Bia Willcox: O dia L de Liberdade

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre o tão esperado período pós-pandemia

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Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Internet)

“E depois de 6 meses de vacinação intensa e com a maior parte da população imunizada, o brasileiro começa a sair novamente – bares, restaurantes, cinemas, viagens de avião, e todas as aglomerações a que estavam acostumados voltam a ter vida e alegria.” – narra a apresentadora.

Em seguida, entram imagens de cariocas indo para o Maracanã ou enchendo os bares da Nelson Mandela, Dias Ferreira e Olegário Maciel no principal jornal televisivo do dia. 
Essa é a imagem do fim do isolamento. Essa é a esperada bonança, após tanta tempestade.

Muitos que me lêem devem estar comentando: “Mas ninguém deixou de fazer isso, ué? Zero novidade.” 

Então eu vou considerar a parcela da sociedade chamada “ninguém” e que, como eu, viveu a pandemia numa espécie de universo paralelo, onde nos informávamos e nos protegíamos do vírus, bastante isolados. Escrevo pra eles. Para nós.

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E são esses quase-alienígenas quarentenados que somos que se depararão com a porta da gaiola aberta: um momento sonhado, esperado, desejado. Voltar a ter liberdade e viver com muito menos medo outra vez.Na real, nossos cérebros não foram treinados para esta funcionalidade – viver uma pandemia onde respirar um vírus pode te sufocar, e, por isso, os pobrezinhos sofreram para se adaptar. A massa cinzenta ralou além de suas forças. Tivemos mais ansiedade, mais pânico, mais insônia, mais pesadelos e paranóias. 

E, de repente, uma fresta de luz forte entra a casa pela porta, convidando-nos pra sair. 
Como seres humanos individualizados e diferentes,  ops, como alienígenas que somos, teremos certamente reações diferentes também. 

Uns, já com duas doses de vacina, sem medo de pegar a forma, agora somente leve da doença, correrão para a rua, se jogarão na rua, na verdade. Emendarão a praia com o bar, a sorveteria, com mais praia e demorarão muito a voltar pra casa. Beberão rápido e até o último gole.

Alguns outros sairão mais cautelosos, de máscara, passos curtos, desconfiados, e , lentamente, saborearão a liberdade que recuperaram. Saborearão cada gole.
Teremos os que, ainda de luto, não verão graça na vida lá fora depois de terem perdido seus queridos. Esses precisarão de apoio psicológico. Não vai ser fácil pra muitos encarar a vida de novo tendo perdido tantos entes amados.

Aliás, desculpem-me pela gafe. Todos nós precisamos e precisaremos de apoio psicológico, seja ele profissional ou simplesmente de quem nos ama e nos apóia. Será um momento de dar as mãos e ajudarmos uns aos outros. É fim de guerra. 

Haverá os que estranharão tudo a princípio, e que, paradoxalmente, não quererão abrir mão de muitos dos novos hábitos que conquistaram e quererão manter banidos tantos outros hábitos de que se livraram. Estes verão o sol entrar pela porta aberta com um misto de emoção e angústia. 

Eu não sei exatamente que tipo de alienígena serei. Só tenho duas certezas:
1- Liberdade é o valor que mais prezo e sentir-me mais livre, especialmente livre do medo de contágio, vai me fazer muito bem. Serei feliz de novo.
2- Eu me apeguei muito a novos hábitos e não quero abrir mão deles. Re-descobri minha casa, meus discos, minhas habilidades culinárias e aprendi a fazer coisas que vou continuar fazendo. Continuarei preservando meus pequenos momentos de felicidade pandêmica. Nem vem que não volto a ser a Bia do velho normal!

E você, se é que pertence ao meu universo paralelo, já pensou como vai ser o seu dia L de liberdade?

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1 COMENTÁRIO

  1. Muito lindo e realmente nos faz pensar num futuro quase que “celestial”. Mas esqueceu de uma parcela da sociedade, na verdade a maior, em que cada pessoa se não trabalhar não terá o seu pão de cada dia, não terá condições de dar condições mínimas à sua família, entre outras situações não previstas nesse “lindo” texto. Acho repugnante ver um texto onde coloca todos no mesmo patamar social, mesmo estando nítido que a maioria da população é pobre ou classe média, dependente totalmente de seu trabalho, não tem papai rico, não tem todo mês um dinheirinho “certo” e quem o(a)s garanta financeiramente.
    Não sejamos hipócritas em pensar que empresas não precisam abrir, empregos dependem disso e que a falência financeira pode trazer muito mais prolemas.
    Estou falando de pessoas dignas e que infelizmente precisam correr os tais riscos por falta do isolamento, quanto aos ademais, a resposta é óbvia.

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