André Luiz Pereira Nunes: Insólitas histórias de um repórter esportivo (Parte 1)

Na coluna desta semana, André Luiz Pereira Nunes conta histórias e experiências engraçadas de um repórter esportivo

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Corria o ano de 2011. Esse repórter costumeiramente cobria campeonatos da segunda e terceira divisão do Rio de Janeiro e passou também a acompanhar por um curto período os certames promovidos pela Liga Independente de São João de Meriti, na época presidida pelo então vereador Otojanes Coutinho de Oliveira. Não ganhava absolutamente nada. O único interesse era o de fazer um levantamento histórico das agremiações do município, algumas muito antigas e tradicionais. Realmente adorei promover esse trabalho, o qual me concedeu até um prêmio posterior. Mas o melhor de tudo foi ganhar amigos e vivenciar experiências muito engraçadas como essas que irei discorrer.

O campeonato em disputa era o de veteranos, o chamado Cinquentão ou sub 50. Os participantes eram todos times da cidade, com exceção do Periquitos, de Duque de Caxias. Criado nos anos 60, era treinado e presidido por Paulo Roberto Nascimento (foto). Conhecido popularmente como Muralha, também comandou o extinto Colúmbia, equipe que chegou a disputar certames profissionais da Federação durante os anos 90. Atualmente é o homem-forte da Liga de Duque de Caxias e ainda organiza torneios na sua localidade, Olavo Bilac. Ao assistir a um dos jogos do Periquitos, percebi que os próprios jogadores mencionavam muito um tal de Cacareco. O craque da equipe era um certo Zico. Contudo, ao escrever a minha coluna semanal, não me lembrava direito quais atletas haviam sido destaques e acabei assinalando Zico e Cacareco.

Na rodada seguinte acabei fazendo novamente a cobertura de mais um jogo do Periquitos. Dessa vez o adversário era o Coelho da Rocha, também outro ex-integrante nos anos 80 e 90 do futebol profissional. Ao chegar em campo, percebi que os jogadores de Caxias me olhavam bastante ressabiados. Reparei que o tal Cacareco era extremamente gozado pelos demais, que riam e ainda me apontavam. Eu, sem entender nada do que se passava, me dirigi ao Paulo Roberto Muralha, o qual estava prestes a fazer a preleção. Ele me disse o seguinte:

André, a sua matéria ficou ótima! Mas ninguém entendeu nada. Você escreveu que um dos destaques do time é o Cacareco. Olha lá, estão todos encarnando nele! O Cacareco não é destaque de nada. O Cacareco é banco!”

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Sítio alugado em Vassouras para uma festa de final de ano reunindo funcionários de uma empresa. Comida e som rolando soltos. O tranquilo Paulo Roberto Muralha se confraternizava com os amigos quando, de repente, ocorreu um alvoroço. Uma mulher aparentemente estava descontrolada. Parecia ter pego um santo ou, até quem sabe, um encosto. Muitos a cercaram. Tentaram contê-la.

Na mesma hora o intrépido Muralha tentou se assenhorar da situação. Disse logo para todo mundo que iria resolver facilmente a situação da moça. Alegou que sabia como tirar o santo da mulher, pois já vira na TV como se fazia.

É mole. Sei como se faz. Os pastores fazem isso na televisão. Deixem que resolvo. Vocês cinco, tentem prender as mãos dela para trás que faço o resto, exclamou, confiante.”

A situação, porém, não se desenrolou exatamente dessa forma. Ao colocar a mão na testa da mulher e ordenar que o encosto saísse, a mesma deu uma sacudida fenomenal que já jogou, de uma só levada, os cinco que a prendiam ao chão. A moça simplesmente deu um solavanco incomparável com a força habitual de uma pessoa, ainda mais em se tratando do sexo feminino.

Não só o Muralha não conseguiu tirar nenhum santo, como ainda teve que sair correndo, pois a mulher, fula da vida, com encosto e tudo, danou a persegui-lo pela festa.

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André Luiz Pereira Nunes é professor e jornalista. Na década de 90 já escrevia no Jornal do Futebol e colaborava com Almir Leite no Jornal dos Sports. Atuou como colunista, repórter e fotógrafo nos portais Papo Esportivo e Supergol. Foi diretor de comunicação do America.
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