Andréa Nakane: Um Carnaval que deixou Saudade

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre Belino Melo, que tem seu nome escrito no hall do Carnaval Carioca por seu trabalho

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Belino Melo, morador de Copacabana, tem seu nome escrito no hall do Carnaval Carioca, como uma das mais admiradas personalidades, que fez história com suas iniciativas festivas, marcando gerações e colaborando para a imagem do Rio de Janeiro, como pólo internacional na realização de grandes eventos.

Ao lado do colega Arnaldo Montel, Belino Melo, após trabalhar na produção do último baile de Carnaval do Theatro Municipal em 1978, decidiu não deixar que essa iniciativa se perdesse e por meio de sua empresa de produções artísticas, realizou o primeiro concurso de fantasias em 1979, no extinto Canecão.

O sucesso foi gigantesco e como Belino Melo tinha excelente relacionamento com a cúpula do show business brasileiro e então, um dos seus principais meios de reprodução, a televisão, ele conseguiu fechar contratos de transmissão dos eventos, por grandes emissoras, como TV Tupi, Rede Globo e TV Manchete, gerando audiências espetaculares e criando assim uma verdadeira tradição que marcaria durante 25 anos o Carnaval carioca.

Apesar do sucesso no Canecão, o espaço não apresentava as condições desejadas, sobretudo de bastidores, o que fez Belino Melo fazer uma longa parceria até 2005, com Eduardo Tapajós, então, proprietário do glamouroso Hotel Glória.

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“Só paramos o evento no Glória, porque o hotel fechou e aí as fantasias migraram para o alto dos carros alegóricos, que apesar de toda projeção que conseguem, ainda falta o tempo de maior exibição, que os criadores tinham durante o desfile nos concursos.” relembra Belino Melo.

Paralelamente a organização do tradicional concurso do Hotel Glória, Belino Melo também promovia eventos em outros locais, um verdadeiro circuito da folia, com destaques para Monte Líbano, Sírio e Libanês, Clube Municipal, Clube Federal, Nevada Praia Clube, Hotel Higino, Copacabana Palace, Le Meridien Copacabana e muitos outros.

O concurso de fantasias tinha duas categorias: Luxo e Originalidade, divididos por gêneros, masculino e feminino. Clóvis Bornay, Evandro de Castro Lima, Wilza Carla, Mauro Rosas, Marlene Paiva são alguns nomes icônicos que participavam todos os anos do certame e abrilhantavam, ainda mais, o evento, que contava com a participação de cerca de 40/50 candidatos todos os anos.

O corpo de jurado também por si só era uma grande atração, reunindo a nata do high society como Carmem Mayrink Veiga, Jorginho Guinle e personalidades internacionais como Romy Schneider e Rock Hudson.

Pós carnaval, o concurso transforma-se em uma espécie de road show, batizado de:  Show das Fantasias do Carnaval Carioca, tornando-se, então, um evento itinerante, não só visitando diversas cidades brasileiras, mas também carimbando o passaporte com edições internacionais com destaque para Sidney, Osaka, Hong Kong, Nova Iorque, Califórnia, Las Vegas, Houston, São Francisco, entre tantos outros.

Posteriormente, em 2010, Belino Melo fez uma parceria com Ricardo Amaral um dos maiores empresários brasileiros do entretenimento e movimentou o carnaval carioca até 2015, com o concurso e bailes especiais promovidos na cidade.

Existe a possibilidade de fazer um revival desses tempos áureos do carnaval carioca, já que Belino Melo conta que é muito pressionado para retornar o concurso de fantasias, assim como os bailes glamourosos, como sempre foi sua marca registrada, já que alguns eventos exigiam até mesmo o uso de black tie e investimentos em fantasias refinadas.

“O grande problema é o patrocínio, já que é preciso investir na premiação e toda a logística necessária para a realização do evento, mas… quem sabe em um futuro próximo? pensa alto Belino Melo.

Por toda sua história, Belino Melo consagrou-se uma verdadeira lenda viva do Carnaval e foi reconhecido com a outorga de Embaixador do Rio de Janeiro e Comendador de Portugal pelo Governo luso.

E a maior dádiva, sem dúvida alguma é que Belino Melo está presente na memória e no coração de todos que apreciam o belo, o trabalho artístico, a história do carnaval carioca, representando um tempo áureo, que a gente tem saudade e torce para que outras gerações possam se encantar com esse evento, considerado também um verdadeiro espetáculo.

Enquanto esse resgate no tempo não acontece, vamos viver o Carnaval 2022, com muita responsabilidade e zelo coletivo, pois a pandemia não terminou e precisamos seguir com muito comprometimento os protocolos recomendados. Coloquemos nossa fantasia para pegar um sol, mas sabendo que ainda não será o momento de vestí-la… mas que logo, logo, chegará esse momento… e aí… sai de baixo, porque ninguém irá nos segurar!

Um Carnaval de Muita Paz e Saúde para todos!

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Andréa Nakane é carioca, apaixonada pela Cidade Maravilhosa, relações públicas, professora universitária, Doutora em Comunicação Social e Mestre em Hospitalidade.Embaixadora do RJ. Vive há 20 anos em Sampa e adora interagir com pessoas singulares que possam gerar memórias afetivas construtivas.
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