Andréa Nakane: Acima de tudo, seres humanos

A Associação Heróis do Rio acumula iniciativas como o Natal Azul, para orfãos e filhos de policiais feridos e com necessidades especiais

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Fábio da Rocha Bastos Cajueiro, 52 anos, carioca, morador do Méier é policial militar e tem como um de seus propósitos de vida investir para que sua categoria profissional seja reconhecida com mais compaixão e mérito.

Ele está a frente do projeto HERÓIS DO RIO DE JANEIRO, que teve seus primórdios em 1994, quando Cajueiro decidiu avançar seus estudos e pesquisas sob a ótica de estatísticas que apontavam que 2 colegas de farda eram diariamente vítimas de assassinatos ou feridos em atuação.

De lá para cá foi possível reunir informações que chocam pela gravidade e que descortinam uma realidade, ainda muito pouco conhecida da sociedade brasileira: a PM do Rio de Janeiro teve, de 1994 para cá, mais de 20.000 mortos e feridos por causas não naturais, e mais alguns milhares de afastados por problemas psiquiátricos/psicológicos, sem mencionar as mortes naturais associadas ao estresse permanente de quem é policial 24h por dia, em serviço ou de folga. Há ainda a estimativa que contabiliza que há 7.000 orfãos de policiais mortos nos últimos 26 anos.

Sensibilizada e com sua veia solidária impulsionada, surge, em 2017 o projeto pioneiro no Brasil, tendo como objetivo ser aliado da Instituição PMERJ, visando reduzir o número de policiais mortos e feridos em serviço, além de dar assistência aos seus milhares de órfãos e aos policiais mutilados pela guerra.

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À exemplo da Marinha do Brasil que há mais de 200 anos criou o Abrigo do Marinheiro, foi criada a Associação Heróis do Rio de Janeiro, a AHRJ, uma entidade parceira da PMERJ, sem fins lucrativos e composta por policiais idealistas, sem salário e que se identificam com a causa. E isso foi possível graças a uma pequena equipe de pensadores e de trabalho, selecionada ao longo dos anos”, elucida Cajueiro.

Em 2019, o projeto ganhou maior visibilidade com o documentário, HERÓIS DO RIO DE JANEIRO, que revela histórias reais dos policiais militares cariocas vitimados em ação, e análises de autoridades de Segurança Pública e Justiça.

No áudío visual é possível deparar-se com histórias, desconhecidas da população, sobre homens e mulheres que trabalham num ambiente de guerra assimétrica urbana, que sofrem letalidades absurdas, com sequelas físicas e psíquicas gravíssimas. Além disso, o roteiro de forma muito sensível e humana revela policiais com respeito, honra e dignidade, assim como lança luz sobre a violência vivida, para que se busque encontrar uma solução, uma espécie de chamamento coletivo, no qual a sociedade civil precisa ter participação ativa.

Em tão pouco tempo, a AHRJ já acumula diversas iniciativas e ações como: estudos sobre a vitimização Policial, canais de comunicação próprios como website e redes sociais, produção de lives com heróis feridos, autoridades, intelectuais, amigos, simpatizantes, familiares de mortos e feridos, arrecadação de doações,  seguros de vida e cartão de descontos em médicos, exames e remédios, Natal Azul, para orfãos e filhos de policiais feridos e com necessidades especiais, auxílio em documentos e processos, apoio ao lançamento de livros, trabalhos, teses e estudos que ajudem a controlar e reduzir a vitimização policial, criação de um Centro de Estudos, Cultura, Tratamento e Resiliência para feridos e familiares de policiais mortos e feridos, aceleração na aquisição de próteses, órteses, remédios e tratamentos e festas e presentes para órfãos e filhos de policiais feridos, apenas para citar alguns.

O trabalho realizado pela AHRJ não está atrelado a verbas públicas e tem na captação de recursos junto a diversas organizações da iniciativa privada e do terceiro setor sua sustentação, além do próprio engajamento da sociedade como um todo, demonstrando que essa receita de união de interesses e nobres valores continua sendo a mais poderosa e eficiente maneira de tirar do papel boas ideias.

Além disso, transparece a importância do acesso a informações críveis, fidedignas para a formação de uma opinião pública, não só mais consciente, mas também solidária.

Cajueiro, assim como a maioria que se encanta pelo RIO, ressalta as belezas naturais da cidade e o bom humor do carioca como destaques que temos, ele inclusive, não descarta a possibilidade de que a cidade possa ser identificada como um protótipo futuro do que seja o paraíso. Porém ele também sinaliza que para essa concretização é preciso combater de forma ética e consistente combater ao máximo, os criminosos, corruptos, omissos e seus simpatizantes, espécies, que infelizmente, concentram-se esforços na cidade.

Mas não há dúvidas que a irmandade de todos os cidadãos de bem, orientados por informações imparciais, incita a uma possível reviravolta, já que cada um de nós pode não só vestir a capa de herói, mas, também,  reconhecer aqueles que de forma altruísta e empática, não só se colocaram a servir e proteger seus pares, como perderam suas vidas e/ou carregam profundas marcas para sempre, pois acreditaram e continuarão a acreditar que o bem deve estar acima de tudo, enaltecidos com exemplos vigorosos, justos e esperançosos.

Vale a pena seguir o Instagram da AHRJ@heroisdoriodejaneiro – e conhecer um pouco mais das histórias de tantos anônimos que honraram não só sua farda, mas sua condição de ser humano.

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Andréa Nakane é carioca, apaixonada pela Cidade Maravilhosa, relações públicas, professora universitária, Doutora em Comunicação Social e Mestre em Hospitalidade.Embaixadora do RJ. Vive há 20 anos em Sampa e adora interagir com pessoas singulares que possam gerar memórias afetivas construtivas.
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