Alberto Gallo: Qual a saída para o Galeão?

É fundamental para o Rio de Janeiro, dispor de uma excelente infraestrutura aeroportuária e de logística, para o estado que que pretende ser grande referência do pais em turismo, eventos e atratividade de negócios e especificamente no setor petrolífero. Como então transformar a desistência de uma operadora internacional de aeroportos em uma oportunidade para o setor?

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Interior do RIOgaleão - Foto: Reprodução/Internet

Houve um tempo que a piada pronta era dizer que a melhor saída para o Brasil era o Galeão. Isso numa visão pessimista de que o país não tinha futuro, nem projeto e que a única alternativa era abandonar o Brasil. Assim fizeram muitos que migraram para Portugal, EUA, Austrália ou outras nações, buscando nova pátria para construírem suas vidas. Mas dizem também, que esse povo tupiniquim é teimoso e não desiste nunca. De fato, vemos que pode existir um Brasil viável, capaz de abrigar a todos, com trabalho digno, renda e principalmente paz, esse bem tão precioso neste momento e que sempre foi um dos tesouros desta terra.

Neste mês de fevereiro, a Concessionária RIO Galeão, que operava desde 2013 a concessão do aeroporto Tom Jobim, oficiou ao governo, seu pedido de devolução do contrato de operação do aeroporto que tinha prazo até 2039. O grupo Changi, que em 2013 liderou o consórcio vencedor da licitação para concessão do aeroporto, que foi leiloado por 19 bilhões de reais. Trata-se de um grupo experiente no setor, que administra quase 40 aeroportos em 19 países, entre os quais o de Cingapura, um dos melhores do mundo e com fluxo médio anual de mais de 50 milhões de pessoas. O nosso Galeão, tinha fluxo anual médio de 15 milhões de passageiros até 2019, sendo que após a pandemia esse média caiu para em torno de 4 milhões, sendo que os efeitos negativos da pandemia e o baixo desempenho econômico do pais nos últimos anos, estão entre as alegações para devolução.

Valem algumas observações importantes, para entendermos qual a melhor solução em termos de benefícios para sociedade e estado.

Primeiro temos a vocação do turismo. Nenhum outro local do pais, reúne atrativos naturais, históricos agregados com centro urbano, serviços e ainda considerada uma capital mundial. A cidade do Rio é abençoada por Deus e bonita por natureza, como dizia a canção do Jorge Benjor, tem tantas possibilidades que seus moradores e dirigentes acabam por se acomodar diante de tanta fartura em potencialidades. Mas é preciso zelar pela qualidade do que temos e investir para que estas potencialidades deixem de ser reservas teóricas e se tornem efetivamente fontes de renda e desenvolvimento.

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O setor de turismo requer não apenas aeroportos modernos, como serviços de excelência e com nível internacional. Portanto, tão importante quanto a modernização tecnológica, a segurança das pistas e o treinamento da equipe de operação; está a interface com o usuário que deve ser gentil, amigável. O ambiente deve ser limpo e higiênico e dispor de um bom fluxo de circulação e comunicação visual. Nestes quesitos o Galeão é muito bem avaliado e é fundamental que continue assim. Portanto o primeiro quesito para o novo operador é manter a baliza de serviços elevada.

Um segundo aspecto é da integração dos serviços de logística. Parece bastante acertada a proposta de um leilão conjunto dos aeroportos Santos Dumont e Galeão, segundo informado pelo Ministério da Infraestrutura. Desse modo deve haver uma otimização das equipes, unificação dos serviços considerando o padrão de atendimento e a viabilização das operações evitando uma concorrência do tipo canibalismo que poderia ser prejudicial ao negócio. Se por um lado existem críticas ao modelo de monopólio com um só operador administrando as duas concessões, por outro vale lembrar que no passado recente só havia um operador para todo pais que era a Infraero.  E o monopólio pode ser minimizado com controle de tarifas e exigência de padrão mínimo de serviços. Por outro lado, o ganho de escala e adequação da operação conjunta é o que permitirá a operação sustentável das duas unidades.

É importante oferecer alternativas de transporte de massa aos aeroportos, seja na ligação entre os dois terminais, como na integração ao sistema de Metrô. A linha do BRT que atende ao Galeão não é um vetor de transporte para o carioca, gastando quase duas horas até o terminal Alvorada, na Barra. Para os moradores das outras regiões, restam os ônibus e taxis que ficam dependentes do transito e cujo tempo de deslocamento passa a ser uma incerteza. Entendemos que o custo de uma alternativa de ramal de metro é muito alto, mas é algo que precisa ser planejada, considerando o ganho para outras regiões como a Ilha do Governador, Fundão, OIaria e São Cristóvão. Apenas como exercício de imaginação, uma linha do Galeão até a Estação Leopoldina que se unisse à Estação Cidade Nova. Dali e que ramificasse para rodoviária, Santos Dumont e que pudesse no futuro ser ligada a outro ramal para zona sul. Não importa a solução, é preciso que a ligação entre os aeroportos ocorra de forma orgânica, e que esteja alocada nos editais, seja como obrigação do estado ou do setor privado. Inclusive quebrando a maior barreira ao público que é a locomoção.

O setor aero foi um dos mais afetados pelo Covid, e talvez venha a ser um dos que vão ser sofrer maior impacto a partir dela.  Ocorre que com o desenvolvimento das comunicações, reuniões virtuais e adoção das soluções remotas para negócios, congressos e conferências vão reduzir a necessidade de locomoção de pessoas. É um desafio para uma reinvenção do setor que é estratégico e fundamental para o desenvolvimento de qualquer pais.  De imediato temos o caminho do turismo já apontado e também o transporte de cargas.  Nesse sentido, além da integração urbana com outros aeroportos e metrô que é fundamental para turismo e trazer consumidores ao aeroporto, temos a necessidade de interligação com outros modais de carga.

O potencial do transporte aéreo para cargas rápidas e inteligentes parece ser um dos caminhos futuros da reformulação do setor. Grandes empresas de venda por plataformas digitais, tal como Amazon, Mercado Livre e Americanas.com, para citar apenas três, estão em um acirrado mercado que inclui agilidade na entrega e confiança no marketplace.  É um mercado que cresce mundialmente integrando empresas e consumidores e que demandam grande automação e customização de pedidos.

E para isso o transporte aéreo precisa ser integrado à estrutura de galpões, docas, sistemas ágeis de centro de distribuição agregados com módulos de transporte leve. É uma grande oportunidade para empresas do setor imobiliário e de serviços no crescimento dessa demanda e que pode se tornar uma fonte de faturamento considerável e que viabilize setor de aeroportos.

O momento é oportuno para gestores públicos estruturem a operação dos aeroportos, buscando a sinergia entre voos domésticos, internacionais e o transporte de cargas. E priorizando benefícios para o Estado do Rio e especialmente ao município com a integração do transporte público, valorização dos espaços de convivência e atração de novos investimentos, inclusive daqueles necessários para a adequação técnica das pistas, considerando as aeronaves modernas e a segurança.

COMO A GUERRA PODE AFETAR A VIDA DO CARIOCA?

Alimentos, combustíveis e cambio devem ter uma elevação imediata, mas além disso o que podemos esperar de impactos na rotina, como reflexo direto do conflito entre Rússia e Ucrânia?

O impacto mais imediato é alteração no preço do trigo que é base da produção de massas, pães e da cerveja, além de servir de forragem para produção animal. A Ucrânia é um dos maiores produtores da Europa e o Brasil é importador importa 40% do que consome.  A demanda internacional aumentando, implicará na alta de seu custo. Ou seja, o churrasco e a cerveja vão ficar mais caros.

Também o milho está com tendência de alta nos mercados, assim como os fertilizantes que foram uma das justificativas da recente viagem diplomática do governo brasileiro à Rússia. Some-se a isso eventuais alterações nos procedimentos comerciais e de pagamentos internacionais, que podem comprometer e atrasar as importações e desta forma a produção agrícola para safra 2022/23 poderá ser afetada.

Além disso, o impacto da demanda de gás e petróleo nos países europeus, já elevou o barril do petróleo tipo Brent, acima dos Us$ 105,00, maior pico desde 2014. Estes dois eventos, alta de alimentos e petróleo significam uma forte pressão na inflação, projetada pelo Banco Central para 5%, mas que analistas já estão revendo para pior num quadro de inflação e estagnação econômica em ano eleitoral.

Outros dois impactos diretos estão no câmbio e seu efeito sobre os produtos importados que ficam mais caros e da mesma forma a produção nacional se torna mais barata. Ou seja, toda a produção de riqueza interna, passa a ter menor poder de compra internacionalmente ou seria como se todos os brasileiros se tornassem um pouco mais pobre.  Também a deterioração das relações internacionais, o acirramento da polarização com blocos, repetindo o modelo da guerra fria dos anos 60/70 aumenta o custo do comercio internacional e reduz as transações. Este movimento aumenta pressão para estagnação da economia brasileira, mantem juros altos e nos condena a mais alguns anos sem a desejada retomada e crescimento.

E quais as oportunidades? Se por um lado a cerveja e o churrasco podem ficar mais caro, por outro a alegria do brasileiro e seu dom para bem receber tornam o pais um ótimo destino turístico num cenário internacional conturbado. Aqui devemos oferecer ambiente de entendimento entre povos, etnias e pessoas, mostrando que é da índole do brasileiro o respeito pelo irmão. E o primeiro passo é segurança pública. Mudar a visão de guerra urbana, para país da paz!  Podemos também fortalecer o mercado interno e traçar um programa estratégico para independência na produção de fertilizantes e produtos agrícolas que não nos torne refém de crises internacionais.Também o setor de tecnologia e infraestrutura, devem ser vistos como motores para evitar a estagnação econômica, uma vez que geram emprego e renda.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Mesmo depois de o estado e prefeitura se mobilizarem, embasados em estudos da Firjan e Fecomércio, ainda vemos opiniões desqualificadas sobre o assunto. Falam em fechamento do maior sítio aeroportuário do Brasil, uso do acanhado e calorento Santos-Dumont como principal aeroporto etc

    São apenas 4 tipos de palpiteiros:
    – paulistas, mineiros e brasilienses que se beneficiam do esvaziamento do Galeão;
    – pequenos empresários daquele pequenino aeródromo e do entorno;
    – alguns cariocas que não sabem que a cidade do Rio continua depois do túnel Rebouças;
    – quem imagina que a Região Metropolitana não usa aeroporto, ou pode se deslocar inteiramente ao Centro do Rio para pegar avião.

    Felizmente grandes empresários e gestores qualificados perceberam, através de estudos sérios, o impacto positivo da valorização do Galeão. É um caminho sem volta, apesar de baixos interesses em contrário.

    Podem espernear: o maior sítio aeroportuário do Brasil terá melhores ligações de transporte com a cidade do Rio e região metropolitana. E será um motor econômico da cidade, do estado e do Brasil.

  2. Uma ligacao fereoviaria de 1400 metros até a estacao da penha( bsixo custo para construir)

    Um calado para navio porta container ao lado da pista perto de tubiacanga

    Ligacao para br101 . Washington luiz. Rio sao paulo

    Uma refinaria de petroleo em duque de caxias para abastecer a industria.

    Duplicar a pista maior e dwsativar a outra pista pata cisntruir galpoes de i dustria destinado a exportacao tipo igual as ZEE’s da China.

    Pronto criado o complexo industrial e logistico destinado a exportaçao…. ferroviario/aéreo/rodoviario e maritimo tudo em uma só região.

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