A Baía de Guanabara, um dos principais pontos de subsistência para milhares de famílias que vivem da pesca artesanal no Rio de Janeiro, enfrenta graves problemas de poluição, causados principalmente por vazamentos de petróleo, gás e outros detritos provenientes do intenso tráfego marítimo e das operações de plataformas e refinarias na região. Esses incidentes comprometem não apenas o meio ambiente, mas também a atividade econômica dos pescadores locais.
Diante da dificuldade que os pescadores enfrentam para denunciar crimes ambientais, como a burocracia e a demora na ação das autoridades, a Associação dos Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Rede Ahomar), em parceria com a ONG 350.org, lançou o aplicativo “De Olho na Guanabara“. Esta ferramenta inovadora permite que pescadores artesanais registrem, de forma anônima, denúncias de irregularidades como vazamentos de óleo e descarte de detritos na Baía.
O aplicativo, exclusivo para pescadores cadastrados na Rede Ahomar, é simples de usar: ao identificar uma irregularidade, o pescador pode registrar a denúncia diretamente pelo app, adicionando vídeos, fotos e descrições, além de marcar a localização exata do incidente através da geolocalização. As denúncias são verificadas por moderadores da Rede Ahomar e, se confirmadas, são encaminhadas para órgãos competentes como IBAMA, ICMBio ou a Marinha do Brasil. Além disso, as ocorrências são adicionadas a um mapa online, acessível ao público, que exibe os locais e descrições das denúncias.
O aplicativo também permite o registro de outras situações críticas, como a presença de embarcações de grande porte que podem causar impactos ambientais significativos, incluindo a mortandade de peixes e o aumento da poluição, bem como a denúncia de embarcações abandonadas ou naufragadas.
Futuro da Ferramenta
Lançado oficialmente em 26 de julho, o aplicativo “De Olho na Guanabara” ainda está em fase de desenvolvimento. Rafael Ribas, o desenvolvedor responsável pela tecnologia, explicou que a prioridade foi criar uma ferramenta leve, compatível com qualquer modelo de celular, inclusive os mais simples. A funcionalidade offline foi implementada para permitir que denúncias sejam registradas mesmo em áreas sem acesso à internet, uma realidade em algumas partes da Baía.
No futuro, tanto Ribas quanto a 350.org vislumbram a expansão do aplicativo para outros estados brasileiros, adaptando a plataforma para incluir novas categorias de registro e mapas conforme as necessidades regionais. Além disso, com o aumento do número de denúncias, a ferramenta poderá se tornar um banco de dados detalhado, fornecendo informações valiosas para a prevenção de desastres ambientais e a criação de políticas públicas eficazes.