Quem acredita que Carnaval e política não se misturam está fora do compasso dos foliões do Bloco dos Comerciários. Neste ano, o grupo escolheu como enredo um dos temas centrais para as entidades que defendem os direitos dos trabalhadores: a necessidade de reformular as jornadas de trabalho, tornando-as menos exaustivas e mais produtivas.
Na letra do samba “Fim da escala 6×1”, os sambistas fazem uma crítica irreverente ao “cansaço brabo” de quem tem apenas um dia de folga semanal e propõem uma reflexão durante a festa. O bloco desfila por Madureira, um dos bairros comerciais mais movimentados do Rio de Janeiro. A concentração será no dia 1º de março, às 16h, na Estrada da Portela, nº 165.
“A gente quis abordar de uma maneira leve, didática e popular as consequências de uma jornada de trabalho exaustiva para o profissional. Isso afeta toda a sociedade, porque, além de aumentar os acidentes de trabalho, reduz o tempo de convívio familiar, a vida social e o lazer – que também movimenta a economia”, explica Márcio Ayer, presidente do bloco.
Para o compositor do samba, Haroldo Cesar, o Carnaval carioca sempre foi palco para manifestações políticas e uma forma democrática de dar voz a diferentes demandas.
“Tenho certeza de que nosso refrão ‘E banir de vez a escala 6×1’ vai pegar entre os trabalhadores. Todo mundo vai cantar a plenos pulmões. Isso seria uma revolução na vida das famílias dos comerciários. Estar mais perto de quem a gente ama é qualidade de vida. Uma sociedade mais justa e feliz só traz impactos positivos na economia, na educação dos filhos e no dia a dia dos moradores do Rio, que terão mais tempo para o lazer e menos tempo presos no trânsito”, afirma.
