Com cerca de 300 mil pessoas aguardando atendimento na fila do Sistema de Regulação de Saúde (Sisreg) no Rio de Janeiro, o candidato à prefeitura do Rio, Alexandre Ramagem (PL), anunciou um plano ambicioso para enfrentar a crise na saúde pública da cidade. Durante uma agenda de campanha nesta sexta-feira (30/08), na Praça Jardim do Méier, Zona Norte, Ramagem prometeu criar um turno noturno de atendimento e fortalecer parcerias para ampliar as equipes de atenção básica, com um investimento estimado de R$ 1 bilhão por ano.
“Vou reduzir em 80% a fila do Sisreg. Para isso, criarei um turno noturno permanente para acelerar os atendimentos. Diminuir essa fila será uma das missões mais difíceis que terei como prefeito, mas é essencial para colocar a saúde como prioridade. Esse investimento não é gasto, é um investimento em vidas”, declarou Ramagem.
O candidato também criticou a atual gestão municipal, citando uma denúncia do Sindicato dos Médicos ao Ministério Público e à Defensoria Pública sobre um suposto esvaziamento forçado da fila do Sisreg em pleno ano eleitoral. Segundo a denúncia, cerca de 90 mil solicitações de procedimentos médicos foram devolvidas sem explicação, prejudicando milhares de pacientes.
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“Estamos diante de uma fraude eleitoral. Pessoas estão sendo arbitrariamente retiradas da fila do Sisreg para manipular os números e enganar a população. Isso demonstra um total descaso com a saúde pública. Conversei com várias pessoas que não estão sendo atendidas pelo município“, criticou Ramagem.
Durante a caminhada no Méier, Ramagem ouviu relatos de pacientes que enfrentam longos períodos de espera por atendimento. Entre eles, o motoboy Victor Quintão, de 31 anos, que aguarda há nove anos por uma cirurgia de reconstrução do intestino após ser vítima de uma bala perdida. “Disseram que a espera seria de seis meses, mas já se passaram nove anos. É muito difícil viver nessa incerteza“, lamentou Victor.
O número de pacientes na fila do Sisreg aumentou em mais de 143 mil pessoas entre 2022 e 2023, chegando a um pico de 320.778. Embora tenha havido uma leve redução, cerca de 300 mil pessoas ainda aguardam atendimento. Os pedidos por exames oftalmológicos, por exemplo, saltaram de 19 mil em 2022 para 86 mil em 2023.
Ramagem também apontou problemas crônicos nas unidades de saúde da cidade, como o Hospital Municipal Salgado Filho, referência em ortopedia e traumatologia, que enfrenta superlotação e falta de infraestrutura adequada. Em julho, um incidente trágico ocorreu quando um paciente de 28 anos morreu após ficar preso em um elevador do hospital por 16 minutos.
“O Hospital Salgado Filho é o único grande hospital municipal do Rio que não possui uma Coordenação de Emergência Regional (CER). Vamos estabelecer parcerias público-privadas nessas unidades para melhorar a administração, infraestrutura e fornecimento de insumos“, afirmou Ramagem.
Entre suas propostas de governo, Ramagem promete modernizar a gestão dos leitos hospitalares, reduzir o tempo de internações desnecessárias, facilitar o fluxo de pacientes e implementar um protocolo humanizado. Ele também planeja fortalecer as grandes emergências para otimizar a internação hospitalar, melhorar os centros cirúrgicos, os setores de triagem e tratamento, e reformar as instalações dos hospitais municipais.