suporte técnico da equipe do Cedaps, acompanhamento do UNICEF e mentores; além do custeio de todas as ações para sua realização.

Moradora da Pavuna e estudante do curso de economia na Universidade Rural e técnico em contabilidade no SENAC, Julia Alves Carlos (20 anos) fala da oportunidade de participar do projeto: “Fico feliz, principalmente por ser destinado a uma área pouco vista e carente de ações públicas, ainda mais num assunto tão forte quanto o que está sendo tratado. Acredito que seja muito importante falar sobre as formas que a violência possui e como sair delas (tanto como vítima, quanto como agente) – isso melhora a convivência em sociedade e consigo mesmo enquanto indivíduo”.

Jonatan Peixoto (22 anos) é morador da Maré-RJ e aluno de Ciências sociais da UERJ, e foi outro dos participantes do ‘Chama na Solução’. “Participar do projeto, através do Coletivo Jovens Revolucionários, me ajudou bastante na minha conexão com outros jovens, já que a pandemia fez com que ficássemos cada vez mais fechados. Formamos uma frente de trabalho coletivo para construirmos com cada morador, ajudar cada um nessa jornada, nesse momento difícil.  A construção desse coletivo traz esperança. Os dados sobre o impacto das violências na vida de adolescentes e jovens da Maré serão fundamentais para levantarmos uma base e reivindicar ao poder público, políticas públicas para o nosso território”, explica.

Já Tainara Santos Rodrigues (21 anos), moradora de Pavuna, comenta: “Muitos jovens são capazes de elaborar, criar e botar em prática coisas incríveis, por isso esse tipo de ação é necessária e importante. Meu grupo é o Palavra Por Palavra que vai trabalhar sobre violência verbal. Muitas pessoas passam por esse tipo de violência e não percebem como é grave, talvez até por ser algo ‘cultural’ que vem de outras gerações e muitos acabam se acostumando com essa situação”.

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