Carioca da semana – Marcello Cavalcanti

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Marcello Cavalcanti - Reprodução Facebook

Designer gráfico formado pela PUC, Marcello Cavalcanti é um fotografo de grandes trabalhos. Embora sua carreira profissional ainda não seja tão extensa, Marcello já tem muitos feitos dignos de orgulho. Alguns deles serão contados nessa edição do Carioca da Semana.

Apesar de ter começado a trabalhar definitivamente com fotografia há mais ou menos uma década, o amor por essa profissão é antigo na vida de Marcelo.

Me interesso por essa área desde criança, quando ganhei uma câmera de filme da Kodak, quase um brinquedinho, em uma gincana estudantil. Sempre gostei. Anos depois, ao cursar Desenho Industrial na PUC, e frequentar as cadeiras de fotografia, percebi que tinha em mãos uma excelente ferramenta para exercitar a minha criatividade. A partir daí comecei a investir de verdade, comprando câmeras e lentes, pouco a pouco, fazendo cursos, tudo paralelo à formação em design gráfico. De 2005 para cá comecei a realmente vender fotografias, primeiramente de esportes, e depois fui entrando no mercado de fine-art” relata o fotógrafo de 35 anos.

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Muitas histórias pessoais e profissionais são marcadas por “pontos de virada”, como em filmes de cinema ou séries de TV. Marcelo revela qual foi seu divisor de águas: “Minha vida profissional pode ser dividida em ‘Antes de Barcelona’ e ‘Depois de Barcelona’. Fui para conhecer o mercado de design gráfico da Europa em geral, e me estabeleci em Barcelona por um ano, de 2008 a 2009. Lá montei uma empresa de design e prestava serviços para agencias de publicidade. A vida era muito menos acelerada do que no Brasil, então eu tinha um tempo livre incrível para sair pela rua e fotografar o novo, o belo, o estranho, tudo era diferente para mim. Usei esse tempo para praticar muito a minha fotografia de rua. Um dia conheci um cara que estava organizando uma exposição de fotografias só de estrangeiros na Catalunha, e me convidou para expor umas fotos de skate que eu tinha feito no Rio, na Vista Chinesa. Foi a minha primeira exposição, ali eu percebi que além de designer, poderia seguir paralelamente o caminho da fotografia, sem as duas áreas estarem tão relacionadas”.

Augusto-Malta

Atualmente, Marcello Cavalcanti está com uma exposição que tem como foco traçar um comparativo entre o Rio de Janeiro do passado e a cidade atualmente . A inspiração para essa mostra veio da admiração por um histórico fotógrafo, Augusto Malta:

Eu acho que esse projeto sempre viveu dentro de mim, e um dia tudo fez sentido. Sou fã de Augusto Malta há muitos, muitos anos, e sempre que passava por algum lugar no Rio onde eu já tinha visto uma foto dele, antiga, ficava imaginando aquela época. Há uns três anos atrás eu subi a trilha do Morro Dois Irmãos pela primeira vez, para clicar o Rio lá do alto. Era uma trilha ainda muito nova, o Vidigal tinha sido pacificado há poucas semanas, então quase ninguém subia ainda. Fiz umas fotos incríveis lá de cima, de tirar o fôlego, e depois fui dar uma pesquisada online sobre essa trilha. Aí dei de cara com uma foto de Augusto Malta, do mesmo ponto, em 1900! Quase caí pra trás de emoção. Ali deu o ‘clique’ na minha cabeça, que eu deveria fazer esse projeto, mesclando as imagens de ontem e de hoje. Comecei a fazer as imagens em 2013, no ano seguinte fiz mais algumas, e no final de 2014 comecei a postar na conta @augustomaltarevival. A conta quase não tinha seguidores no começo, só alguns amigos. Umas semanas depois me ligaram do G1/Globo.com para fazer uma matéria sobre o assunto, que sairia em 2015, nas comemorações do Rio-450. Fiz a entrevista, e, em dezembro, viajei para passar o ano novo fotografando os desertos Altiplánicos da Bolívia e Chile (Salar de Uyuni e Atacama). A matéria do G1 foi ao ar nos primeiros dias de janeiro de 2015, (eu achei que só sairia em meados de março) e eu estava totalmente isolado nos desertos, sem comunicação. Quando chequei o meu e-mail alguns dias depois, tinham dezenas de mensagens sobre o assunto, e o Instagram tinha saltado para 700 seguidores, achei até que tinham hackeado a conta! A partir daí o projeto se popularizou e chegou onde estamos, com uma exposição bem legal no Centro Cultural Light” diz.

Essa exposição ainda rende ideias na cabeça de Marcello. E ele já tem outros projetos em mente.

AMR-Lapa2

Para este projeto específico, gostaria muito de fazer um livro, seria um legado bacana, quem sabe no futuro alguém poderia pegar as minhas montagens e “colar” uma terceira versão do Rio no futuro. Seria demais. Já tenho quase 100 colagens prontas, pretendo fazer mais algumas até o ano que vem e propor este livro. Fora isso, eu tenho dezenas de projetos fotográficos em andamento, eles vão se revezando na ordem de prioridade, continuo tocando os meus ‘Fotofragmentos’ que são colagens fotográficas de grandes dimensões (até 500 fotos por colagem), tenho uma empresa de venda de fotos para decoração, a Gavea Imagens, ainda quero explorar mais a ideia da memória do Rio em outros suportes além da fotografia, como a ilustração por exemplo. Enfim ideias realmente não faltam, o que falta é tempo para executar todas” afirma Marcello.

A exposição “Augusto Malta Revival – O olhar documental de Augusto Malta, pelas lentes de Marcello Cavalcanti”, teve como inspiração Augusto Malta. No entanto, Marcello tem outras referências profissionais:

A fotografia tem centenas de vertentes. Vou responder pelos brasileiros, que são reconhecidos internacionalmente pela criatividade e espontaneidade. No fotojornalismo, sem dúvida Custódio Coimbra e Evandro Teixeira. Em fotografia de natureza, Luciano Candisani é o cara, coleciona matérias na National Geographic Mundial. Em esportes, vou citar dois amigos que são muito, muito bons: Pedro Cury e Andre Magarao. O Pedro com fotos de mountain bike, e o Andre, de esportes radicais em geral. O Flavio Samelo, de São Paulo, também é fera, pura poesia. Fotografia panorâmica/paisagem, não tem como não citar Marc Ferrez, suas fotos são assombrosas de lindas, e eu estou falando de fotos de 1870/1880! Gosto muito também do trabalho do Renan Cepeda, a série de Light Painting dos castelos espanhóis e do sertão brasileiro é surreal. Já Augusto Malta e Sebastião Salgado não são ídolos, são referências mesmo. Agora, o Instagram é muito legal para conhecer trabalhos novos, tem muita gente boa por ai!” contou.

Que a criatividade e as boas referências de Marcello Cavalcanti continuem nos brindando com grandes trabalhos.

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