André Luiz Pereira Nunes: Uma excêntrica partida de futebol no início do século XX

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre fatos curiosos da partida entre Catete e Progresso, em 1917

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Foi numa tarde ensolarada de 1917 que um antigo cronista se vestiu com elegância para assistir a uma partida de futebol no saudoso campo do Carioca Football Club, localizado à Estrada Dona Castorina, nas proximidades onde hoje se localiza a TV Globo, no aprazível bairro do Jardim Botânico.

Na época, tais eventos exigiam requinte. Ninguém comparecia mal ajambrado a encontros de tal natureza.

Vestido com calça de flanela branca, jaquetão azul marinho, sapatos brancos com tiras amarelas, colarinho Santos Dumont engomado com seis centímetros de altura, chapéu de palha contendo fita preta e branca, bengala de cana preta da Índia, cabelos alisados com cosmético Roger Rallet e lenço perfumado com extrato de violeta de Haubigant, nosso privilegiado expectador embarcou num bonde de primeira classe da Companhia Jardim Botânico em direção ao seu destino.

No local seria realizada a partida entre Catete e Progresso, válida pela segunda divisão da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT).

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No início do primeiro tempo, o Progresso logo abriu a contagem. A seguir, o rival empatou ao converter com presteza uma penalidade máxima. O Progresso, então, novamente passou a frente no marcador, mas o adversário novamente chegaria à igualdade com outro tento de pênalti. Foi assim que terminou a primeira etapa do cotejo.

Veio o segundo tempo e o Progresso de novo assinalou o gol. Porém, o Catete voltaria a empatar, mais uma vez, através de uma penalidade. Após o quarto tento do Progresso, seu contendor igualou o placar, pasmem, com um gol de pênalti. O Progresso, então, consignou o quinto gol e novo empate se verificou graças a um gol do Catete marcado através de um tiro cobrado na marca do pênalti.

Faltavam poucos minutos para o término, quando o Catete marcou o sexto gol. Nessa altura o árbitro, sabiamente, encerrou o cotejo, temendo que o Progresso assinalasse o gol de empate.

O Catete Football Club, fundado em 30 de maio de 1909, conquistou, desse modo, seu único título de expressão de uma curta trajetória. Em 1919, acabaria absorvido pelo Engenho de Dentro Atlético Clube. Seus sócios, não satisfeitos, resolveram criar um outro Catete, cuja duração foi ainda mais efêmera que a do antecessor.

Por iniciativa do escritor e professor Kléber Monteiro, a camisa do Catete foi relançada. Quem quiser adquirir essa preciosidade, acompanhada de um livreto, poderá encomendá-la através do Zap 21 99791-5589.

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André Luiz Pereira Nunes é professor e jornalista. Na década de 90 já escrevia no Jornal do Futebol e colaborava com Almir Leite no Jornal dos Sports. Atuou como colunista, repórter e fotógrafo nos portais Papo Esportivo e Supergol. Foi diretor de comunicação do America.
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