Entre os dias 16 e 19 de outubro, a histórica Capela de Sant`Anna, amada Padroeira de Armação dos Búzios, promoverá a III Festa do Divino Espírito Santo.
A festa, que nasceu do povo simples, tem assimilado as características de cada lugar onde é celebrada. A Festa do Divino Espírito Santo é carregada de símbolos, cores e significados tecidos pelos sabores e tradições populares.
Na cidade de Búzios, na Região dos Lagos, a celebração esteve ligada, por quase dois séculos, à Matriz de Nossa Senhora da Assunção, de Cabo Frio, a qual a Capela de Sant`Anna e a cidade pertenciam. Sant’Anna foi a avó de Jesus Cristo.
Com a emancipação político-administrativa do município e a criação da Paróquia de Sant’Anna e de Santa Rita de Cássia, os moradores de Búzios ficaram sem as visitas da Bandeira do Divino de Cabo Frio, o que causou, ao longo do tempo, grande consternação aos devotos.
Para amenizar a saudade, os tricentenários fiéis do Divino Espírito Santo de Saquarema visitam anualmente a Capela de Senhora Sant’Anna com a sua Folia do Divino, levando alegria ao novenário da Padroeira de Armação dos Búzios e alimentando a devoção popular à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
A volta da Bandeira do Divino deu início a um novo ciclo na vida paroquial e da comunidade católica de Búzios, que se dedica aos preparativos da celebração da festa em honra ao Espírito Santo de Deus.
Festa do Divino Espírito Santo
Celebrada desde a antiguidade, a festa do Divino Espírito Santo representa “a descida do Espírito Santo à Terra e a sua aparição aos apóstolos e à Nossa Senhora”.
No capítulo 2 do Livro dos Atos dos Apóstolos, Novo Testamento, o Divino Espírito Santo se manifesta por “línguas de fogo” que se repartiram e pousaram sobre cada um dos Apóstolos. Com a manifestação “todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes permitia que falassem.”

Desse evento resulta a tradição das “bandeiras vermelhas”, que representam as línguas de fogo, acompanhados da pomba branca ao centro, representado a descida do Espírito de Deus sobre Jesus, quando foi batizado no Rio Jordão.
No início do século XIV
A Festa do Divino popularizou-se e ganhou novas feições em Portugal, país onde a festa surgiu a partir das súplicas e lágrimas da rainha daquele país, Dona Isabel.
A monarca, quer era esposa do rei D. Diniz, fez uma promessa ao Espírito Santo pedindo a pacificação de Portugal. Dona Izabel mandou construir a Igreja do Espírito Santo, em Alenquer, no ano de 1279.
Em uma das celebrações de Pentecostes, a Dona Isabel foi assistir à Missa na Igreja dedicada ao Divino Espírito Santo, por ela construída e, ao aproximar da porta principal, deparou-se com um menino sentado à beira da passagem do cortejo.
A monarca tomou o garoto pelas mãos e entrou solenemente com toda a sua corte na Igreja, onde, para surpresa de todos, ofereceu ao menino a Coroa Imperial. Naquele momento, à humilde criança foi concedido o direito de governar por um dia, como imperador.



O menino então, pediu que fossem distribuídos aos pobres doces e comidas. Ele também pediu um preso fosse libertado. O pequeno imperador assistiu às danças, preparadas para Dona Izabel em sua companhia.
Após a sua morte, a rainha foi canonizada como Santa Isabel de Portugal.
Assim, surgiu a tradição da Festa do Divino, com a sua Corte Imperial, seus costumes, seus paramentos, seu colorido peculiar, sua alegria ligada à devoção.
Durante seu o reinado, D. Pedro I instituiu as festividades do Divino, regadas à fartos banquetes para todos.
Nas caravelas vindas do Velho Mundo, os viajantes traziam o Baú do Divino, com todas as insígnias que os grandes navegadores portugueses necessitavam para festejarem o Glorioso Divino Espírito Santo.
Desde o século XIV, a festa do Divino integra o calendário cultural e religioso dos portugueses, que para o Brasil trouxeram essa tradição no período colonial.
Em Búzios, o Divino é honrado e festejado à beira do mar ao som da viola e ao pé da colina, onde foi erguida a histórica Capela de Sant’Anna, em 1740.
Fotos: Paulo Rodrigues