Bar Bukowski, de casa do rock a flagelo sonoro dos moradores de Botafogo

São muitas as reclamações do vizinhos e de quem tem que passar pelo Bukowski, que fica na Rua Álvaro Ramos, 270. A principal delas é o barulho ensurdecedor, que não deixa ninguém dormir

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Entrada do Bar Bukowiski / Reprodução: Internt

Quem gosta de rock costuma encontrar no Bar Bukowski, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, a sua morada. A casa é a mais antiga da cidade, no gênero. Funcionando desde 1997, o estabelecimento é um “casarão com uma grande área externa coberta, três bares, dose dupla de destilados a noite toda e três ambientes com DJ tocando o melhor do rock and roll,” diz o site do Bukowski.

O anúncio apresenta, sem querer, o mix de problemas gerados pelo estabelecimento aos moradores da região, que sofrem diariamente. São inúmeras as reclamações de quem mora ou mesmo de tem que passar nas cercanias do bar, que fica na Rua Álvaro Ramos, 270. A principal queixa é o barulho ensurdecedor que tem hora para começar, mas não tem hora para terminar. Até bem pouco tempo, o bar contava com shows de uma banda de rock, que enlouquecia não só os aficionados pelo gênero, mas também todos aqueles que precisavam dormir para cumprir as suas atividade cotidianas. “Morar perto daqui é um suplício diário, e as autoridades não estão nem aí”, disse ao Diário uma vizinha, que se identificou como Marta.

Um outro morador, que não quis se identificar, reclamou do barulho extremo causado pelo bar. Apesar de morar na Rua Oliveira Fausto, o barulho gerado pelo Bukowiski é tão alto que ecoa no prédio ao lado e invade o seu imóvel, bem como dos demais vizinhos. Para ele, que é nadador de águas abertas, sair de casa de manhã é um desafio: “é uma baderna às 6h da manhã. Quem passa de carro entre às 22h e 5h da manhã, vê um volume de taxis boçal, que impede os moradores de entrar de carro nos seus próprios edifícios. O Bukowski movimenta muitas pessoas e a região não comporta. É uma baderna total.” Ainda segundo o residente, após a desmobilização da banda, que gerava “um barulho bizarro”, as coisas teriam melhorado um pouco. Agora, o barulho gerado pelo som ambiente e por pessoas que, de acordo do com o nível de consumo etílico, falam sem se importar com os decibéis emitidos, é apenas “insuportável.”

A presidente da Associação de Moradores de Botafogo (AMAB), Regina Chiaradia, disse ao DIÁRIO DO RIO que a associação sempre recebeu reclamações de moradores vizinhos ao Bukowski, que abre as portas quando outros bares estão encerrando as suas atividades. Segundo Chiaradia, entre os transtornos diversos, o barulho é a principal queixa da vizinhança. Ainda segundo a presidente da AMAB, a situação só melhorou durante a pandemia, quando o bar ficou fechado, assim como quase todo o comércio. Ao reabrir, no passado, os problemas voltaram com carga total, com o agravante de muitos moradores estarem trabalhando em home office, e agora o barulho ensurdecedor os impede de trabalhar também, além de dormir.

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Regina Chiaradia afirmou ainda que, em fevereiro, durante uma reunião com a Prefeitura, a situação gravíssima do Bukowski foi apresentada por uma comissão de moradores vizinhos do bar, levando o poder público municipal a fechar o estabelecimento. Na época, foi descoberto que o bar, além de ignorar todas as normas sobre limite de decibéis e lei do silêncio, devia também impostos à Prefeitura. Após negociações e promessas de readequação, o Bukowiski foi reaberto, com o compromisso de ser apenas uma restaurante e realizar tratamento acústico nas suas dependências. O que, no entanto, não ocorreu.  “Foi só o que precisava para virar o caos e o inferno de novo. Ele [o dono] não cumpriu nada do que prometeu e as pessoas estão desesperadas”, afirmou a presidente da AMAB.

Area externa do Bukowiski 1 Bar Bukowski, de casa do rock a flagelo sonoro dos moradores de Botafogo
Área externa do Bukowiski. Imagem anexada ao dossiê
feito por moradores do bairro.

Os transtornos foram tantos, que um grupo de moradores produziu um dossiê descrevendo todas as irregularidades cometidas pelo bar e os seus frequentadores. A moradora da região Márcia Alves destacou que os problemas gerados pelo bar são antigos. Segundo ela: “Desde 2008, os edifícios no entorno do Bar Bukowski sofrem com o barulho produzido por esse estabelecimento. Inicialmente, envolvendo apenas mesas posicionadas na área externa (com barulho de conversas, gritos, cantorias e celebrações), evoluiu para shows ao vivo envolvendo bandas com guitarra, baixo, bateria e vocal, em eventos que iniciavam às 23h e atravessavam a noite, finalizando, às vezes, às 8h da manhã do dia seguinte.” Os shows na área externa, de fato, não ocorrem. Ainda assim, a paz segue distante para os moradores da região, que chegaram a contratar um serviço especializado para a medição dos decibéis produzidos pelo Bukowiski. Não é preciso dizer que o limite permitido por lei foi mais que ultrapassado. Fato que levou os moradores a abrirem ações junto à 10ª DP (Botafogo) e ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Tudo até o momento, em vão. O caos da baderna segue. Outra moradora da região, Bruna Barros, e fere a norma culta: “morar perto desse bar é dedo no cu e gritaria

Procurado pela nossa reportagem o Subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, afirmou que todas as providências cabíveis foram tomadas pelos órgãos competentes da Prefeitura, que, “não estão no local o tempo todo para verificar as ações cotidianas do estabelecimento”. Segundo Valle, em reunião com o proprietário do bar foi estabelecido que não seriam mais feitos shows na área externa do bar. O que foi cumprido. Ainda segundo o subprefeito, desde então o número de reclamações caiu consideravelmente.

O bar Bukowiski foi interditado pela Vigilância Sanitária. Na ocasião, nós conversamos com o proprietário, alegando que ele tinha muita reclamação de perturbação do sossego. Ele se comprometeu a adotar algumas medidas. A que eu destaco é a não realização de shows na área externa do bar. Desde que eles reabriram, isso tem sido cumprido. Nós não temos como estar lá todos os dias. Mas o número de reclamações diminuiu muito”, disse Flávio Valle ao DIÁRIO DO RIO.

O DIÁRIO DO RIO já falou antes sobre os problemas do estabelecimento. Em 1º de janeiro de 2020, ó jornal noticiou o insólito concurso “1ª edição do Campeonato Carioca de Apertar Um”, que aconteceria em 18/01 e premiaria, com até R$ 1 mil em consumação no próprio bar (“Vale Porre”), os candidatos que apresentassem os cigarros de maconha mais elaborados. Como o consumo da maconha é proibido no Brasil, a substância foi substituída por orégano, segundo informaram os organizadores do evento. Na época, o ex-secretário executivo de Segurança Pública, Roberto Motta, chegou a comentar em uma rede social:”Bukowski, se fosse vivo, mandaria retirar o nome dele dessa tentativa fracassada de fazer humor e autopromoção com morte, crime e vício. Sugiro aos promotores do bar uma visita ao cemitério de Sulacap, onde estão enterrados os policiais que tombaram na luta contra o crime”.

O Bukowski também chegou a ser interditado pela Prefeitura do Rio, em uma ação conjunta da Subprefeitura da Zona Sul, Secretaria de Ordem Pública e Vigilância Sanitária, após ter o alvará e o licenciamento sanitário cassados. O estabelecimento, no entanto, conseguia funcionar com um alvará transitório, que permitia a realização de eventos. O alvará de funcionamento como bar já havia sido cassado pela Fazenda, e foi o que levou a interdição do local, noticiou o DIÁRIO DO RIO, no mesmo dia da operação. O bar só voltaria a funcionar de forma regular, um mês depois da ação do poder público.

É no mínimo curioso que siga funcionando normalmente um comércio que inferniza a vida de moradores, já foi interditado pela vigilância sanitária, não está em dia com seus impostos, fere a lei do silêncio e faz apologia ao crime. O que mais eles precisam fazer?”, finaliza Barros.

Vídeo anexado ao dossiê produzido pelos vizinhos da casa do rock. Os shows externos não são mais realizados, mas dão uma ideia dos transtornos enfrentados por quem mora na região

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18 COMENTÁRIOS

  1. Há várias cidades muito mais turisticas que o Rio pelo mundo com horário mais rigido em relacao ao funcionamento de bares. Esse tipo de lugar precisa ter acustica condizente. E so investir. Chega de zona!

  2. Infelizmente os donos tem as costas muito quentes, pois as queixas se acumulam e nada é feito.A fiscalização é conivente com a situação, bem como a sub prefeitura da área.

  3. Exagero. Os bares do fim da Voluntários da Pátria incomodam muito mais pq fazem o mesmo barulho (ou até mais) e ainda tomam conta das calçadas com mesas e cadeiras (coisa que não acontece no Bukowski). E uma mentira deslavada foi dita nesse texto: em momento algum o bar idealizou um campeonato de apertar cigarro de maconha. Sempre foi de ORÉGANO. Se for pra fechar o Bukowski por tudo o que foi dito então tem que fechar todos os bares e aí andar na rua à noite com tudo deserto será pedir para ser assaltado.

  4. Se o Site tem o item de comentar, porque tiraram o meu comentário?
    Primeiramente, quero informar que sou um dos profissionais que trabalho em frente ao Bukovisck, e a falta de respeito com os profissionais foi absurda nesta matéria, pois tenho absoluta certeza que o “BOÇAL”, foi quem escreveu, e ou, o denunciante.
    O Rio de Janeiro é uma cidade turística, que pós pico da pandemia, levou vários estabelecimentos fecharem, e isso sim é terrível. Dezenas de centenas de desempregados.
    Rodoviários, Boates, Rádio e Televisão, hospitais, Taxistas, médicos, enfermeiros, moto boy, garçons e seguranças, DJ, prostitutas, postos de gasolina, pizzaria, pessoal da limpeza pública como Gari, pessoal da emergência 190, 193,…, também policiais, aeroportos,…Enfim, seres humanos a busca do seu sustento e da família, e que não são trabalhadores diurnos, e sim noturnos! Agora imaginem vocês nós que somos noturnos fossemos reclamar do que acontece na hora que queremos dormir? Carro buzinando, barulho escrôto dos portões dos prédios para se abrirem usam sirenes de alerta, avião passando rasante que chegam no Santos Dumont, o rapaz do gás, o carro de anúncio do hort frut, das feiras livres, o carro do ovo a R$ 10,00, as sirenes de ambulância, corpo de Bombeiro, carro da polícia, e fora as obras recentes na própria Rua Oliveira Fausto e Rua Assis Bueno. Detalhe é que passou meses quebrando uma pedreira, imaginem! Engraçado, que nós que trabalhamos a noite não reclamamos do barulho que fazem de dia! Irônico mas é verdade!

    Resumindo, o “Mi mi mi” sobrepõe a verdadeira razão dos fatos. O ser humano precisa criticar para que os holofotes cheguem a ele, e eu, não vou ligar holofote para esse absurdo!

    A bem da verdade, depois que a vida noturna chegou em Botafogo, o bairro criou um novo brilho, e depois que o 2° Batalhão veio para a Rua Álvaro Ramos, o bairro ficou mais alegre, mas seguro, mais aconchegante, pois antes, andar por Botafogo depois das 22:00 hs, era como se estivéssemos andando dentro do Cemitério São João Batista.

    Quero deixar registrado, que moro na Rua Oliveira Fausto, e tenho uma mãe de 86 anos, que acorda mais com o barulho de carros e motos passando, do que, com o barulho do Bukovisck. E mais, o Bairro precisa evoluir como Copacabana, Ipanema e Leblon nas noites cariocas.

    Aos fofoqueiros de plantão eu pergunto: Imaginem a Lapa fechada? O que seria do Rio de Janeiro, sem um Jobi, pizzaria Guanabara, as boates do Leblon, as Noites Cariocas no Morro da Urca, as Raive no Cais do Porto, etc?

    Essas desgraças quando jovem não se importavam com isso, mas envelheceram e se incomadam com a felicidade alheia, e isso sim, teria que mudar! Tem 61 anos, e posso garantir que nunca fui “Boçal” e escrevo sobre comportamento humano, e por diversas vezes sinto vontade de vomitar!

  5. Conheço o espaço. Não é esse barulho todo que a reportagem está relatando. Nem há o engarrafamento da rua ou imediações. Fake news. Reportagem bem tendenciosa. Uma pena.

  6. Em todas as cidades sempre há um bar assim. E não há o que se faça pra acabar com isso. Nem ministério público, nem prefeitura, nem fiscalização, nem polícia, nem nada. É a gandaia generalizada. Mas experimenta atirar uma dúzia de ovos podres ali pra ver se a incomodação não é grande!!! Existe a lei, mas não tem judiciário pra fazer cumprir.

  7. Primeiramente, quero informar que sou um dos profissionais que trabalho em frente ao Bukovisck, e a falta de respeito com os profissionais foi absurda nesta matéria, pois tenho absoluta certeza que o “BOÇAL”, foi quem escreveu, e ou, o denunciante.
    O Rio de Janeiro é uma cidade turística, que pós pico da pandemia, levou vários estabelecimentos fecharem, e isso sim é terrível. Dezenas de centenas de desempregados.
    Rodoviários, Boates, Rádio e Televisão, hospitais, Taxistas, médicos, enfermeiros, moto boy, garçons e seguranças, DJ, prostitutas, postos de gasolina, pizzaria, pessoal da limpeza pública como Gari, pessoal da emergência 190, 193,…, também policiais, aeroportos,…Enfim, seres humanos a busca do seu sustento e da família, e que não são trabalhadores diurnos, e sim noturnos! Agora imaginem vocês nós que somos noturnos fossemos reclamar do que acontece na hora que queremos dormir? Carro buzinando, barulho escrôto dos portões dos prédios para se abrirem usam sirenes de alerta, avião passando rasante que chegam no Santos Dumont, o rapaz do gás, o carro de anúncio do hort frut, das feiras livres, o carro do ovo a R$ 10,00, as sirenes de ambulância, corpo de Bombeiro, carro da polícia, e fora as obras recentes na própria Rua Oliveira Fausto e Rua Assis Bueno. Detalhe é que passou meses quebrando uma pedreira, imaginem! Engraçado, que nós que trabalhamos a noite não reclamamos do barulho que fazem de dia! Irônico mas é verdade!

    Resumindo, o “Mi mi mi” sobrepõe a verdadeira razão dos fatos. O ser humano precisa criticar para que os holofotes cheguem a ele, e eu, não vou ligar holofote para esse absurdo!

    A bem da verdade, depois que a vida noturna chegou em Botafogo, o bairro criou um novo brilho, e depois que o 2° Batalhão veio para a Rua Álvaro Ramos, o bairro ficou mais alegre, mas seguro, mais aconchegante, pois antes, andar por Botafogo depois das 22:00 hs, era como se estivéssemos andando dentro do Cemitério São João Batista.

    Quero deixar registrado, que moro na Rua Oliveira Fausto, e tenho uma mãe de 86 anos, que acorda mais com o barulho de carros e motos passando, do que, com o barulho do Bukovisck. E mais, o Bairro precisa evoluir como Copacabana, Ipanema e Leblon nas noites cariocas.

    Aos fofoqueiros de plantão eu pergunto: Imaginem a Lapa fechada? O que seria do Rio de Janeiro, sem um Jobi, pizzaria Guanabara, as boates do Leblon, as Noites Cariocas no Morro da Urca, as Raive no Cais do Porto, etc?

    Essas desgraças quando jovem não se importavam com isso, mas envelheceram e se incomadam com a felicidade alheia, e isso sim, teria que mudar! Tem 61 anos, e posso garantir que nunca fui “Boçal” e escrevo sobre comportamento humano, e por diversas vezes sinto vontade de vomitar!

  8. Diário do Rio cada vez mais mostrando sua face de reacionário conservador, fingindo-se liberal! Mais um da turma bolsonovista. F*-se o empreendedorismo se incomodar a velharia né.

  9. Venham até a rua Errico Veríssimo, nos dois bares/restaurantes Padamo, aos fins de semana é um absurdo de barulho de música e dos clientes dos mesmos a gritar e falar auto.
    Tenho conhecimentos que para calar alguns morados das proximidades eles dão gratuidade para algumas coisas no restaurante.

  10. O rio de janeiro se tornou palco de terra de ninguém, pq não temos há quem reclamar, parece que o errado esta acima de todos aqueles que pagam impostos altos para não terem nenhuma segurança e direitos, mesmos sendo a lei favorável aos fatos para recrimina-los. A PREFEIRTURA, se exime de fiscalizar, porém não esquece de cobrar o IPTU, ABSURDO!

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