Após 72 anos, um dos canhões históricos do Forte São Mateus, em Cabo Frio (RJ), está de volta à cidade. A devolução do artefato contou com a atuação técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que participou de todas as etapas do processo, da identificação à logística de transporte.
Retirado da fortificação em 1953 durante uma excursão escolar, o canhão foi localizado recentemente em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Ao constatar o estado de degradação da peça, o Iphan recomendou sua devolução imediata. A operação de traslado durou cerca de 12 horas e teve apoio das autoridades locais.
Agora em Cabo Frio, o artefato encontra-se em um local temporário para passar por um rigoroso processo de restauração, supervisionado pelo Iphan, que garantirá a preservação da estrutura e o posterior retorno ao acervo do Forte São Mateus.
“Esse retorno é simbólico e traz de volta não apenas um bem material, mas também parte da história de Cabo Frio. Quando o canhão retornar definitivamente ao Forte São Mateus, diante da Praia do Forte, reocupará seu espaço legítimo na paisagem e na memória afetiva da cidade”, afirmou Patricia Wanzeller, superintendente do Iphan no Rio de Janeiro.
Segundo Carina Mendes, chefe do Escritório Técnico do Iphan na Região dos Lagos, o artefato apresenta camadas de oxidação, fungos e excrementos devido à longa exposição ao tempo. “O canhão passará por limpeza e consolidação antes de ser reintegrado ao Forte São Mateus, em segurança e em bom estado de conservação”, explicou.
O Forte São Mateus, erguido em 1617, foi uma construção estratégica para proteger a entrada da Lagoa de Araruama e as terras do sudeste brasileiro. A fortificação, que chegou a contar com sete canhões, serviu como ponto de defesa contra invasões e, no século XIX, foi usado para isolar doentes durante epidemias.
Tombado pelo Iphan em 1956, o Forte São Mateus é atualmente um dos principais patrimônios culturais de Cabo Frio e recebe visitantes interessados em sua história e nas exposições culturais que mantém viva a memória de um dos maiores símbolos da cidade e da história do Brasil.
