André Luiz Pereira Nunes – O caso de um malandro: a gloriosa história do Sport Club Diabo

O Sport Club Diabo, uma das maiores glórias do chamado "sport menor", foi fundado em 1° de março de 1927, por iniciativa de Ary da Conceição, ainda sob a denominação de Onze Diabos, pois era composto primordialmente por esse número de elementos, todos no auge da juventude

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Equipe campeã do Torneio Início Interclubes da Zona Sul em 1935

O Sport Club Diabo, uma das maiores glórias do chamado “sport menor”, foi fundado em 1° de março de 1927, por iniciativa de Ary da Conceição, ainda sob a denominação de Onze Diabos, pois era composto primordialmente por esse número de elementos, todos no auge da juventude.

Naquele mesmo ano já se tornaria uma sensação na cidade no que tange à conquista de torneios e a organização de festivais esportivos, tão em moda naqueles áureos e longínquos tempos.

O Grêmio Rubro-Negro, por conseguinte, logo angariou uma numerosa legião de fãs que resolveram mudar a intitulação para Sport Club Diabo, instalando-o na localidade de Águas Férreas, em Laranjeiras.

Não tardaria para que ganhasse as alcunhas de “campeão carioca do sport menor” e “Terror da Zona Sul”.

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Em 1935, sagrou-se vice-campeão do Campeonato Carioca de Clubes Independentes, promovido pelo Jornal dos Sports, tendo ainda vencido, de forma invicta, nos segundos quadros, o Torneio Interclubes da Zona Sul, organizado pela Gazeta de Notícias, além da conquista igualmente invicta, nos primeiros quadros, do Torneio Início desta competição.

Sua concorrida sede social promoveu inúmeros bailes à fantasia e carnavalescos, concertos de bandas de jazz, festas juninas, réveillons, além do monumental baile do “Inferno Encantado”, realizado aos Sábados de Aleluia.

Porém, como é já sabido, alegria de pobre dura pouco. Em 1940, os jornais já prognosticavam o iminente fim dos irreverentes “milionários de Águas Férreas”.

Uma noite quando o malandro chegou em casa, não encontrou, como de hábito, a sua amada Helena. Procurou-a, debalde, por toda parte e, como se não fosse possível descobrir seu paradeiro, pôs-se a cantar o samba que inspirou a sua alma trovadoresca.

  • Helena, Helena, vem me consolar…, cantarolava.

Mas a ingrata, acompanhada da amiga Aurora, resolveu permanecer onde estava, ignorando completamente os apelos do consorte apaixonado.

E o sambista continuou a chamá-la, cantando risonho:

  • O dia já vem raiando. Só tu, Helena, não vens.

Entretanto, logo o malandro receberia uma notícia alvissareira. Sua Helena, cuja ausência lhe povoara o espírito de ciúmes, se encontrava no fórum, ao que consta, tratando de despejar o “Diabo”.

E enquanto não conseguisse pôr na rua o terrível “Demo”, para o que conta com o despacho do juiz da 9° Vara Cível, Helena não voltaria ao morro.

Tudo isso, no entanto, não passou de um simples sonho do infeliz sambista abandonado, visto que na realidade o que houve naquela Vara Cível foi uma petição de Dona Helena Corrêa requerendo o despejo do Sport Club Diabo, com sede à Rua Cosme Velho, 204, tendo mandado citar seu presidente, Sr. Seraphim Torres Filho.

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André Luiz Pereira Nunes é professor e jornalista. Na década de 90 já escrevia no Jornal do Futebol e colaborava com Almir Leite no Jornal dos Sports. Atuou como colunista, repórter e fotógrafo nos portais Papo Esportivo e Supergol. Foi diretor de comunicação do America.
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