Amaury Lorenzo leva espetáculo ‘A Luta’ a Duque de Caxias e fala sobre próximos trabalhos

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO, o ator falou sobre os próximos passos em sua carreira no cinema, TV e teatro

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Foto: Larissa Ventura/DIÁRIO DO RIO

Neste domingo (16/06), às 19h, o ator Amaury Lorenzo, que fez grande sucesso no elenco da novela Terra e Paixão, da TV Globo, como o personagem Ramiro, apresenta o espetáculo “A Luta” no Teatro Firjan SESI de Duque de Caxias. O espetáculo é baseado na terceira parte do livro Os Sertões, de Euclides da Cunha e está com os ingressos esgotados. 

Com direção de Rose Abdallah e dramaturgia de Ivan Jaf, a obra é um monólogo teatral que transforma o ator em um poeta que conta, em uma longa prosa épica, as batalhas ocorridas em Canudos, em 1896, entre os homens e mulheres chefiados por Antônio Conselheiro e as forças militares da República, recém-proclamada no Brasil (1889).

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO, o ator falou sobre o espetáculo, um monólogo que narra um fato importante para a história do Brasil: “é uma peça que trata sobre identidade brasileira, com a guerra de Canudos né? […] A gente está contando uma história, um fato muito importante para construção de quem nós somos. Então por isso que eu acho muito importante esse espetáculo. Ele tem uma relevância muito grande porque ele trata da nossa história. Eu sempre digo que nós conhecemos muito sobre Shakespeare, nós conhecemos sobre histórias de autores que não são brasileiros e está tudo bem. Mas eu acho muito importante quando a gente aprende sobre a nossa história. A gente entende de onde a gente vem, né? Porque quando a gente entende de onde a gente vem, do nosso passado, a gente melhora quem a gente é agora e melhora o futuro também. Então é um espetáculo que trata sobre a guerra de Canudos, sobre a história do nosso país e acho fundamental que todos nós brasileiros saibamos da nossa história”, disse.

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Foto: Divulgação

O ator também falou sobre seus próximos trabalhos no cinema, na TV e no teatro. “Eu estou protagonizando ao lado da Jéssica Ellen e ao lado de um elenco maravilhoso um filme chamado Vítimas do Dia. É um filme pelo Globoplay, da Rede Globo, que quando fui convidado, fiquei muito feliz. É a história do Elder, que é um Uber, isso é interessante porque dialoga muito com a minha vida, o meu irmão é Uber, o meu pai é caminhoneiro… Então em Vítimas do Dia eu faço o Elder, um homem de trinta e poucos anos, que conhece a personagem da Jéssica Ellen, que é a Daiane e ele se apaixonam e vivem uma história muito bonita e muito trágica, uma história de amor que é interrompida por uma violência, algo muito grave, quando ele leva um tiro… e a partir daí todo todas as relações, os dramas, as emoções do filme são desenvolvidas. É um filme muito bonito com final surpreendente, que foi feito com muito amor, muito carinho, com direção do maravilhoso Bruno Safra. O filme vai estrear ainda esse ano e espero que vocês curtam”, contou, antes de falar sobre seu próximo projeto na TV.

Também vou estar com o protagonista da próxima novela das sete, Volta por Cima, também ao lado da amada Jéssica Ellen, profissional incrível. Eu estou muito feliz, estou muito agradecido. […] É um elenco majoritariamente preto, a gente vai estar falando sobre coisas muito pertinentes, muito atuais, muito bonitas, uma novela muito divertida, muito alto astral e eu espero que as pessoas apreciem mais uma faceta do meu trabalho enquanto ator depois do Ramiro”, afirmou.

E não parou por aí. O ator, que atualmente integra o elenco do Dança dos Famosos, revelou que também tem projetos para o teatro: “eu sou um artista pesquisador que não paro… Eu vivo pesquisando, vivo lendo, leio muito, vou a muitos espetáculos, eu tenho muitos projetos ao longo de 18 anos enquanto professor de teatro, eu tenho textos teatrais autorais, que eu mesmo escrevi e tenho muitos projetos que eu eu parei para fazer a novela. Projetos teatrais, de textos meus, direção minha também, então são muitos projetos que eu quero retomar, além de A luta, né? […] mas outros projetos eu tenho, porque sou dramaturgo também, escrevo textos e dirijo também teatro há 18 anos. Então, eu tenho dois projetos que quero retomar para o ano que vem de teatro e espero que o público curta também”.

Amaury Lorenzo no palco
Amaury Lorenzo no teatro lotado (foto: Alvaro Tallarico)

Arte e educação

Amaury também é professor de teatro há 18 anos. O DIÁRIO perguntou se ele acredita no teatro como uma ferramenta educacional. O ator afirmou que acredita “que a arte tem um papel fundamental na transformação do nosso país e a educação também”. 

“[…] A Luta, inspirada em Os Sertões, de Euclides da Cunha, é um trabalho também de formação de plateia. O público vai ver o trabalho do ator, para ver a história sendo contada, mas acaba que sai do teatro com uma aula de história no corpo, nas suas memórias. É para além da emoção, é também para intelectualidade, para adquirir conhecimento. Arte e educação caminham juntas pra transformação do nosso país e eu acho que essa é uma força que precisa ser amparada pelo poder público, a gente precisa de políticas públicas que contemplem a educação no nosso país, pras crianças, pros jovens, para melhor idade, a gente precisa de políticas públicas que contemplem a arte enquanto ferramenta de transformação. Eu fui transformado, enquanto jovem da periferia, filho de pai caminhoneiro e de mãe dona de casa, foi apenas pela educação que eu pude ter passado pela universidade, ter 26 anos de carreira enquanto ator no Rio de Janeiro, no Brasil inteiro por ter feito esse personagem brilhante, esse presente que foi o Ramiro na televisão, na novela, no horário das nove, o público me conhecendo meu trabalho. Tudo isso só foi possível pela educação. Então, enquanto ator, enquanto professor, enquanto ser humano, eu tenho plena consciência de que educação e arte são chaves de transformação para o nosso país”, afirmou.

Amaury reforçou que acredita no poder transformador da arte: “eu sempre digo isso ao final do meu espetáculo, que a arte salva e a educação salva. Eu escolhi trabalhar como professor de arte e preferi públicos de alunos e alunas de vulnerabilidade. Trabalhei em comunidades aqui no Rio de Janeiro durante muito tempo para usar da arte enquanto ferramenta de transformação, para que se adquira cidadania. Então eu acredito que a arte tem esse poder transformador, porque não só vi isso nos meus alunos, mas também sou fruto da arte enquanto transformação”.

O ator finalizou a entrevista reforçando o que sempre diz ao terminar sua apresentação com “A Luta”: “eu faço questão de dizer ao final do espetáculo que arte transforma. Eu sempre digo aos meus alunos: a arte faz a gente acordar pra vida, faz a gente se amar. E eu sempre espero que o público, depois de assistir A Luta, saia transformado, saia amando, saia mais inteligente, saia mais apaixonado por essa ferramenta tão poderosa. […] Tem gente que vai assistir meu espetáculo e nunca tinha entrado num teatro. E depois, quando eu vou dar um beijo em cada um ao final, a pessoa diz emocionada: ‘seu espetáculo fez eu vir pela primeira vez ao teatro e eu nunca mais quero sair daqui de dentro’”. E completou: “arte salva e transforma”.

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