Alegando efeitos da pandemia, Viação Util deixa passageiros a pé em Miguel Pereira

Mesmo com passagens esgotadas para a cidade turística do interior nos dias 25 e 26 de dezembro, empresa não coloca ônibus extras para volta ao Rio e diz que ter déficit grande de passageiros no trajeto

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Imagem meramente ilustrativa de ônibus da Viação UTIL - Foto: Reprodução/Revista do Ônibus

Cidade com proposta de ser uma espécie de ”Gramado Fluminense”, Miguel Pereira, no Médio Paraíba, desponta como um polo turístico, mas nem sempre fácil de chegar por transporte tradicional. Com várias atrações, inclusive para o Natal, o município vem aumentando o número de visitantes, mas a empresa de ônibus da Viação UTIL que sai da Rodoviária Novo Rio com destino à localidade parece que não está dando conta da demanda. O resultado, viajantes ficam a pé ou tem que pegar um ônibus urbano até Japeri, andar até a estação para pegar o trem, com malas, crianças e até animais na caixa de transporte.

A luta por passagens para curtir os eventos natalinos teria começado no fim de semana do dia 17, mesmo da chegada do Papai Noel em Miguel Pereira. ”Não tinha passagem e vim antes para não ficar sem. Há poucas opções e corri para avisar minha cunhada, que iria no fim de semana seguinte”, conta uma usuária, que estava com o filho de 10 anos.

Em um teste feito pela reportagem do DIÁRIO DO RIO, constata-se que a volta para o Rio no dia 25 e algumas do dia 26 teriam já acabado dias antes do Natal. E quem conseguiu comprar para o dia 26, teve dificuldade para embarcar junto de crianças, já que maiores de cinco anos têm que adquirir um bilhete individual, segundo a lei, não podendo ir em colo.

O caso ocorreu com a aposentada Regina Lima, de 69 anos. ”Eu tive que comprar em uma poltrona separada da minha netinha, de sete anos, um absurdo, que nem tinha como vê-la do meu assento. E ainda não me senti bem de saúde e tentei comprar da minha filha, para ir comigo, mas não tinha como no dia. Agora, o engraçado é que ouvi que a ÚTIL, que tem o monopólio aqui na região, sobre um veículo deles alugado para outra viação quando eu estava na rodoviária do Rio. Nada de atender os próprios clientes, só os de fora”, queixa-se ela, que é diabética.

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A idosa ainda relata que a filha, de 39, teve que pegar o ônibus urbano e descer em Japeri para pegar o trem. ”Morri de preocupação, mas era tanta gente que teria que fazer o mesmo, que ela teve até gente para ir junto. Falou que eram uns 20 que pegaram trem, boa parte por não achar passagem de ônibus para a Novo Rio”, completa Regina.

Um homem, que não quis se identificar, chegou a comprar a passagem, mas para o mês seguinte por engano. Ao chegar na rodoviária para trocar, teve a decepção de não conseguir passagem para o dia 26 de dezembro. ”Estou aqui desde 10h e eles não dão solução alguma. Vou de van e trem para não perder meu emprego”, detalha ele, que trabalha como segurança em uma empresa

Na fila, alguns passageiros lamentam a diminuição da frota após a pandemia e disseram que tinha ônibus às 7h e não repuseram mais, nem em dia de atrações na cidade. O horário foi retirado de circulação por operar em até 50% da capacidade, de acordo com a empresa.

Em nota, a ÚTIL informa que o eixo que mais sofreu com a pandemia foi das linhas intermunicipais. A empresa ainda alega ter um ”déficit grande de passageiros no eixo intermunicipal”, mas reconhece que o interestadual, como Rio-Minas Gerais, supera números de 2019.

Mesmo sem passagens disponíveis para compra sem muita antecipação, a viação ainda alega que o turista de Miguel Pereira costuma preferir pelas viagens de carro as de ônibus. A companhia enfatiza que a oferta de veículos regularizados para a locação é escassa, mas que costuma alugar em casos de necessidade. A empresa salienta que já comprou novos ônibus para ampliação da frota, porém, as unidades não foram disponibilizadas ao público por atraso do fabricante.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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4 COMENTÁRIOS

  1. Sou usuário a mais de 5 anos dessa linha, na pandemia retiraram vários horários e não retornaram depois. Hoje os ônibus so trabalham lotados, com isso a empresa não tem como alegar prejuízo, sem contar que mesmo a passagem esgotando com muita antecedência, não colocam extra.
    Os ônibus são de péssima conservação, deixando sempre os passageiros a pé. O Ar condicionado nunca funciona e se reclamar com o motorista, são mal educados.
    A passagem é um absurdo. A mesma empresa faz Rio x juiz de fora. O trajeto de Juiz de Fora, são aproximadamente 183 km e se não me engado 3 pedágios, o valor da passagem é de R$79,00. Para Miguel Pereira, são 110km e não tem pedágio e o valor da passagem é R$ 64,00.
    OBS: Rio x JF pela Brisa o valor da passagem é de R$36,90 (Viação Brisa é do mesmo dono da UTIL

  2. A útil sempre teve o monopólio nessa região e nunca justificou isso. Péssimo atendimento e qualidade dos carros. Realmente, demora para entrar porque o cheiro de mofo enjoa mais que as curvas da viagem. Deveria ter outras viações que façam esse trajeto.

  3. Algumas linhas operadas por essa empresa sofrem do mesmo problema, redução de horários e sem perspectiva de melhora, passagens caras, ônibus com manutenção deficiente, banheiros sem condições de uso… De Juiz de Fora para Valença funciona somente um horário por dia, já foram 4 horários em cada sentido, hoje se vai de manhã e retorna à tarde… infelizmente a falta de concorrência facilita esses descasos…

  4. O que a reportagem não informa São os valores dessa passagem, estando entre os kms rodados mais caros do país. Além disso, os ônibus são bonitos por fora, envelopados, mas o interior tem cheiro de mofo e o ar condicionado, no verão, só funciona do meio para frente, em sua grande maioria.

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