Carnaval: entenda como infecções sexualmente transmissíveis podem aumentar o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer

Durante a folia, cresce o número de encontros casuais e, segundo especialista, o uso de preservativo é fundamental para evitar ISTs que podem levar a neoplasias

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No calendário deste ano, o Carnaval será celebrado no começo de março mas, para os cariocas, a folia já está nas ruas. Neste contexto, especialistas reforçam o alerta para o uso de preservativos. Essa medida é fundamental, pois evita infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HPV e HIV/aids, que podem aumentar o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, entre eles o de colo de útero e fígado. 

Em entrevista, a oncologista clínica Elisa Bouret, da Oncoclínicas Rio de Janeiro, explica que, em períodos festivos, o número de encontros casuais tende a aumentar, e homens e mulheres não podem se descuidar. Além disso, se houver exposição a algum tipo de vírus, é necessário fazer exames para evitar complicações à saúde. Saiba mais, a seguir:

Quais são as infecções mais perigosas e que podem levar ao desenvolvimento de câncer?

EB: As mais conhecidas por aumentar o risco são papilomavírus humano (HPV), associado a tumores de colo de útero, canal anal, pênis e orofaringe; o vírus da hepatite B e C, relacionados à neoplasia de fígado; e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) que, devido à imunossupressão, aumenta o risco de linfomas, sarcoma de Kaposi e cânceres associados a outras infecções.

Como as ISTs, como o HPV, podem levar ao câncer?

EB: Certos tipos de HPV, como o 16 e 18, podem causar alterações no DNA das células, levando a mutações que alteram o ciclo celular normal, promovendo o crescimento descontrolado das células e, eventualmente, resultando no desenvolvimento de tumores.

Quais são os sinais precoces de câncer causados por ISTs?

EB: Costumam variar, mas podem incluir lesões ou feridas persistentes nas regiões genital, anal ou orofaríngea; sangramentos ou corrimentos incomuns; dores pélvicas crônicas; alterações na cor ou na textura da pele na área afetada e aparecimento de verrugas genitais que não saram.

É possível evitar o câncer relacionado a ISTs com vacinas, como a imunização contra o HPV?

EB: Sim, a vacinação contra o HPV é uma medida eficaz para prevenir infecções pelos tipos de papilomavírus humano de alto risco, reduzindo significativamente a incidência de câncer de colo de útero e outros tipos de tumores associados ao vírus. Outras doses, como a da hepatite B, também ajudam a prevenir o desenvolvimento da doença no fígado, por exemplo.

Qual é a importância de exames regulares para detectar alterações precoces associadas a ISTs e que podem evoluir para câncer?

EB: Exames regulares, como o preventivo e testes de HPV, ajudam a identificar alterações celulares precoces, antes que elas progridam para câncer. Essa medida leva a tratamentos menos invasivos, melhora as chances de cura e evita complicações graves.

Para quem é diagnosticado com uma IST, qual é o impacto potencial no surgimento de câncer a longo prazo?

EB: O impacto pode variar. Infecções por HPV de alto risco, quando não tratadas, podem levar a câncer cervical ou a outros tipos da doença ao longo do tempo. Da mesma forma, as hepatites B e C crônicas aumentam a chance de neoplasia de fígado. Em geral, quanto mais cedo a IST for tratada e monitorada, menor a possibilidade de complicações a longo prazo.

A presença de uma IST pode agravar outros fatores que levam ao câncer?

EB: Sim. Em indivíduos com HPV, o tabagismo  aumenta ainda mais a chance de desenvolver câncer de colo de útero  ou orofaríngeo. Da mesma forma, a coinfecção com HIV pode acelerar a progressão de outras infecções virais associadas a tumores, devido à imunossupressão.

O tratamento adequado pode reduzir a possibilidade de câncer?

EB: Sim, tratar uma infecção pelo HPV, por exemplo, removendo lesões pré-cancerosas detectadas em exames, pode prevenir a progressão para câncer invasivo. Controlar a hepatite B ou C também diminui o risco de tumor de fígado. O tratamento precoce e adequado interrompe o ciclo de alterações celulares que levam a neoplasias.

A infecção por HIV aumenta a chance de desenvolvimento de câncer? Quais tipos da doença estão mais associados a esse vírus?

EB: Sim, o HIV está associado a vários tipos de câncer, especialmente aos relacionados à imunossupressão. Os mais comuns são, sarcoma de Kaposi, linfomas não-Hodgkin, câncer de colo de útero invasivo e alguns tumores anais e orofaríngeos. Isso ocorre porque o sistema imunológico enfraquecido têm mais dificuldade para combater  infecções e controlar a proliferação de células anormais.

Como é possível proteger o sistema imune para poder ficar protegido das ISTs?

EB: Como são infecções sexualmente transmissíveis, independentemente de uma boa saúde imunológica, o risco se dá por relações desprotegidas. Mas manter hábitos saudáveis é sempre necessário. Isso inclui alimentar-se de forma balanceada, com frutas, vegetais e ingredientes ricos em vitaminas e minerais; praticar atividade física regularmente; dormir o suficiente; evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco e, ainda, gerenciar o estresse crônico, já que isso pode enfraquecer o sistema imunológico.

Existem tratamentos preventivos ou monitoramentos específicos para quem tem infecções sexualmente transmissíveis que podem evoluir para câncer?

EB: Sim. Além da vacinação contra HPV e hepatite B, existem programas de rastreamento regulares, como exame papanicolau e colposcopia para mulheres com HPV. Para indivíduos com HIV, o uso da terapia antirretroviral (TARV) ajuda a controlar a infecção, reduzindo o risco de câncer associado. Monitorar e tratar infecções crônicas precocemente é essencial para prevenir a progressão para câncer.

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Renata Granchi
Renata Granchi é jornalista e publicitária com mestrado em psicologia. Passou pela TV Manchete, TV Globo, Record TV, TV Escola e Jornal do Brasil. Escreveu dois livros didáticos e atualmente é diretora do Diário do Rio. Em paralelo, presta consultoria em comunicação e marketing para empresas do trade.

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