Papo de Talarico: Um Buda na fila do pão carioca

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Buda em Rio das Ostras
foto: Alvaro Tallarico

Essa terça-feira, dia 27 de abril de 2021, tem um fenômeno acontecendo, a Super Lua, com o planeta Vênus no signo de Touro. Calma, não é horóscopo. Essa é outra seção do jornal. Sigo na crônica, praticando o olhar do simples observador. A questão é que, no oriente, é nesse dia que acontece o Festival de Wesak, o qual visa festejar o momento em que Buda encontrou a iluminação.

Esse festival traz um convite para refletir, numa busca pela libertação dos traumas para o desenho de outro tempo. Em suma, tudo aquilo que o Rio de Janeiro está precisando. Não importa sua fé, tão pouco se acredita ou não na história de Sidarta se iluminando embaixo de uma árvore em Bodhgaya. A cidade maravilhosa namora com o fundo no abismo, um amor bandido. Entretanto, será que uma super lua cheia pode ser a luz no fim do túnel para essa escuridão em que a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro está? O céu segue nublado…

Porém, aí está, os esotéricos e simpatizantes aproveitam esse dia para meditar usando a mente para realizar limpezas. Procuram se ver em cachoeiras, se livrando do passado na medida que a água escorre. Pode ser uma direção. Não exatamente a meditação, apesar de que sugiro como recomendação. Mas sim tentar deixar tudo que passou para trás, que as tristezas e sofrimentos possam trazer ensinamentos para novos tempos, novos rumos, uma real evolução. De nada adianta caminhar sem evoluir. Andar sem rumo, sem prumo, sem apuro, não dá.

Fila do pão nos correios

Hoje passei nos correios. Lá estava uma fila. Esperei com paciência, já com outra missão posterior de ir na concessionária de luz, a famigerada Light. Entrei e, com gentileza, pedi um envelope, o qual fui para um canto preencher, dando espaço para que outro entrasse. Só podia um cliente por vez. Um senhor entrou e foi sendo atendido, até que outro rapaz passou por todos na fila e entrou também. A atendente indicou para que ele fosse até o final da fila, mas o apressado disse que só desejava adiantá-la, pois queria pegar um envelope. Falou que depois “ia segurar o caixa dela” e foi saindo. Ela se enraiveceu. “Segurar meu caixa? Quem é você na fila do pão para segurar meu caixa?”. Uma aura de estresse reverberou.

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Pouco depois, foi minha vez novamente. Cheguei cheio de carinho, ela já soltou o cabelo, me chamou de amor. Gentileza gera gentileza, já dizia o velho profeta. Mais ainda quando estamos todos à flor da pele, entre mortes e crises, perdas e deslizes.

Talvez seja hora do carinho superar a malandragem. Da sabedoria vencer a esperteza torpe. Do cachorro e do gato caminharem juntos.

Talvez seja a hora da iluminação de uma nova estrada construída por todos, numa só direção, a de uma paz duradoura, quem sabe aquela de uma velha manjedoura. Talvez seja eu somente um sonhador, o típico escritor, projeto de poeta. Só gostaria de abafar a dor, sem cínico governador, ir pelo trajeto do asceta.

Que venham budas, reis magos, apóstolos e crentes, que acima de tudo venha um novo tipo de gente para fazer um novo mundo, num festival de afeto genuíno.

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