Boletim da Fiocruz destaca importância de vacinar as crianças contra Covid-19

Boletim ainda citou "cenário de incertezas" em relação à pandemia no Brasil

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Foto: iStock

O Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (23/12), falou da vacinação das crianças contra a Covid-19, vista como fundamental para os pesquisadores. No Brasil, desde o início da pandemia houve 301 óbitos por Covid-19 na faixa etária de 5 a 11 anos. Cerca de 32% da população mundial é de indivíduos com menos de 19 anos. Aproximadamente, essa mesma proporção é observada no Brasil. Segundo o boletim, trata-se de um contingente essencial para que se consiga controlar a transmissão da doença e que precisa ser protegido.   

Ainda de acordo com o Boletim, embora o quadro da Covid-19 para as crianças seja de sintomas mais leves e com risco mais baixo que em outras faixas etárias, não se deve desconsiderar a ocorrência de quadros mais graves, como a Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças (MIS-C) e outras manifestações da Covid. Por outro lado, a vacinação nessa faixa tem um papel importante na cadeia de transmissão. A ampliação da cobertura vacinal, além de reduzir o número de casos graves, reduz a circulação do vírus, o que leva a menor chance de surgimento de novas variantes. 

“Os estudos recentes mostram evidências robustas de segurança da vacina para crianças. As vacinas contra a Covid-19 também estão sendo monitoradas quanto à segurança. No Brasil, tanto a Anvisa como o Programa Nacional de Imunização acompanham e investigam as notificações de eventos adversos e informam que eventos graves são raros. O fato é que são bem menos frequentes do que os casos de complicações da Covid-19 e podem ser clinicamente tratados de modo adequado”, diz o boletim.

O boletim apresenta ainda um balanço da pandemia de Covid-19 em 2021. A análise ressalta que o país termina o ano com mais de 600 mil óbitos e 22 milhões de casos registrados, em um cenário de incertezas para a tomada de decisões com o objetivo de controlar a Covid-19. Diante do chamado “apagão de dados”, que deixou a ciência e a saúde “às escuras”, os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim, alertam que, na ausência de informações, as imprecisões são ampliadas, impedindo a adoção de medidas adequadas. 

A informação é fundamental para a soberania nacional e crucial para apontar diretrizes para combate da Covid-19”, afirmam os cientistas.

O Boletim destaca três grandes desafios para o enfrentamento Covid-19 em 2022 no Brasil: um deles é o surgimento de novas variantes, que pode conduzir a cenários “inesperados e indesejáveis”. Neste momento a principal preocupação é a propagação da Ômicron, que teve o primeiro caso no Rio confirmado no último dia 20.

Outro desafio é a vulnerabilidade atual dos sistemas de informações em saúde, “que constituem um bem público e um patrimônio da sociedade brasileira”, conforme preconizado pela Reforma Sanitária. Segundo os cientistas, as falhas na divulgação de dados sobre a pandemia não são apenas decorrentes do ataque hacker sofrido pelos portais e sites do Ministério da Saúde. “Mas combinam vulnerabilidades e fragilidades em todo o processo, que se inicia com o preenchimento dos formulários nos estabelecimentos de saúde e municípios. Além disso, atrasos ou interrupções na divulgação de dados impedem a produção de informações que são vitais para tomadas de decisões”. 

Finalmente, o terceiro desafio é referente ao processo de politização das medidas de enfrentamento da pandemia para a proteção da saúde e da vida da população brasileira. Na visão dos cientistas, esse processo tem combinado a desvalorização de medidas preventivas fundamentais com a propagação organizada de fake news e a criação de um clima de descrédito e desconfiança em relação às vacinas. 

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