A bicicleta roubada e o arrastão

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Arrastão Rio de Janeiro

Se engana quem acha que a onda de assaltos que tomou o feriado da quarta feira passada foi um evento que não poderia ser evitado, ou que seria um evento que surgiu do nada. Se engana também quem acha que evitar esse tipo de evento se da com forte policiamento em dias de praias lotadas. O problema surge, e somente pode ser evitado, com dias, semanas, meses de antecedência, e depende muito mais de inteligência e atenção aos pequenos detalhes do que a força bruta de 300 policiais.

Mas vamos voltar para uma semana antes. Na outra quarta feira, no dia 13 de novembro uma turista americana teve a sua bicicleta assaltada na Rua Francisco Otaviano por um bando de aproximadamente 20 jovens. Segundo o relato da turista ninguém ao redor fez nada, e a policia, que chegou pouco após o assalto, tão pouco foi atrás dos assaltantes. Na palavra da vitima, foram “preguiçosos e não queriam fazer nada”.

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Dificilmente a “ideia” de fazer um arrastão sai da cabeça de uma pessoa que nunca cometeu um crime semelhante. O pequeno delito de furtar ou roubar um celular na praia, se não punido, faz cristalizar a percepção de que o risco de ser pego é baixo. E, portanto, “vale a pena” para o delinquente assumir esse risco.

O grande problema não é o arrastão. São os pequenos delitos que não são punidos e levam a novos delitos. A “preguiça” da forças policiais de resolverem quem roubou uma bicicleta é a fonte de eventos tão vexaminosos como o da quarta feira passada. É verdade que a não realização do BO pelas vitimas não facilita a questão, mas o atual sistema, que faz com que registrar um BO seja além de longo uma verdadeira perda de tempo acaba criando uma cultura de não registro. E está só pode ser combatida com uma mudança na postura das forças policias.

As reações das nossas instituições apontam para que nada vá mudar. Colocar 300 policiais na praia e revistar ônibus que vem do subúrbio (pelo qual algum comandante da PM deveria perder o emprego se o estado fosse sério) vão tão somente fazer com que o problema seja empurrado com a barriga até que o policiamento seja relaxado novamente.

E ai a bola de neve volta a rolar. Um furto de celular aqui, uma bolsa roubada ali, uma bicicleta e uma turista agredida acolá. Todos ignorados pelas nossas forças policiais porque são cosias pequenas e que acontecem todos os dias, “normal”. E assim, invariavelmente chegaremos a um novo episodio desse tipo em alguns meses.

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