Assim como as fantasias que viram febre — este ano, é provável que muitas Fernandas Torres desfilem pelas ruas —, o Carnaval do Rio também dita tendências no cardápio dos foliões. Desde o reinado no ano passado de uma bebida produzida em Minas à base de rum, guaraná e limão, os drinks prontos para consumo — ou ready to drink (RTD) — estão ganhando espaço e competindo com a cerveja. Eles oferecem gosto adocicado e, sobretudo, maior teor alcoólico, que oscila entre 6% e 10%, mais do que o dobro da cerveja (em média 4%).
As bebidas prontas, no entanto, exigem atenção redobrada com a saúde, especialmente em meio aos recordes de temperatura no Rio, alerta o coordenador do Curso de Nutrição da Uniabeu, Lucas Antunes.
“Como têm teor alcoólico elevado e bem mais açúcar do que a cerveja, por exemplo, essas bebidas podem levar à intoxicação mais rapidamente se não houver moderação”, explica o especialista. “A cerveja, por ter menor concentração de álcool e mais água na composição, oferece menos risco de desidratação do que as bebidas prontas para consumo”.
O boom das latinhas alcoólicas
A tendência ganhou tanta força que até grandes marcas entraram na onda. Uma grande marca de fast food oferece nesta temporada de folia um combo especial com refil de vodca e tônica, deixando claro que o mercado está atento às mudanças no comportamento dos consumidores. Muitos ambulantes têm encomendado packs de bebidas mineiras prontas em plataformas de e-commerce para vender durante a passagem de blocos de carnaval.
Hidratação e Consumo Consciente
Lucas Antunes acrescenta ainda que as bebidas RTD exigem do folião mais atenção com a hidratação. “A tendência é que a pessoa sinta mais sede, o que, combinado com as altas temperaturas, aumenta o risco de mal-estar. O folião precisa de mais disciplina para não negligenciar a ingestão de água durante a diversão. Não pode focar no bloco e esquecer de se hidratar”, observa, recomendando que, em caso de consumo de álcool, o folião intercale a bebida com água ou isotônicos, que ajudam a repor eletrólitos e carboidratos perdidos com o calor e a movimentação intensa.
Pessoas com diabetes ou que sofrem de flutuações glicêmicas são as mais vulneráveis ao modismo etílico. “O alto teor de açúcar pode provocar picos de glicemia, ainda mais se a pessoa estiver sem se alimentar adequadamente, o que pode levar a tonturas e até desmaios no meio da folia”, alerta o nutricionista.
Independentemente da escolha na hora do bloco ou de assistir os desfiles, a melhor receita para curtir o Carnaval até o fim — e sem sustos — é beber com moderação, manter a hidratação em dia e garantir uma alimentação adequada. Porque, no fim das contas, a verdadeira alegria é voltar para casa inteiro para aproveitar o dia seguinte.