Dois movimentos culturais que arrastam multidões no Brasil e fazem parte do cotidiano de boa parte dos cariocas têm muito mais em comum do que nós podemos imaginar. Carnaval e futebol sempre moveram paixões por onde passaram. Escolas de Samba já retrataram muitas vezes o esporte mais popular do mundo, enquanto os boleiros não perdem uma oportunidade de aproveitar a folia na Avenida.
Enredos
Centenários de Clubes cariocas foram temas recorrentes na Marquês de Sapucaí, porém, não renderam títulos para escolas de samba. O do Flamengo, em 95, tema do samba “Uma vez Flamengo…”, deixou a Estácio de Sá apenas em sétimo lugar no carnaval carioca.
O do Fluminense, em 2003 (homenagem com um ano de atraso. O tricolor carioca fez 100 anos em 2002), levou a Acadêmicos da Rocinha somente ao décimo lugar no grupo de acesso (segunda divisão) do carnaval do Rio de Janeiro. O enredo era “Nas asas da realização entre glórias e tradições. A Rocinha faz a festa dos 100 anos de um clube campeão. Sou Tricolor de Coração!”.
Pior ainda foi para a Unidos da Tijuca que homenageou o Vasco em 1998 e acabou rebaixada para a divisão de acesso com o enredo “De Gama a Vasco, a Epopéia da Tijuca”, o belo samba enredo, porém, foi um dos poucos sobre futebol que sobreviveu ao tempo e até hoje é cantando pela torcida vascaína em jogos do time.
Ainda no Rio, a Unidos da Ponte também não se deu bem com um samba-enredo sobre o centenário do América em 2004. Com o samba-enredo “Hei de torcer, torcer, torcer… América, 100 anos de paixão”, ficou apenas em quinto na terceira divisão do carnaval carioca. Já a Unidos de Padre Miguel, que homenageou o centenário do Bangu em 2004 (“Bangu, glórias em séculos de histórias”), foi vice-campeã da sexta divisão do carnaval do Rio de Janeiro.
Jogadores históricos
Saindo do assunto “centenário de clubes” e partindo para o tema jogadores históricos. Em 2002, Nilton Santos, bicampeão mundial e ídolo eterno do Botafogo, foi tema de samba da Vila Isabel na segunda divisão do carnaval carioca (“O glorioso Nilton Santos… Sua bola, sua vida, nossa Vila”).
O lateral Rildo (ex-Santos, Botafogo e Seleção) foi homenageado em 2005 pela Unidos do Uraiti, do Rio de Janeiro, com o samba “Rildo Menezes, um amigo do rei do país do futebol para o mundo”. A escola foi campeã da sexta divisão.
Ronaldo Fenômeno foi tema do enredo da Tradição, aquela mesma que homenageou Silvio Santos, no ano de 2003. O enredo ” O Brasil É Penta, R É 9 – O Fenômeno Iluminado” também homenageava a conquista do penta e de outras copas do mundo. Ronaldo, porém não deu sorte para a escola de Campinho e o enredo terminou em décimo terceiro lugar. Atualmente, a Tradição está na terceirona do carnaval carioca.
Presenças ilustres na avenida
Ídolos de Flamengo e Vasco, repetitivamente, Júnior e Roberto Dinamite costumam desfilar não apenas nas escolas pelas que torcem, mas em oito, dez agremiações. Maior jogador da história do rubro-negro carioca, Zico, torcedor fanático da Beija-Flor, todos os anos compra um camarote para acompanhar o evento.
Doutor Sócrates (1986)
Embora não tenha uma relação tão forte com o futebol carioca (pelo menos não como os citados anteriormente), Sócrates tem uma história curiosa com o Carnaval. Em 1986, ele (que na época jogava pelo Flamengo) foi jurado do quesito bateria. Tirou pontos da Portela e da Mocidade e virou persona non grata.
Em 2010, o Doutor apareceu de surpresa no Setor 1 ao lado de Junior e de seu irmão Raí na hora do desfile da Mangueira. Animadíssimo, ele sambava ao lado de Junior e de Raí, cantando o refrão, ‘Chegou a Mangueira Chegou’, muito feliz com a sua ‘estreia’. Foi também a última aparição na Avenida. O Doutor morreu em 2011.
Ronaldinho agita geral (2011)
Durante o desfile da Portela em 2011, Ronaldinho Gaúcho, que tinha recém-acertado contrato com o Flamengo e foi convidado para desfilar com a roupa da diretoria. A confusão com fotógrafos e repórteres foi tão grande na concentração que a Liesa pediu ao craque para ele seguir bem à frente da escola, ou ela teria a sua apresentação prejudicada.
Um dos maiores jogadores de todos os tempos caiu no samba
Falecido em novembro do ano passado, o maior ídolo do futebol da Argentina, Diego Maradona, foi um dos destaques do Sambódromo da Marquês de Sapucaí no carnaval carioca duas vezes.
Maradona esteve no Rio em 1998 e depois em 2006, onde se vestiu de gari e equilibrou um copo de cerveja na cabeça.
No Rio de Janeiro, a dupla Carnaval e futebol sempre fizeram boas tabelas.