Uma das principais vias da região central da cidade do Rio de Janeiro, a Francisco Bicalho, que hoje em dia vive tomada por engarrafamentos de carros já foi uma área lotada de barcos parados.
A Avenida foi inaugurada durante a prefeitura de Pereira Passos (1902-1906). Fez parte de toda a reforma urbana que ocorreu no Rio de Janeiro à época e é um complemento da estrada aberta por Barão Mauá, em 1850, na obra do Canal do Mangue.
Saco de São Cristóvão e Saco do Alferes
Não à toa, a via foi chamada, inicialmente, de Avenida do Mangue. Com o passar dos anos, o nome passou a ser Francisco Bicalho, em homenagem ao engenheiro que liderou a obra.
Para realizar o projeto, que na verdade teve início ainda no governo imperial, quando houve a canalização e parte do aterramento do Mangal de São Diogo, a Enseada de São Cristóvão – ou Saco de São Diogo, como também era chamada – precisou ser aterrada.
“Antes do aterramento, a Enseada de São Cristóvão era utilizada como área de estacionamento de embarcações e via pela qual eles adentravam para se abastecer de água potável em uma bica na foz do Rio Comprido”, conta a pesquisadora Márcia Pimentel.
Para ser construída, a Avenida Francisco Bicalho superou uma rivalidade histórica, na passagem do Império para a República e teve alterações no projeto, que só foi concluído mesmo na República, na presidência de Rodrigues Alves, entre 1902 e 1906.
Hoje, parado no trânsito da Via, que passa em frente à Rodoviária Novo Rio, à Leopoldina, na direção da Cidade Nova, é até difícil imaginar que o local já teve um cenário bem menos caótico, com barcos parados na calmaria do mar tranquilo. Mas aconteceu.