Antigo hotel do Bairro Peixoto é ‘retrofitado’ e vira residencial; região anda na mira das incorporadoras

O sub-bairro é protegido pelo patrimônio histórico desde 1989, definindo o tombamento de diversos imóveis e limitando a altura das novas construções a no máximo 15 metros

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Conhecido como o “oásis de Copacabana”, o Bairro Peixoto, famoso por seus prédios baixinhos — a maioria construída na década de 1940 — ruas arborizadas e um clima que lembra a uma cidadezinha do interior, tem atraído o interesse das construtoras, que estão dispostas a lucrar com uma nova abordagem de lançamentos de unidades residenciais.

Um dos mais recentes projetos de renovação é o simpático Hotel Santa Clara, localizado na Rua Décio Vilares, 316, que encerrou suas atividades há cerca de três anos. O prédio, que é protegido pelo patrimônio histórico, passou por um retrofit que conseguiu manter o charme original da construção: a fachada branquinha com detalhes agora em verde, tudo bem bucólico e alinhado ao sub-bairro, que desde 1989, é guardado pela Área de Proteção Ambiental (APA) do Bairro Peixoto, definindo o tombamento de diversos imóveis e limitando a altura das novas construções a no máximo 15 metros.

Projeto do residencial – Foto: Divulgação

Agora, o antigo hotel não irá mais receber hóspedes, mas sim moradores. A incorporadora carioca Imóvel Vazio, que tem se mostrado atenta a essas construções charmosas em áreas nobres, está por trás da transformação do Hotel Santa Clara, que se torna o segundo imóvel retrofitado pelo grupo. A empresa é conhecida por adquirir imóveis a preços acessíveis e reformá-los para atender à demanda da Zona Sul, prática que vem tomando conta da região.

O novo empreendimento, avaliado em R$ 18 milhões de Valor Geral de Vendas (VGV), contará com 19 unidades que variam de 27 m² a 68 m² e estarão disponíveis para comercialização a partir da próxima semana. As unidades já estão decoradas e totalmente prontas. Além disso, seis apartamentos contarão com piscinas privativas com hidromassagem e cromoterapia. A gestão das unidades e a do condomínio será feita pela startup carioca Lobie, especializada em maximizar a rentabilidade de unidades com este perfil por meio de moradia por assinatura ou aluguel de diárias.

De acordo com Ernesto Otero, CEO da Lobie, os estúdios e o condomínio terão inteligência artificial com check-in 100% online e todo acionamento dos imóveis também poderá ser feito de forma remota. “A ideia é oferece uma taxa condominial enxuta e uma rentabilidade competitiva para o investidor”, explica Otero.

Com a reforma, o preço do metro quadrado do imóvel mais que dobrou. Antes de fechar as portas, o Hotel Santa Clara contava com 24 quartos. Agora, o retrofit se une a outro imóvel recentemente modernizado na mesma rua, mais próximo da pracinha. Um prédio, que funcionava principalmente com locações por temporada, também antigo, que passou por uma revitalização e agora abriga o Residencial Israelita RJZ, voltado para o público 60+ praticante da religião judaica. Na época, a venda foi feita pelo corretor Paulo Cézar Ximenes, diretor da Sergio Castro Ouro, braço da imobiliária centenária especializado em imóveis de alto padrão.

A retomada das novas construções tem voltado a ocorrer em toda Copacabana, principalmente depois que a operação interligada que permite o uso de créditos obtidos com construções no Centro do Rio seja usado para gerar edifícios mais altos na zona sul.

Bairro Peixoto

Praça Edmundo Bitencourt

Localizado no extremo norte de Copacabana, o Peixoto não é oficialmente reconhecido pela prefeitura como um bairro, mas suas características urbanas e econômicas diferem bastante das de Copacabana. Embora não haja um limite formal que defina suas fronteiras, o local é geralmente entendido como toda a área acima da Rua Tonelero, entre a Figueiredo de Magalhães e a Santa Clara. O coração do Peixoto é a Praça Edmundo Bitencourt, que abriga feirinhas nos finais de semana. Com um clima mais tranquilo e imóveis que lembram os de Laranjeiras, o bairro atrai muitos moradores, especialmente famílias com crianças. Devido à lei municipal que protege as construções da região, intervenções e novos empreendimentos devem passar por um rigoroso processo de aprovação pelos órgãos competentes.

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